Isabelle Ferret - repórter
O
lugar: Hospital Infantil Varela Santiago. O público: crianças em
tratamento no setor de onco-hematologia. Em um espaço diferente daquele
vivenciado pela bailarina Marcela Costa Silva, o espetáculo acontece.
Marcela, de 18 anos, uma menina de Recife, capital de Pernambuco, entrou
para o circo há mais de um ano, e este momento, em especial, foi de
muita emoção. Ela chora ao falar, mas tenta se esconder do olhar das
crianças. Marcela não deixa que elas a vejam emocionada. “Não gosto que
me vejam chorar. Prefiro disfarçar”, diz a bailarina que não segurou as
lágrimas.
alvez ela não saiba da real dimensão do seu trabalho na manhã de ontem,
ao lado de mais dezenove integrantes do Le Cirque, circo francês dentro
do hospital Varela Santiago. Os pequenos pacientes que precisam de
tratamento para patologias gerais e doenças infecto-contagiosas no
Varela, puderam ter, na manhã desta quarta-feira (21), uma pausa
divertida e acalentadora no doloroso tratamento. O espetáculo encantou o
pequeno público.
O Le Cirque realiza estas ações desde o ano
passado em capitais brasileiras. A primeira vez que eles levaram o circo
adaptado a algum hospital foi em Recife. As apresentações também
aconteceram em João Pessoa e Fortaleza. O espanhol Bryan Stevanovich, um
dos administradores da quinta geração da família Stevanovich, falou
sobre iniciativa que surgiu quando o circo estava em Recife. Ele disse
que quando passou em frente ao hospital, sentiu que deveria entrar.
“Quando
entrei lá, vi a dificuldade do local. Conversei com os diretores e eles
aceitaram que fizéssemos uma apresentação. Agora, iremos realizar o
evento em todas as capitais que o circo passar, assim como aqui”, disse o
administrador que se apresentou nos outros eventos.
Em relação a
preparação que o circo faz para realizar estes momentos, Bryan relata
que todos ficam nervosos, pois é algo diferente. “Os vinte artistas que
estão aqui adaptam o espetáculo e principalmente, comparecem com muito
amor. É bom para nós, e para as crianças é melhor ainda”, afirma o
artista.
O espetáculo aconteceu no “Casarão Azul”, mais
conhecido como “Ambulatório”. Ao longo do show dado pelos artistas
circenses no espaço que lembra um circo ou até mesmo os famosos teatros
de arena em formato circular, Kauan Lima, de 7 anos, riu todo o tempo.
“É bom, estou gostando”, comenta timidamente o menino que está internado
há cinco dias, pela segunda vez, na Ala da Esperança, local que trata
de infectologia.
O olhar e o sorriso largo de Kauan dizem bem o
que sente. A mãe dele, Vanessa Silva, diz que também está adorando, pois
segundo ela, as crianças ficam o tempo todo em locais fechados.
Francisco Reges, administrador da instituição reforça a importância
desses eventos para as crianças e seus familiares. “Elas passam pela
tensão no tratamento e, dessa maneira, se distanciam da angústia”, disse
ele.
No final do espetáculo, depois de muita pipoca, algodão
doce, malabarismos, balé, palhaçadas, momentos estes intercalados por
sorrisos soltos e despretensiosos em um picadeiro rodeado de
consultórios médicos, o Le Cirque se despediu das crianças.
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