Primeiro veio a confirmação da FIA de uma investigação em curso, depois a convocação para a Renault comparecer ante o Conselho Mundial, no dia 21.
O mais novo capítulo do suposto acidente proposital sofrido por Nelsinho Piquet no GP de Cingapura de 2008 para beneficiar seu companheiro, Fernando Alonso, veio à tona ontem, no paddock de Monza, circuito que recebe a partir de hoje os treinos livres da 13ª etapa do Mundial de F-1.
Uma cópia do depoimento prestado pelo brasileiro a representantes da FIA (entidade máxima do automobilismo) no último dia 30, no qual ele relata detalhes de como sua batida teria sido planejada naquele final de semana, tornou-se pública.
O documento traz os principais trechos da versão dada por Nelsinho para o ocorrido em Cingapura a Alan Donnelly, chefe dos comissários da FIA, Martin Smith e Jacob Marsh, membros da empresa Quest, que conduz a investigação.
Segundo as declarações, o piloto, demitido pela Renault em julho, diz ter consciência da gravidade das consequências do ato, mas diz que fez isso pois é seu dever como participante do Mundial e portador da superlicença garantir a legitimidade e a justiça do campeonato.
"Fui solicitado pelo Flavio Briatore, meu manager e chefe da Renault, e por Pat Symonds, diretor técnico da equipe, para deliberadamente causar um acidente para influenciar de maneira positiva a performance da Renault", relatou Nelsinho, que estreou na equipe em 2008. "Eu concordei com essa proposta e fiz meu carro bater no muro na volta 13 ou 14."
Nas declarações, o piloto de 24 anos também explica que, após a reunião com Briatore e Symonds, o diretor técnico do time o chamou num canto para dar mais instruções. "Ele me mostrou o local exato em que eu deveria bater. Essa curva foi escolhida porque não havia nenhum guindaste que pudesse tirar um carro batido rapidamente da pista", declarou.
"Eu intencionalmente causei a batida ao deixar o carro escapar um pouco antes daquela curva. Para ter certeza de que o acidente ocorreria na volta certa, eu perguntei várias vezes no rádio em que volta estava."
Procurado pela reportagem para atestar a veracidade das declarações, Nelsinho, que está em Miami para assistir a uma etapa da Nascar, disse que desconhecia o documento. "Não sei exatamente o que falaram, então não posso confirmar."
A reportagem também tentou entrar em contato com o pai do piloto, Nelson, mas seu assessor de imprensa não ligou de volta. De acordo com a revista "Austosport", o tricampeão foi o delator da armação da Renault por estar inconformado com a demissão do filho.
Consultada, a FIA não confirmou se o depoimento era de fato de Nelsinho. A investigação já dura mais de um mês e, além do brasileiro, Alonso, Briatore, Symonds e outros funcionários da Renault foram ouvidos. A equipe diz que só comentará o assunto após se pronunciar ao Conselho Mundial.
fonte:TATIANA CUNHA
da Folha de S.Paulo, na Itália
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