A dois dias do início previsto de sua retirada, os 33 mineiros presos
em uma mina no norte do Chile estão divididos entre o medo e a
ansiedade. Muitos dizem temer problemas na cápsula que os levará à
superfície, muito provavelmente na próxima quarta-feira (13). Outros
querem sair logo do abrigo, a 700 metros de profundidade, onde estão
presos desde o último dia 5 de agosto.
O ministro da Saúde do Chile, Jaime Mañalich, disse neste domingo
(10) que as autoridades estão preocupadas com a possibilidade de haver
ataques de pânico entre os trabalhadores, que neste final de semana
discutiram entre si para ver quem saía por último da mina San José.
Os mineiros deverão subir numa cápsula de 53 cm de diâmetro, num
trajeto que durará uns 15 minutos, apesar de toda a operação de saída
levar cerca de uma hora para cada mineiro.
Durante todo o percurso de subida, serão monitoradas suas condições
de saúde e, em caso de emergência, poderão desprender-se da cápsula de
quatro metros de extensão criada especialmente para esta operação.
O ministro Mañalich disse que existe a preocupação com a
possibilidade de que o sangue dos trabalhadores se coagule na subida.
Para evitar isso, eles estão tomando Aspirinas.
Mineiro está nervoso, diz irmão
Um dos mineiros, Darío Segovia, apesar de feliz, está muito nervoso
com a operação de resgate, conforme comentou com seu irmão, Alberto.
- Ele não quer ser o primeiro porque está com medo. Ninguém quer ser o primeiro. Imagina subir os 700 metros.
Darío, de 48 anos, é um mineiro experiente, mas trabalha há pouco tempo na mina de San José.
Clarina Segovia, irmã do mineiro Víctor Segovia Rojas, também falou que ele está muito nervoso.
- Está feliz, mas tem medo da cápsula. Mas é a única maneira de sair, então vai ter que sair assim.
Mas a maioria deseja sair da mina da maneira que for possível. É o
que pensa Carlos Barrios, de 27 anos, segundo seu tio, Crisólogo Rojas.
- Ele quer sair já. Ele não tem medo. Os 33 rapazes são fortes.
Sobreviveram 17 dias apenas com uma lata de atum. Sobreviver está no DNA
deles.
Trabalhadores treinam para falar com jornalistas
Os 33 mineiros tiveram neste domingo a última das seis aulas
preparatórias para enfrentar as entrevistas de que serão alvo quando
saírem à superfície e saber como se esquivar das naturais perguntas
incômodas que serão feitas. Um jornalista, Alejandro Pino, foi
contratado para fazer esse treinamento.
- Meu trabalho não foi dizer a eles o que devem falar. Esse não é o
meu trabalho. Não lhes passei uma pauta. O que fizemos foi ensaiar
perguntas para ver como reagiam, perguntas complicadas, indiscretas.
Pino é funcionário da Associação Chilena de Segurança, instituição particular que apoia os trabalhos de resgate.
Apesar de não querer dar detalhes das perguntas, Pino informou que, em alguns casos, os mineiros se sentiram incomodados.
- Foi através de videoconferência. Eles se aborreceram com algumas
perguntas e eu dizia para que não se aborrecessem, que sorrissem e
respondessem: 'não quero responder a isso agora, acho que não é o
momento'.
R 7
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