segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Irmãos e poetas "Macedo" - um brado em coro da nossa gente, dos nossos anseios e de nossa cultura.

Árvores de Natal ponteadas em rítimo de desertificação

Como responsável e titular do Blog fiquei ausente e sem assiduidade nas postagens por vários dias. Aos quinhentos leitores em média que atualmente acessam diariamente o (redacaocajarana.blogspot.com) deveria dar alguma explicação. Convincentes argumentos poderiam justificar tal sumiço. Não os tenho. Assim como me proponho a escrever, externar meus pontos de vista, sinto um desejo imenso de ler, conhecer e pesquisar, e foi o que fiz nesses dias de festas. Fiquei longe das comemorações, reuniões e do comércio. Espiei novos sites, muita coisa boa outras não, sem compromissos, o tempo ficou uma eternidade ao nada a fazer. Enfim a noite de Natal, um jantar simples em família. Em nada me motiva comemorar datas citando sentimentos coletivo com tanta desigualdade social. Relatório da ONU (Pnud), divulgado em julho, aponta o Brasil como o terceiro pior índice de desigualdade no mundo. Quanto à distância entre pobres e ricos, nosso país empata com o Equador e só fica atrás de Bolívia, Haiti, Madagáscar, Camarões, Tailândia e África do Sul. Assim sendo:
Salvo os Poetas.

Os irmãos poetas F. Neves Macedo e Ademar Macedo por ocasião  da Festa de Santana - Julho/2010

Nas pesquisas descobri porque o escritor e poeta, Chico Macedo, agora assinando em seus sonetos e livros: Macedo, Francisco Neves colocou em seu e-mail a palavra vate: (vatemacedo@yahoo.com.br) , uma alusão a quem declama a trova, a poesia. Agora o santanense Macêdo divide com seu irmão não menos famoso, El trovador da sierra madre Cajarana - Ademar Macedo, citações e reconhecimento pela seleta classe dos poetas del mundo. Vejam no site www.avspe.eti.br/sonetos/FranciscoNevesMacedo.htm os sonetos de um dos ícones da poesia norteriograndense, sensibilidade e talento extravasado em autênticos sentimentos do escritor, pensador e poeta. No soneto “Seus Olhos”, revivi a minha primeira paixão:

- Seus Olhos

Nos seus olhos bebi, taça divina...
Você via nos meus a luz do amor,
tão dentro deles que não vi a cor,
num rosto de mulher, riso menina!

A cor? - Que importa ! se o brilho fascina,
me cega, envolve no seu resplendor.
Sua imagem, o olhar, segue onde for,
leva bem dentro de sua retina.

Verdes, negros, azuis, talvez, castanhos,
claros, escuros, neles eu me banho...
O tamanho? - Não sei; ...maior que o mar!...

Emergindo do mar vi teu sorriso,
eu chegara, pensei: - Ao paraíso.
... e ele tem tudo a ver com teu olhar!

Autor: Macedo, Francisco Neves
Santana do Matos/RN

Além dos Sonetos, em traços poéticos outro poema de Macedo. Lembrando a infância, talvez pros lado de Bom Jesus no pé da serra cajarana em Santana do Matos, inspirado fala do sertanejo, sua origem inesquecível que tanto cita em sua eclética poesia.

Os sertanejos

Vejo, hoje, os rastros dos seus pés, cansados,
que ficaram no chão do seu viver,
muito plantaste e o mínimo a colher,
pelas vazantes, pelos teus roçados!
Hoje, sozinhos, filhos dispersados,
e, cada ausência, como que a dizer:
Em cada filho está seu próprio ser
que de si mesmo são perpetuados.
Trôpegos, sob um feixe de capim,
curta é a distancia do seu próprio fim,
é a lenda viva deste meu sertão.
Vendo o seu vulto que se distancia,
dessas pegadas faço a poesia,
para externar a minha gratidão...

Autor: Macedo, Francisco Neves
Santana do Matos/RN

A Trova Origem e estrutura
A trova antigamente era qualquer poema ou canção, chamando-se trovador o poeta ou vate, aquele que declamava a trova. Hoje a forma fixa é Trova, um poema autônomo de quatro versos em redondilha maior. Ele é monostrófico (contém uma estrofe apenas) com versos heptassílabos (redondilha maior), sem título, que se completa em seu quarteto de versos. Como exemplo temos a trova do poeta Pedro Ornellas:

A situação tá tão feia,
minha grana tão escassa,
que o vizinho churrasqueia
e eu passo o pão na fumaça.

Autor: Pedro Ornellas

A trova também é chamada de "quadra" ou "quadrinha", mas esta sinonímia não é perfeita, uma vez que as regras rígidas da trova não se fazem necessariamente na quadra. Entre os atuais cultores desta forma de poesia, é preferível o termo "trova" como designativo.

Há a necessidade de se diferenciar a trova da quadra que compõe um poema maior, vez que a trova se completa em si, sem aceitar mais nenhuma estrofe.

O esquema rímico da trova é de rimas alternadas (ABAB) ou cruzadas (ABBA). Ou seja a primeira frase rima com a terceira e a segunda com a quarta e/ou primeira com a quarta e segunda com a terceira, no segundo exemplo.

Ademar Macedo – O Trovador da Sierra Madre Cajarana

Ademar, o poeta, o trovador. Uniu a garra, o talento, a voz, a veia poética, enfrentou as adversidades da vida. Ao ser mutilado de um membro inferior em pleno exercício do dever militar no Corpo de Fuzileiros Navais, não se abateu, caminhou mais firme, determinado abraçando a poesia. Em 2009 outro momento difícil vivido pelo poeta no Hospital das Forças Armadas em Brasília, convalescendo de uma cirurgia. Quando os telefonemas de todo o Brasil começaram a chegar procurando saber o estado de saude do poeta, o mais prático e funcional foi instalar um ramal ao lado do seu leito, assim preferiu à administração do HFA por interferência de um afeiçoado Doutor/poeta nas horas de folga. Foi o grande elixir, a recuperação foi rápida, o fato serviu também de inspiração ao poeta para novas trovas e poemas.
Ademar Macedo em página dupla faz a história da poesia santanense
Eu, que tanto corri na meninice,
Uso agora as muletas para andar,
Mas chegarei ao podium da velhice
Caminhando assim mesmo devagar,
Pois deus ajuda a quem não se maldiz
E eu, sem medo nenhum de ser feliz,
Vou seguindo as estradas dessa vida
E não importa o troféu de campeão.
Digo a todos vocês de coração:
Eu já sou campeão nessa corrida.
Autor: Ademar Macedo


Perdido, pois, nas rotinas,
nos ecos do meu clamor,
eu ouvi entre as ruínas
os gritos da minha dor...
Autor: Ademar Macedo

Na vida que eu desempenho,
minha fé é o meu suporte.
Quem tem um Deus como eu tenho,
Não teme os braços da morte!
Autor: Ademar Macedo
Santana do Matos/RN

A sonhar eu me proponho,
pois descobri, sobretudo,
que aquele que tem um sonho,
já tem metade de tudo!
Autor: Ademar Macedo
Santana do Matos/RM

Mesmo pequeno e roliço,
No mundo, ninguém calcula;
Quem foi que deu um sumiço
No dedo da mão de lula.
Autor: Ademar Macedo
Santana do Matos/RN

Na transposição mais nobre,
Podemos, sem qualquer risco,
Matar a sede do pobre
Com as águas do são Francisco.
Autor: Ademar Macedo

Após causar desencantos
e nos fazer peregrinos,
a seca faz chover prantos
nos olhos dos nordestinos!
Autor: Ademar Macedo

"UM GALOPE A BEIRA MAR"

Fazendo galope versejo ligeiro
saindo da mente meu verso se evola
a rima e a métrica ligeiro decola
qual faz na peleja o bom violeiro,
no repente escrito eu serei o primeiro,
minha fonte não pára e segue a jorrar,
fabrico o meu verso e me ponho a cantar
os meus sofrimentos e meus dissabores,
sem ter a viola como os cantadores
eu canto meus versos na beira do mar!
Autor: Ademar Macedo

Foi só uma amostra dos poetas irmãos “Macedo” - um orgulho contido no sentimento pátrio de todos os santanenses. Seus pensamentos expressos através da poesia é um brado em coro da nossa gente, dos nossos anseios e de nossa cultura. 
Fonte: redacaocajarana.blogspot.com

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