Marielle tinha 38 anos e se apresentava como "cria da Maré". Ela foi a
quinta vereadora mais votada do Rio nas eleições de 2016, com 46.502
votos em sua primeira disputa eleitoral. Socióloga formada pela PUC-Rio e
mestra em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense
(UFF), teve dissertação de mestrado com o tema “UPP: a redução da favela
a três letras”. Trabalhou em organizações da sociedade civil como a
Brasil Foundation e o Centro de Ações Solidárias da Maré (Ceasm).
Coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da
Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), ao lado de Marcelo
Freixo, o "Frouxo".
As primeiras informações apontam para possível execução. De acordo com a
PM, ela voltava de um evento quando assassinos emparelharam um carro ao
lado da vereadora e abriram fogo contra ela e o motorista Anderson
Pedro Gomes fugindo logo em seguida sem levar nada. Os dois morreram na
hora.
Uma dia antes de ser assassinada, Marielle reclamou da violência na
cidade, no Twitter. No post, ela questionou a ação da Polícia Militar.
"Mais um homicídio de um jovem que pode estar entrando para a conta da
PM. Matheus Melo estava saindo da igreja. Quantos mais vão precisar
morrer para que essa guerra acabe?" Na mesma rede social, Marielle
chamou o 41° BPM de "Batalhão da morte", no sábado (10). "O que está
acontecendo agora em Acari é um absurdo! E acontece desde sempre! O 41°
batalhão da PM é conhecido como Batalhão da morte. CHEGA de esculachar a
população! CHEGA de matarem nossos jovens", escreveu ela.
Em um tweet, a repórter especial do canal ESPN, Gabriela Moreira,
contou que estava em um bar a 30 metros de onde Marielle foi
assassinada. A jornalista contou que apenas algumas pessoas perceberam
os disparos. "O que se pôde ver: os tiros saíram de um carro branco, que
fugiu em direção a São Carlos. Uma viatura estava posicionada a
pouquíssimos metros de onde tudo aconteceu", revelou, garantindo ainda
que não podia dizer se os policiais presenciaram o assassinato. Ela,
porém, garante que um oficial entrou no bar minutos depois com um giz
para marcar o local do assassinato.
Amigos e partidários de Marielle já começaram a reagir nas redes
sociais. Pelo Twitter, a deputada Jandira Feghali expressou pesar e
mandou lembranças à família da vereadora.
Candidata à presidência pelo PCdoB, a deputada Manuela D'Ávila foi outra
a se manifestar, dizendo que "ninguém vai calar as mulheres que lutam".
O PSOL divulgou nota em que expressou pesar e disse estar "do lado de
familiares, amigos, assessores e dirigentes partidários do PSOL-RJ".
"A atuação de Marielle como vereadora e
ativista dos direitos humanos orgulha toda a militância do PSOL e será
honrada na continuidade de sua luta. Exigimos apuração imediata e
rigorosa desse crime hediondo. Não nos calaremos!", diz o texto.
O partido realiza homenagem à vereadora às 11h na Câmara dos Deputados. Nas redes sociais, já há mobilização também para um protesto às 17h em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Atuação
Nascida e criada em favela do Complexo da Maré, na zona norte da
cidade, Marielle Franco foi eleita aos 37 anos vereadora pelo Partido
Socialismo e Liberdade (PSOL) com mais de 46 mil votos, sendo a quinta
mais votada do Rio. Por ter sido mãe muito nova (aos 19 anos), era forte
defensora dos direitos das mulheres na Câmara Municipal, além de
advogar pelas causas racial e direitos humanos.
No último dia 26 de fevereiro, Marielle foi eleita relatora da comissão na Câmara que acompanharia a intervenção federal no Rio de Janeiro.
Entre as atribuições estava visitar territórios, colher dados e
solicitar informações sobre a atuação dos militares na cidade.
Recentemente, ela tinha feito críticas à PM, classificando o 41º BPM de
"esquadrão da morte".
Ninguém foi preso até o momento. O caso vai ser investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DH).
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