A Polícia Federal prendeu nesta segunda-feira (26) o dono de um sítio
 que abrigou por oito dias os dois fugitivos do presídio federal de 
Mossoró, no interior do Rio Grande do Norte. O mecânico Ronaildo da 
Silva Fernandes, de 38 anos, é o quinto homem a ser detido sob suspeita 
de colaborar na fuga de Rogério da Silva Mendonça, o Tatu, e Deibson 
Cabral Nascimento, o Deisinho, que escaparam da unidade de segurança 
máxima em 14 de fevereiro e desde então continuam foragidos.
Os investigadores apontam que Fernandes recebeu R$ 5 mil dos dois 
detentos. Ele teria fornecido à dupla uma cabana em sua propriedade na 
zona rural de Baraúna (RN), que fica a cerca de 30 quilômetros da 
penitenciária federal na divisa entre Rio Grande do Norte e Ceará. Nesse
 local, eles dormiram, se alimentaram e cavaram buracos para não serem 
flagrados pelos drones com sensores de temperatura.
Fernandes chegou a procurar a polícia para dizer que foi ameaçado 
pelos dois fugitivos. Ele prestou depoimentos na última sexta e sábado. A
 PF, no entanto, identificou inconsistências nos relatos e pediu um 
mandado de prisão contra ele, que foi deferido pela Justiça Federal do 
Rio Grande do Norte nesta segunda-feira.
Em entrevista a jornalistas, Ronaildo contou que os fugitivos 
chegaram em seu sítio na madrugada de sábado (17) para domingo (18). Num
 primeiro momento, segundo ele, os dois pediram calma e disseram que 
nada iria acontecer com a família dele. Depois, ele relatou ter sido 
ameaçado de morte, caso não cumprisse com o combinado de comprar 
diariamente bolacha, iogurte e carne enlatada para a dupla.
“Estava em casa com a minha esposa quando eles chegaram e invadiram a
 porta. Não mexeram com a gente, só pediram para ficarmos calmos e que 
fizéssemos o que eles pedissem. (Deram) garantia que ninguém mexeria com
 a nossa família, mas sabiam que eu trabalhava em oficina, sabiam quase 
dos meus passos todinhos”, relatou o mecânico.
Segundo Ronaildo, as compras eram deixadas a poucos metros atrás da 
cabana, onde estavam escondidos os fugitivos. Ainda de acordo com o 
mecânico, ele só viu os criminosos uma única vez, quando eles chagaram 
na residência. A polícia investiga se o homem foi coagido ou cooptado 
pelos dois criminosos.
“Me ameaçaram numa parte. Disseram que se fizesse o que estavam 
pedindo ninguém mexeria com a minha família. “Tem gente te observando” 
(disseram os fugitivos)’, contou ele.
A PF já havia prendido outros quatro homens suspeitos de ajudar os 
dois fugitivos do presídio federal de Mossoró, no interior do Rio Grande
 do Norte. Um deles é irmão de Deibson Nascimento. Além da prisão, os 
agentes cumpriram nove mandados de busca e apreensão nas cidades de 
Mossoró (RN), Quixeré (CE) e Aquiraz (CE). Os investigadores desconfiam 
que os foragidos estavam recebendo ajuda de integrantes do Comando 
Vermelho, que atuam na região. Um carro e armamento chegaram a ser 
apreendidos na residência dos alvos.
Considerados como criminosos de “alta periculosidade”, segundo o 
Ministério Público do Acre, a dupla estava na penitenciária de Mossoró 
desde setembro de 2023. Naquele ano, eles participaram de uma rebelião 
no presídio estadual Antônio Amaro, em Rio Branco, que resultou na morte
 de cinco detentos, três deles decapitados – o que motivou a 
transferência para o sistema penitenciário federal.
Fonte: O Globo