terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Moradores de Poço Branco relatam susto e temem sismos de maior magnitude

Maria Nunes, 75 anos, é o retrato dos moradores de Poço Branco, a 61 quilômetros de Natal, que estão com medo de dormir sob o teto de casa. O abalo sísmico registrado por volta das 12h50 de ontem (11), foi o segundo na região em menos de 48 horas, e deixou a população assustada. O medo de que outro tremor ocorra movimentou rodas de conversa da pacata cidade, que desde 1986 não presenciava um abalo sísmico de mesmo porte.

Emanuel AmaralNa tentativa de sair logo de casa, Valdete Cacheado ficou com o joelho ferido e o filho de nove meses bateu com a cabeça na portaNa tentativa de sair logo de casa, Valdete Cacheado ficou com o joelho ferido e o filho de nove meses bateu com a cabeça na porta
“Só faltei morrer de medo, fiquei com as pernas bambas. Foi mais forte do que o de sábado (09)”, relata dona Maria, que no momento do terremoto, dobrava as roupas no quarto. Na parede entre a cozinha e um dos quartos de sua casa, a rachadura tinha aproximadamente dez centímetros de espessura. Um reboco temporário foi feito na sua casa para evitar o desmoronamento da parede.

As rachaduras podem ser vistas por residências e comércio de toda a cidade. O comerciante Raimundo Nonato também foi prejudicado com o tremor. Os estragos deixados na estrutura da casa estão parede do banheiro, que rachou do chão até o teto, deixando o morador inseguro. No mercado dele, que fica ao lado da residência, pacotes de biscoito chegaram a cair da prateleira.

“Estou com vontade de armar uma barraca lá fora para dormir à noite com minha família”, declarou. Já a dona de casa Maria Aparecida mostra os cacos de vidro do porta-retrato com a foto dos filhos, que durante o tremor, caiu da parede. Na cozinha, uma grande rachadura na parede mostra um perigo iminente, pelos os armários recém-adquiridos e instalados na mesma parede.

A colega, Maria Imperial, se preparava para almoçar quando o tremor começou. “Saí correndo para a rua, chupando uma manga, perdi até a fome. Tem muita gente com medo de entrar em casa”, disse. A rua foi o refúgio de muitos moradores, que saíram de casa com medo de desabamentos. Os moradores remeteram o tremor de ontem aos terremotos ocorridos na região na década de 1980. “De 1986 para cá, esse foi o mais forte”, disse Maria Imperial.

Na correria para pegar o filho de nove meses que estava só na rede, Valdete Cacheado tropeçou e caiu no chão. “Estou com o joelho todo dolorido e ele, que estava no meu colo, acabou batendo com a cabeça na porta”, relata ela que correu para a vizinha, Lúcia Gomes. “Fiquei com tanto medo que vários minutos depois ainda estava me arrepiando e tendo calafrios. Mudei de cor”, comentou Lúcia, ainda assustada.

As férias da doméstica Maria de Lourdes foram abaladas pelo tremor. Ela conta que no momento do estrondo, estava deitada na varanda de casa. As telhas da residência afastaram-se com o movimento, deixando verdadeiros buracos no teto. Algumas telhas ficaram prestes a cair. “Pensei que havia caído algo na cozinha e levantei assustada, foi horrível”.

Jerusalém

Apontado inicialmente como epicentro do terremoto de ontem, o assentamento de Jerusalém, no município de Taipu, pouco teve consequências com o abalo sísmico. Dois ou três relatos dão conta de rachaduras nas casas. Uma delas ocorreu na residência de Maria Ivoneide Silva, que é comerciante. “Hoje foi forte e demorado, enquanto o de sábado foi rápido e leve”, relatou ela aos pesquisadores do Departamento de Geofísica da UFRN, que visitaram a cidade no final da tarde de ontem.

Eles buscavam dados que precisassem o local dos tremores, e em virtude das poucas evidências no assentamento, percorreram a região com a hipótese do abalo ter sido gerado em outro local próximo.

Natal

Há relatos de tremores sentidos nas quatro regiões de Natal. Segundo Etevaldo Veras, que mora nas Rocas, zona leste da capital, os vizinhos correram para a rua quando começou o terremoto. “Eu estava dormindo e acordei com o barulho do chão tremendo, como se fosse um carro balançando”, descreveu.  A moradora Adriana Araújo ficou preocupada. “Senti meu sofá se mexendo e meu sobrinho, que mora na Praia do Meio, ligou e disse que a TV saiu do rack, quase caiu no chão”, comentou.
fonte:TN

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