O padre José Eduardo de Oliveira e Silva, indiciado por participar de
um suposto plano para decretar um golpe de Estado no Brasil, publicou
uma nota nas redes sociais se defendendo da acusação. Segundo a
declaração, ele “sequer tem conhecimento técnico para elaborar qualquer
documento jurídico”. Por isso, não seria capaz de tentar destituir o
governo eleito.
O
religioso é uma das 37 pessoas indiciadas pela Polícia Federal (PF) no
inquérito do golpe. Além dele, mais dois sacerdotes católicos são
citados no relatório final da PF sobre a investigação.
A corporação concluiu que José Eduardo de Oliveira e Silva teria
criado e disseminado uma “oração do golpe”, conforme mostra o relatório
que veio à tona nessa terça-feira (26/11), após decisão do ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de quebrar o sigilo
do documento.
Participação na tentativa de golpe
Segundo a PF, após o término das eleições presidenciais, o padre
enviou uma mensagem a um contato identificado como “Frei Gilson”, com um
pedido para que todos os brasileiros, católicos e evangélicos incluam
em suas orações os nomes do ministro da Defesa e de outros dezesseis
Generais 4 estrelas.
“Pedindo para que Deus lhes dê a coragem de salvar o Brasil, lhes
ajude a vencer a covardia e os estimule a agir com consciência histórica
e não apenas como funcionários públicos de farda (…)”, frisa a
mensagem.
Na conclusão da PF, a mensagem demonstra que o padre, “logo após a
derrota de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais, já disseminava a
ideia de um golpe de Estado apoiado pelas Forças Armadas, para manter o
então presidente no poder e impedir a posse do governo eleito”.
Ainda segundo a PF, José Eduardo de Oliveira e Silva participou de
reunião em 2022 para tratar de plano golpista. Em fevereiro deste ano,
ele foi alvo de operação deflagrada para cumprir mandados de busca e
apreensão.
Na decisão que autorizou a operação de busca e apreensão, o ministro
Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que o
clérigo integrava o “núcleo jurídico” do suposto grupo golpista.
Atualmente, o pároco está proibido de manter contato com os demais investigados e de deixar o país.
Padre se defende nas redes
Em nota publicada em seu perfil no Instagram, e assinada por seu
advogado, Miguel Vidigal, o religioso agradeceu o apoio e carinho que
vem recebendo após o indiciamento. Ele chama o momento de “injustiça” e
afirma que viaja o Brasil há muitos anos atendendo pessoas
espiritualmente.
Desde 2013, segundo a nota, o padre frequenta Brasília, “não só em
atendimentos espirituais, mas também em defesa da vida, lutando contra o
crime do aborto, como fica claro no próprio relatório policial”.
A defesa alega que não consta no relatório da PF qualquer prova de
que o sacerdote tenha se mobilizado para assessorar qualquer documento
que visasse um golpe de Estado. “Ele sequer tem conhecimento técnico
para elaborar qualquer documento jurídico”, diz a nota.
Sobre a “oração do golpe”, o advogado responsável pela declaração diz
que o pedido de orações “é um pleito no meio de inúmeros que ele fez,
faz e fará ao longo da vida”. “Não há qualquer sugestão de golpe na
mensagem e sequer há um texto de oração”.
Metrópoles