Na
sala de espera do ginecologista, a estudante Mariana Góes revela que
costuma fazer preventivo pelo menos uma vez por ano. “Acho importante,
porque sempre estamos suscetíveis a ter alguma doença sexualmente
transmissível”, constata. Além das DSTs, contudo, as mulheres precisam
se preocupar com os cânceres de mama e colo uterino. Estes são os dois
tipos de neoplasia mais comuns entre as mulheres e, também, os que mais
matam.
No Rio Grande do Norte, os índices vêm caindo, mas não
são sinal para descuido. Em 2008, dos 21.513 exames de citopatologia
clínica para detecção de HPV – o maior responsável pelo câncer de colo
de útero – 1.052 tiveram resultado negativo. Em 2009, de 22.586
pacientes que fizeram o exame, 882 estavam infectadas.
Quanto à
prevenção do câncer de mama, os números no RN subiram de 69,8% de
mulheres que procuraram o serviço de mamografia em 2008 e 2007 para
86,9% em 2009. O indicativo é que as mulheres estão se cuidando cada
vez mais.
“Os países subdesenvolvidos costumam ter maior
incidência de câncer de colo uterino, porque pode ser sexualmente
transmissível: a maior parte dos casos é decorrente do vírus HPV. No
Brasil, os índices de câncer de mama já superam os do colo uterino.
Isso de certa forma nos aproxima dos países desenvolvidos”, explica o
ginecologista Paulo Fonseca.
De acordo com o Instituto Nacional
de Câncer (Inca), atualmente 18 de cada 100 mil brasileiras adquirem a
neoplasia de colo uterino. Além do HPV, conforme aponta o Inca, outros
fatores de risco para a doença são o tabagismo, a baixa ingestão de
vitaminas, a multiplicidade de parceiros sexuais, a iniciação sexual
precoce e mesmo o uso de contraceptivos orais inapropriados.
O
câncer de mama, por sua vez, ataca 49 a cada 100 mil brasileiras.
Segundo o ginecologista Paulo Fonseca, a causa da doença é diferente da
que acomete o colo. “A neoplasia maligna mamária tem um forte fator
hereditário. Por isso, as pacientes consideradas de risco – que têm
parentesco direto com pessoas que tiveram o problema – devem procurar
também um mastologista (especialidade médica para a análise das
mamas)”, afirma.
Dr. Paulo Fonseca explica também que o
auto-exame das mamas deve ser feito regularmente. A melhor época para a
análise seria uma semana depois do fim da menstruação. De acordo com o
ginecologista, é nesse período que a mama apresenta menos alterações
fisiológicas. Isso facilitaria a detecção de tumores.
“O
auto-exame deve ser feito no mesmo período de cada mês, uma vez que a
mama tem cistos que aparecerem e desaparecem naturalmente. Analisando
no mesmo momento do ciclo menstrual, a mulher pode perceber mais
facilmente possíveis alterações”, acrescenta Paulo Fonseca.
Para
a prevenção do câncer de colo de útero, as visitas regulares ao
ginecologista são fundamentais. “Nunca fui diagnosticada com HPV ou já
com câncer, mas os preventivos são muito importantes para a detecção e
o tratamento eficaz das doenças”, endossa a estudante Mariana Góes. Os
exames que detectam o vírus ou o câncer de colo são o papa nicolau e a
coposcopia.
“Independente de qual seja o câncer, esse tipo de
prevenção deveria ser melhor trabalhado nas escolas. Muito dos casos,
principalmente de colo uterino, são decorrentes do fato de tratarem o
sexo como tabu”, completa o dr. Paulo Fonseca.
Educação
A
organização não-governamental Bem-Estar Familiar (Bemfam) é referência
em questões de saúde sexual e reprodutiva. Entre os principais
trabalhos da entidade, estão o planejamento familiar e a prevenção de
doenças sexualmente transmissíveis.
“Na área de promoção e
prevenção da saúde, a questão da informação tem um peso muito grande.
Há muita informação, de fato, mas existe uma dificuldade enorme em
transmiti-la”, afirma a coordenadora da ong, Sandra Lopes.
Para
ela, há essa dificuldade é cultural. “A sexualidade é vista com um
preconceito enorme. É preciso perceber, contudo, que ela permeia a vida
das pessoas e deveria ser tratada como qualquer outra questão de
segurança ou cidadania”, completa a coordenadora da Bemfam.
A
organização atua na capacitação de profissionais de saúde e educação,
além de realizar atendimento clínico ginecológico, urológico e
mastológico. “Mesmo quando um paciente deixa a nossa clínica, fazemos
questão que ele saia com folhetos informativos”, endossa Sandra Lopes.
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