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Rita (esq.) acompanhada de sua advogada
A ex-procuradora da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte
Rita das Mercês Reinaldo detalhou nesta segunda-feira, 10, em audiência
na 6ª Vara Criminal de Natal, o suposto esquema criminoso de desvio de
dinheiro público, por meio de funcionários fantasmas e fraude na folha
de pessoal, investigado pelo Ministério Público Estadual na Operação
Dama de Espadas.
Ouvida pelo juiz Ivanaldo Bezerra, Rita das Mercês respondeu a uma
bateria de perguntas dos promotores e teve que repetir nomes e
vinculações de personagens conhecidos da Operação.
Segundo a delatora, o esquema obedecia diretamente à presidência da
Assembleia Legislativa e tinha como base às necessidades das bases
políticas de parlamentares. A partir daí um grande número de pessoas
foram beneficiadas a partir de uma organização criminosa que cuidava de
sua logística, mas também usufruía dos dividendos, promovendo a partilha
entre parentes, amigos e pessoas úteis às finalidades propostas.
Com uma folha oficial e duas outras extraoficiais, dedicadas
exclusivamente a burlar a Lei de Responsabilidade Fiscais (LRF), o
esquema enfrentou seu momento mais tenso em 2011, por ocasião da
obrigatoriedade da divulgação dos salários imposta pelo recém-criado
Portal da Transparência.
Rita das Mercês respondeu com objetividade e tranquilidade a todos os
questionamentos dos procuradores, que buscavam cruzar nomes de
arrecadadores e os diferentes graus de responsabilidade de pessoas
implicadas no esquema.
Vestindo um terninho preto, puído, quase sem maquiagem e os cabelos
desalinhados, Rita das Mercês chegou a declarar que recebia R$ 12 mil
mensais do esquema criminoso, mas não explicou direito como conseguia
manter um cartão de crédito no limite de R$ 50 mil.
Perguntada sobre a origem de automóveis e um imóvel com conta de luz no nome dela, a ex-procuradora deu explicações diversas, admitindo dividir quantias com outros arrecadadores incumbidos de indicar nomes de fantasmas que eventualmente serviam de laranjas do esquema.
Perguntada sobre a origem de automóveis e um imóvel com conta de luz no nome dela, a ex-procuradora deu explicações diversas, admitindo dividir quantias com outros arrecadadores incumbidos de indicar nomes de fantasmas que eventualmente serviam de laranjas do esquema.
Inclusive, admitiu para os promotores que a RR Advocacia, do servidor
Rodrigo Marinho Nogueira Fernandes, contemporâneo dela na Assembleia,
chegou a produzir folhas de pagamento exclusivamente para controlar o
que era repassado pelo esquema, os nomes de fantasmas que seriam
beneficiados e a divisão do dinheiro.
Perguntada sobre o papel desempenho por seu ex-marido, José de Pádua
Martins de Oliveira (casamento desfeito em 2010), um “arrecadador” que
amealhou 10 flats entre outros bens, aumentando de maneiras inexplicável
seus ganhos, a delatora declarou não conhecer “essa sede por compras”
que ele, Pádua, tinha.
Sobre o advogado Paulo de Tarso Pereira Fernandes, ex-deputado e
consultor da Assembleia, com residência fixa no Rio de Janeiro, a
depoente afirmou que seus ganhos derivados da AL eram pagos por
laranjas.
Aliás, essa fruta não faltava no ambiente contábil da Casa
legislativa. A contabilidade era tão intricada e complexa, que a própria
Rita das Mercês tinha que intervir que quem realizava a distribuição
dos recursos se entendem para saber exatamente quem deveria ser
beneficiados, acabando com duplicidades e imprecisões na contabilidade
criminosa.
Eventualmente, algum advogado dessa parte se manifestava para obter
informações que atenuassem a situação dos clientes, o que aconteceu de
maneira mais consistente no final da oitiva, já na hora do almoço.
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