O processo de desertificação é algo sério e que assusta. Os
especialistas alertam que se nada for feito e se o estado atual de
degradação ambiental continuar, é provável que em 100 anos, o Semiárido
paraibano esteja totalmente árido. Isso significa que a vegetação da
Paraíba corre sérios riscos de desaparecer de vez, o que seria
catastrófico para a população. O Estado, um dos mais atingidos pela
desertificação pode virar deserto no futuro.
A Paraíba, conforme alertou o ambientalista Roberto Almeida, com base em
dados da organização internacional Greenpeace, e da Associação de
Proteção da Natureza (APAN), está em adiantado estado de desertificação.
O relatório sobre mudanças climáticas elaborado pelo Greenpeace revela
que o Estado ocupa o primeiro lugar em desertificação no país.
De acordo com a organização, 72% da Paraíba já sofre em algum grau o
processo de desertificação. Isso significa que 1,66 milhão de pessoas - a
metade da população paraibana - está sofrendocom os drásticos efeitos
do processo devastador. "Esse processo tem avançado. A Paraíba é o
Estado do Nordeste mais atingido pelo processo de desertificação do tipo
muito grave", alerta o ambientalista Roberto Almeida.
Um levantamento feito pela Sudema revela que pelo menos 68% das matas
paraibanas sofreram alguma interferência do homem e estão com sua fauna e
flora comprometida afetando diretamente mais de 1milhão de paraibanos.
As regiões com maior grau de ocorrência de desertificação apontadas no
documento são o Seridó oriental e ocidental - composto por municípios
como Barra de Santa Rosa, Salgadinho, Frei Martinho, Cuité e Picuí - e o
Cariri ocidental. Nessas regiões a retirada da lenhas típicas da
caatinga tem sido feito sem nenhum controle.
Os efeitos da desertificação no Estado , segundo a geógrafa e técnica da
Sudema Janizete Lins, são a perda da produtividade agrícola, maior
degradação das terras, problemas com recursos hídricos, perda de poder
aquisitivo do pequeno produtor e êxodo rural.
O mais preocupante é que apenas 1,42% do território paraibano é
juridicamente protegido contra o desmatamento e outras ações que
comprometem a existência de espécies vegetais e animais. O percentual
corresponde às terras indígenas e às unidades de conservação federal e
estaduais que ocupam 82,9 mil hectares.
O diretor do Instituto Nacional do Semiárido (Insa) Roberto Germano
Costa observa que processo de desertificação no Estado é moderado à
severo em terras do Cariri, Seridó e do Sertão. Mais de 200 municípios
do Estado estão suscetíveis ao processo de degradação da terra, que
compromete sua produtividade biológica e econômica. ""Acredita-se que 50
a 70% da Paraíba esteja enfrentando o processo de desertificação.. Mas
na verdade se nós formos observar, veremos que todo o Estado está sendo
degradado sendo que em algumas regiões com processo mais avançado e
outros mais lento", observou.
Educação ambiental
Roberto Germano destaca a educação ambiental como sendo a ferramenta
indispensável para freiar o processo de avanço da degradação ambiental e
mudar o quadro e evitar a catástrofe. Cauteloso, ele evita arriscar
dados referentes ao território paraibano comprometido com a
desertificação. "O cuidado do Instituto é de trabalhar com a educação
justamente para impedir os avanços nesse processo de degradação",
explicou. Para ele, a questão do desmatamento e as técnicas de
agricultura precisam serem revistas. "Mas insisto que a solução para
evitar a degradação ainda passa pela educação.
Do Diário da Borborema
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