Na manhã desta quarta-feira (03), Matheus foi surpreendentemente demitido da emissora
Em 10 de dezembro de 2014, os jornalistas do Rio Grande do Norte
viveram um dia triste, mas histórico: todos foram trabalhar de preto
devido aos baixos salários que a categoria recebe no estado.
Conhecido como “quarta negra”, todos os apresentadores e repórteres
de todas as emissoras de RN se colocaram de “luto” pela não valorização
da profissão. O estado nordestino tem o pior piso salarial de
jornalistas para o Brasil: cerca de R$ 1.225,80. O Sindicato dos
Jornalistas do estado defende um aumento de quase mil reais (R$
2.172,00) e também uma melhora nos benefícios, como vale-alimentação,
auxílio-creche, licença-maternidade de seis meses e vale-cultura. Porém,
os patrões negaram e ofereceram apenas um pequeno aumento salarial de
6%, que iria fazer o salário ir para cerca de R$ 1.414,00.
Um dos jornalistas que mais reclamaram da situação foi o âncora do
“RNTV – 1ª edição”, da InterTV Cabugi, afiliada da Globo, Matheus
Magalhães. Um acordo foi conseguido na época e a greve não chegou a ser
deflagrada. Mas ao que consta, as rusgas ficaram.
Na manhã desta quarta-feira (03), Matheus foi surpreendentemente
demitido da emissora. A informação foi confirmada pelo mesmo, em sua
página no Facebook. O fato foi tão surpreendente, que nesta terça (02) a
volta do âncora jornal, depois do seu mês de férias, foi anunciada pelo
seu substituto, Marksuel Figueiredo. Segundo apurou o NaTelinha, com
fontes dentro da própria InterTV Cabugi, o motivo foi claro: Matheus foi
demitido por ter reclamado demais na época da “quarta negra” e a
retaliação aconteceu agora, de forma tardia.
Na sua página na rede social, o jornalista desabafou: “Bom dia,
gente! Tem alguém aí esperando o pretinho aqui aparecer na televisão? Me
perdoem mas hoje não vai dar. Fui demitido da InterTV Cabugi. Imagino o
que foi, mas disseram que não foi o que eu imagino. Entendeu? Eu também
não. Mas relaxa. Tô triste, mas tô bem. As lágrimas são porque é
difícil deixar de fazer (temporariamente) aquilo que a gente gosta e
mais difícil ainda se despedir de uma família. Em quase três anos lá,
ganhei muito mais que amigos. E agradeço a cada um deles pela parceria e
pelos ensinamentos diários. Que Deus proteja vocês! Saio pela porta da
frente, de cabeça erguida, com a certeza que dei o meu melhor. Fui
honesto com tudo e todos, do jeito que meus pais me ensinaram. Agora é
hora de aproveitar meus 25 anos pra estudar e crescer, voar mais alto”.
Vale ressaltar que este é o terceiro grande nome que sai da InterTV
Cabugi por conta de rusgas pela questão do que aconteceu em dezembro do
ano passado.
A jornalista Margot Ferreira, âncora mais antiga e respeitada do
estado, chateada com a forma como as negociações ocorreram, saiu do
canal e aceitou uma proposta da sua maior concorrente, a TV Ponta
Negra/SBT. Depois, a repórter Larisse de Souza também deixou a InterTV
por conta dos ideais que tinha pelo baixo salário.
Procurado pela nossa reportagem para comentar o assunto, Matheus
ainda não respondeu aos contatos. A InterTV Cabugi, também procurada,
chegou a atender um de nossos telefonemas, mas ao descobrir o assunto,
desligou a linha e não atendeu mais.
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