A Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, em Recife,
negou o pedido de habeas corpus do filho da ex-governadora Wilma de
Faria, advogado Lauro Maia, tornando sem efeito, na ocasião, a decisão
do desembargador Vladimir Souza Carvalho, que suspendeu a audiência na
qual seriam colhidos os depoimentos dos 15 réus da Operação Higia, na
Justiça Federal do Rio Grande do Norte. A decisão é de ontem. No final
de agosto passado, Lauro Maia conseguiu suspender o depoimento que
prestaria em plena campanha eleitoral quando foi candidato a deputado
estadual. Ele não foi eleito. Ficou na primeira suplência.
O
processo estava suspenso até que a corte do TRF julgasse definitivamente
o pedido de habeas corpus. Com a nova decisão, o processo volta à
primeira instância com o juiz Mário Azevedo Jambo. Ele deve definir uma
nova data para audiência dos réus.
Foram três os pedidos de
habeas corpus impetrados pelas defesas dos acusados da Operação Higia.
Além de Lauro Maia, Maria Eleonora Castim (em 16 de agosto, três dias
antes da solicitação de Lauro) e Mauro Bezerra da Silva (em 7 de junho)
também entraram no TRF com o mesmo recurso, solicitando o trancamento da
Ação Penal que tramita em Natal alegando inocência, falta de provas
substanciais e erros, por parte da autoridade judiciária, durante a fase
de instrução do processo.
No caso de Lauro Maia, o pedido havia
sido acatado, segundo o desembargador Vladimir Souza, com base no
argumento da defesa de que o juiz Mário Jambo não teria proporcionado à
defesa se pronunciar após a acusação.
No caso de Maria Eleonora
Castim, Vladimir Souza enfatizou que “a denúncia apresentou narrativa
minuciosa sobre os fatos atribuídos à [Eleonora] ora paciente (…) onde
lhe atribui o papel de, na qualidade de Coordenadora de Execução
Orçamentária e Financeira da Sesap/RN (Secretaria de Saúde Pública do
Estado), ser a responsável pela irrigação financeira da organização
criminosa, flexibilizando para permitir o pagamento imediato aos seus
integrantes, mesmo ciente dos artifícios utilizados para manutenção
ilícita das empresa Líder, A&G, e Emvipol, à frente dos contratos
mantidos com a Sesap/RN”.
O filho da ex-governadora e os demais
14 réus do processo já haviam requerido a absolvição sumária do
processo, em junho passado, tendo sido este negado pelo juiz federal. Os
pedidos de absolvição dos acusados tentavam desqualificar as provas
colhidas pela Polícia Federal, entre elas, gravações telefônicas e
dinheiro em espécie.
Operação Hígia foi o nome dado à ação da
Polícia Federal, deflagrada numa sexta-feira, 13 de junho de 2008, em
Natal, em que foram cumpridos mais de 40 mandados de busca e apreensão e
13 mandados de prisão.
Lauro Maia avisa que tentará novo recurso
O
advogado Lauro Maia afirmou ontem à TRIBUNA DO NORTE que continuará
impetrando tantos recursos quanto forem necessários e possíveis para
livrar-se da acusação dos crimes de quadrilha ou bando, corrupção
passiva, tráfico de influência e de ter infringido o artigo 92, da Lei
de Licitações, como aponta o Ministério Público Federal, denunciante da
Operação Higia. “Vou tentar de tudo. É um direito meu, até porque eu
estou com a verdade”, assinalou. Indagado se esperava uma posição
favorável da justiça face o pedido de habeas corpus não pestanejou:
“esperava não, mas tentei e continuarei tentando”, enfatizou.
Lauro
Maia disse que não se sentiu prejudicado durante a eleição estadual
pela publicidade dada ao processo da Operação Higia. Ele tentou uma das
vagas de deputado estadual mas não obteve êxito. “Muito juízo de valor
em relação ao meu caso foi feito antes do processo terminar. Há
processos também contra Rosalba [Ciarlini, governadora eleita],
Garibaldi [Alves, senador], vários políticos e deputados federais e
ninguém falou nada. Comigo foi diferente. A intenção era atingir minha
mãe [ex-governadora Wilma de Faria]”, criticou ele.
O advogado
disse ainda que muitos que o acusam respondem a processos no âmbito do
Superior Tribunal de Justiça (STJ). “Mas ninguém percebe ou procura
esses outros casos. Eu estou sendo acusado sem direito à defesa”,
complementou. Lauro Maia obteve mais de 33 mil votos em todo o Estado.
Caso houvesse sido eleito o processo o qual responde seria transferido
para o STJ e outros 14 réus seriam, teoricamente, beneficiados. Da
família do acusado somente a deputada Márcia Maia (PSB), sua irmã,
conseguiu se reeleger. A ex-governadora Wilma de Faria foi derrotada na
disputa para o Senado por Garibaldi Alves (PMDB) e José Agripino Maia
(DEM).
Improbidade Administrativa
Em
fevereiro deste ano, o Ministério Público Estadual ingressou com uma
Ação Civil de Improbidade Administrativa contra os 15 réus da Operação
Higia. O processo encontra-se em poder do juiz Ibanez Monteiro da Silva,
da 2ª Vara da Fazenda Pública e já está no sexto volume com 1569
folhas. Os acusados já foram intimados para que ofereçam manifestação
por escrito, no prazo de 15 dias. A defesa dos réus pode instruir-se de
documentos e justificações. Até agora nem todos apresentaram as
respectivas justificativas.
O governo do Rio Grande do Norte, por
meio do Procurador-geral, também foi notificado para informar se tem
interesse em participar, na condição de litisconsorte ativo ou passivo. A
resposta, neste caso, foi positiva.
Após a apresentação das
alegações dos réus o rito processual prevê a determinação, pelo juiz, da
audiência de instrução e julgamento, onde os acusados deverão depor. A
última movimentação do processo na internet, porém, mostra que um dos
réus, Anderson Miguel da Silva, não foi sequer notificado.
Da TN
Nenhum comentário:
Postar um comentário