quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Brasil vai instalar banco de leite humano em Moçambique

Do Portal da Saúde
O governo brasileiro irá implantar em Moçambique uma experiência desenvolvida no Brasil que é referência mundial para ajudar na redução da mortalidade infantil: o projeto de bancos de leite humano, com o  objetivo de promover o aleitamento materno nos casos em que a própria mãe não possa alimentar o recém-nascido. O anúncio foi feito na terça-feira (9), em encontro entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio  Lula da Silva, e de Moçambique, Armando Emílio Guebuza, naquele país.

Pelo acordo firmado, o governo brasileiro investirá cerca de R$ 900 mil (US$ 519 mil) em dois anos de projeto, que prevê a instalação do banco de leite, aquisição de equipamentos, transferência de tecnologia e capacitação de profissionais. 

A iniciativa brasileira é uma forma de contribuir com o plano moçambicano para o alcance dos Objetivos 4 e 5 do Desenvolvimento do Milênio, que visam a redução da mortalidade infantil e materna no país.  A cada mil crianças que nascem em Moçambique, 48 morrem nos primeiros 28 dias.  No Brasil, são 13,8 óbitos por cada mil nascidos vivos.

“O presidente Lula prometeu e cumpriu. É um homem de palavra”, disse Guebuza, ao agradecer os esforços brasileiros em apoiar Moçambique em projetos voltados à melhoria da saúde da população do país. Além deste projeto, o Brasil anunciou nesta terça que também apoiará financeira e tecnicamente a criação de um centro de telessaúde para fazer capacitação de profissionais à distância na área de saúde materno-infantil.  E nesta quarta, o presidente, acompanhado do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, visitam as instalações da futura fábrica de antirretrovirais que o Brasil está doando a Moçambique, e que será a primeira 100% pública do setor em todo o continente africano.

“O Brasil não tem dinheiro, mas tem conhecimento e quer compartilhar com os países pobres para ajudá-los a se tornarem nações fortes, seja na educação, na saúde ou no desenvolvimento científico-tecnológico”, respondeu Lula.
O ministro José Gomes Temporão lembrou que, em 2006, o presidente determinou que o Brasil teria que disponibilizar aos países mais pobres a experiência acumulada com o Sistema Único de Saúde, que atualmente é a única porta de entrada para a assistência à saúde para 160 milhões de pessoas. “Atualmente, 30% de toda a cooperação internacional do Brasil é na área da saúde”, afirmou.

Segundo o ministro, com a transferência de tecnologia e a capacitação de profissionais, Moçambique poderá, no futuro, criar uma rede de bancos de leite como a do Brasil, expandindo a assistência aos recém-nascidos e potencializando a capacidade de redução da mortalidade infantil no país.

REFERÊNCIA MUNDIAL - Os bancos de leite têm como missão incentivar, proteger e promover o aleitamento materno para diminuir os índices de mortalidade infantil e melhorar a qualidade de vida dos bebês, nos casos em que a própria mãe não pode amamentá-los. Em todo o mundo, o leite materno pode reduzir em 13% as mortes de crianças menores de cinco anos. No Brasil, um estudo feito em 14 municípios da Grande São Paulo, em 2003, apontou que a estimativa média de impacto da amamentação sobre o Coeficiente de Mortalidade Infantil foi de 9,3%.

O Brasil tem a maior e mais complexa rede de bancos de leite do mundo, com mais de 190 bancos que atendem anualmente cerca de 100 mil recém-nascidos. Entre 2003 e 2009, a coleta de leite humano aumentou 56% no país.  O número de doadoras também é crescente: subiu 88,4% em seis anos, passando de 60,4 mil mulheres, em 2003, para 113,8 mil, em 2009.

O Brasil repassa conhecimento sobre controle de qualidade e processamento de leite materno para 22 países da América Latina, Caribe, África e Europa. Desde que o país passou a liderar a Rede Ibero-americana de Bancos de Leite Humano, foram coletados, fora do território brasileiro, 82.048 litros de leite materno, beneficiando 85.961 crianças.  A Espanha, por exemplo, implantou seu banco de leite em Madri com ferramentas totalmente brasileiras.

A execução do projeto em Moçambique ficará a cargo do Instituto Fernandes Figueira, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), responsável pela coordenação da rede brasileira. O banco de leite será instalado dentro do Hospital Central de Maputo.

APOIO A CENTRO DE EXCELÊNCIA -  Ainda como forma de auxiliar o governo moçambicano a fortalecer suas ações em saúde materno-infantil, também será assinado nesta terça-feira, entre os dois países, um acordo de cooperação técnica para apoiar o Ministério da Saúde moçambicano a criar no país um instituto de excelência voltado à saúde materno-infantil. O Brasil doará cerca de R$ 260 mil (US$ 150 mil) para esta ação, que prevê apoio à implantação de um centro de telessaúde da mulher, da criança e do adolescente, de uma biblioteca virtual em saúde, e do programa de ensino à distância para capacitação de profissionais nesta área.

Nenhum comentário:

Postar um comentário