O mecânico Leonid El Kadre de Melo, último foragido da “Operação
Hashtag” preso neste domingo (24) em Comodoro, a 656 km de Cuiabá, em
Mato Grosso, deve ser levado para o presídio federal de Campo Grande, em
Mato Grosso do Sul. No local, já estão as outras 11 pessoas suspeitas
de planejar ataques terroristas na Olimpíada do Rio de Janeiro.
Leonid foi preso pela Polícia Militar por volta das 19h30 na
rodoviária de Comodoro após ser reconhecido por conta das fotos
divulgadas pela imprensa. Uma denúncia dizia que um homem estava
tentando comprar uma passagem sem documentos. Os policiais chegaram até o
local, o reconheceram e deram voz de prisão. Ele foi levado para a
delegacia para prestar depoimento.
Na sexta-feira (2), o penúltimo foragido, Valdir Pereira da Rocha, se
entregou à Polícia Federal na cidade de Vila Bela da Santíssima
Trindade, a 562 km de Cuiabá. Todos os presos na ação estão no presídio
federal de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul. A unidade é de segurança
máxima e recebe presos de alta periculosidade, como o traficante
Fernandinho Beira-Mar, que está detido no local.
Operação Hashtag
A chamada “Operação Hashtag” foi lançada na semana passada pela Polícia Federal, resultando na prisão de dez pessoas em sete estados, informou o Ministério da Justiça.
A chamada “Operação Hashtag” foi lançada na semana passada pela Polícia Federal, resultando na prisão de dez pessoas em sete estados, informou o Ministério da Justiça.
Foram as primeiras prisões no Brasil com base na recente lei
antiterrorismo, sancionada em março pela presidente afastada, Dilma
Rousseff.
Também foram as primeiras detenções por suspeita de ligação com o
grupo terrorista Estado Islâmico, que atua no Oriente Médio, mas tem
cometido atentados em várias partes do mundo.
Além das prisões, foram cumpridos 19 mandados de busca e apreensão em
dez estados – São Paulo (8); Goiás (2); Amazonas (2); Rio Grande do
Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Paraíba, Ceará, Minas Gerais e Mato Grosso
(um em cada). Houve ainda duas conduções coercitivas, em São Paulo e
Minas Gerais.
‘Célula amadora’
O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, disse, em coletiva na semana passada, que os investigados na operação não tiveram contato com membros do Estado Islâmico e que se trata de uma “célula absolutamente amadora”, porque não tinha “nenhum preparo”.
O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, disse, em coletiva na semana passada, que os investigados na operação não tiveram contato com membros do Estado Islâmico e que se trata de uma “célula absolutamente amadora”, porque não tinha “nenhum preparo”.
“Mas obviamente que não podemos – nenhuma força de segurança –
ignorar isso. […] Só o fato de começarem atos preparatórios, não seria
de bom senso aguardar para ver, e o melhor era decretar a prisão deles”,
afirmou o ministro.
Moraes disse que o grupo mencionava a intenção de comprar um fuzil AK-47 em uma loja clandestina no Paraguai.
Segundo Moraes, os investigados na operação, batizada de Hashtag,
nunca tinham se encontrado pessoalmente e eram monitorados há meses pela
polícia. Eles costumavam se comunicar pela internet, por meio dos
aplicativos de mensagem instantânea WhatsApp e Telegram.
Questionado sobre como foi o monitoramento dos suspeitos, já que o
WhatsApp foi bloqueado mais de uma vez pela Justiça brasileira
justamente por não fornecer dados para investigações, o ministro
inicialmente não quis responder. Depois disse que revelar como se deu o
monitoramento atrapalharia a investigação.
Detidos
“Hoje, culminou na primeira operação que teve como alvo uma suposta célula terrorista no Brasil. Foram presos 10 indivíduos”, disse Alexandre de Moraes na entrevista concedida na sede do Ministério da Justiça na última semana.
“Hoje, culminou na primeira operação que teve como alvo uma suposta célula terrorista no Brasil. Foram presos 10 indivíduos”, disse Alexandre de Moraes na entrevista concedida na sede do Ministério da Justiça na última semana.
O suposto chefe do grupo, informou Moraes, é de Curitiba. Um suspeito
foi preso em Manaus. Outro, de 26 anos, foi detido na área rural do
município gaúcho de Morro Redondo, em uma localidade chamada de Açoita
Cavalo. Em São Paulo, as prisões ocorreram em Amparo, Campinas,
Guarulhos e na capital.
De acordo com a Polícia Federal, o juiz Marcos Josegrei da Silva, da
14ª Vara da Justiça Federal do Paraná, expediu 12 mandados de prisão
temporária por 30 dias, podendo ser prorrogadas por mais um mês. Moraes
afirmou que os dois suspeitos ainda soltos estavam no “radar” dos
policiais e que devem ser detidos em breve.
O juiz também expediu dois mandados de condução coercitiva (quando a
pessoa é obrigada a prestar depoimento) e 19 de busca e apreensão.
Conforme Alexandre de Moraes, um dos mandados de condução coercitiva é
contra o diretor-presidente de uma ONG, para que esclareça palestras em
que teria feito apologia ao Estado Islâmico.
Por “questões de segurança”, Moraes disse que não daria mais detalhes sobre a instituição.
Nenhum comentário:
Postar um comentário