quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Jucurutu: 135 casas estão inundadas

Da TN
O número de desabrigados após a chuva de 176mm que caiu, na última segunda, em Jucurutu, município localizado na região Seridó do Estado, cresceu. Já são 429 pessoas que sofrem com os transtornos que chegaram junto com a água. Ao todo, 135 casas da Vila Santa Izabel e conjunto do Dnocs foram inundadas. A governadora Rosalba Ciarlini esteve ontem no município e prometeu celebrar convênios emergenciais para ajudar a população.

fotos: júnior santosAo todo, 135 casas da Vila Santa Izabel e conjunto do Dnocs foram inundadas e as famílias tiveram que deixar suas residências, levando só a roupa do corpoAo todo, 135 casas da Vila Santa Izabel e conjunto do Dnocs foram inundadas e as famílias tiveram que deixar suas residências, levando só a roupa do corpo
Após sobrevoar de helicóptero a área alagada, a governadora e sua comitiva formada pelo secretário de Justiça e Cidadania, Thiago Cortez; secretária de Infraestrutura, Kátia Pinto e o secretário de Articulação com os Municípios, Esdras Alves, foram até à sede do Projovem do município onde o prefeito de Jucurutu, Júnior Queiroz e o chefe de serviços do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs), João Guilherme de Souza a aguardavam. No local, também estavam várias pessoas atingidas pelo problema. Durante a conversa, alguns perderam a paciência e o clima ficou tenso. “Não é hora de brigas políticas, nem de confusão. Precisamos unir forças e sermos solidários”, pedia a governadora.

A população e o prefeito Júnior Queiroz criticaram duramente o representante do Dnocs, João Guilherme. Segundo o prefeito, a culpa do alagamento nos bairros da cidade é exclusivamente do Dnocs. “O órgão nunca fez nada pela cidade. Sempre reclamamos, todos os anos, e nada foi feito. O resultado, infelizmente, é esse que estamos vendo”, disse.

De acordo com João Guilherme, o Dnocs já estava fazendo um trabalho de prevenção em Jucurutu, porém, não podia prever a quantidade de água que caiu em uma única chuva. “Estávamos trabalhando na manutenção, mas a chuva repentina atrapalhou o serviço”, disse.

De acordo com a secretária de Infraestrutura do Estado, Kátia Pinto, o conjunto do Dnocs foi construído com verba federal. À época de sua construção, já se sabia que a área era de risco. “Não sei porque motivo o conjunto foi construído naquele local. Todos sabem que a área é problemática e mesmo assim fizeram a obra. Vamos agora estudar um meio de tirar a população de lá”, disse.

O motivo para o alagamento nos bairros de Jucurutu, foi a baixa potência das bombas utilizadas para jogar a água acumulada na área para o leito do rio Piranhas-Açu. No local, existem dois diques construídos pelo Dnocs na mesma época que foi construída a barragem Armando Ribeiro Gonçalves. Os moradores do local alegam que todos os anos, mesmo com poucas chuvas, a área sempre alaga. Com o objetivo de diminuir a quantidade da água acumulada, na noite da última terça, um mergulhador do Corpo dos Bombeiros tentou abrir uma das comportas de um dos diques. A tentativa foi frustrada e apenas a metade de uma das comportas foi aberta. Segundo João Guilherme, uma empresa especializada em reparos de bombas d’água já foi contratada pelo Dnocs e o problema será solucionado ainda essa semana. “A empresa já está a caminho de Tangará e o problema será resolvido o mais rápido possível”.

O diretor geral do Dnocs, Elias Fernandes, nega que a responsabilidade pela inundação em Jucurutu seja responsabilidade da instituição que comanda. Para o ex-deputado estadual, não havia como evitar o alagamento.

Moradores perdem tudo

Na manhã de ontem, o nível da água havia diminuído, mas muitas casas ainda estavam completamente inundadas. Era o caso da residência do professor Francenilson da Silva, 45. Há 27 anos, Francenilson mora na rua das Violetas, no conjunto do Dnocs. Ele conta que todos os anos sofre com o problema de alagamento. “Perdi tudo. Desde segunda que não entro em minha casa. TV, fogão, geladeira, documentos, tudo. Só me restou a roupa do corpo”, relatou.

fotos: júnior santosGovernadora Rosalba Ciarlini garante que Jucurutu é prioridade e irá pedir ajuda ao governo federalGovernadora Rosalba Ciarlini garante que Jucurutu é prioridade e irá pedir ajuda ao governo federal
O mesmo drama é compartilhado pelo agricultor  vizinho de Francenilson, Josebias de Almeida, 40 anos. Durante a chuva, Josebias não estava em casa. Ao chegar, deparou-se com uma cena, que segundo ele, será inesquecível. “Cheguei e estava tudo coberto pela água. Minha mulher e meu filho estavam desesperados. Deu para salvar alguns móveis porque os vizinhos ajudaram, mas perdemos muita coisa”. A sogra dele, a aposentada Francisca da Silva, 63 anos, ajudava, na manhã de ontem, na limpeza da casa. “A gente assiste na TV essas chuvas que acontecem no Rio de Janeiro e em São Paulo e nunca imagina que pode acontecer com a gente. Fiquei muito assustada. Acordamos com água dentro de casa”, relata.

As famílias desabrigadas estão sendo cadastradas pela Secretaria Municipal de Ação Social. De acordo com o órgão, os desabrigados estão, na maioria, em casa de parentes e de amigos. Algumas pessoas alugaram outras casas para poderem abrigar suas famílias. Não há pessoas em abrigos. Móveis e eletrodomésticos de algumas casa, estão guardados em uma creche e escola da cidade.

Governadora anuncia convênios

Durante a visita ao município de Jucurutu, a governadora Rosalba Ciarlini anunciou que irá tratar o assunto como prioridade. Anunciou também, que já havia conseguido a liberação de dez toneladas de alimentos na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “As dívidas que o Estado têm vão ter que esperar. Vou passar por cima da burocracia e vamos fazer convênios emergenciais para a aquisição de roupas, alimentos, colchões e remédios. Já consegui dez toneladas de alimentos que serão enviadas para cá imediatamente”, disse.

A governadora disse também que irá pedir ajuda ao Governo Federal. “Vamos fazer relatórios e enviar à Defesa Civil Nacional. Se preciso, vou ao Ministério das Cidades buscar ajuda. De acordo com Rosalba Ciarlini, amanhã o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, fará uma visita ao Rio Grande do Norte. “Ele vem para ver a situação das estradas após essas chuvas”, disse.

Em Assu, chama atenção um problema na ponte Felipe Guerra, localizada sobre o rio Piranhas-Açu e que liga Natal a Mossoró. Nos últimos dias, engenheiros do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes trabalham no local. Segundo informações obtidas pela TRIBUNA DO NORTE, um dos vãos da ponte está com avarias. “Foi feito um reparo mas notou-se que não resolveu muita coisa. Vamos analisar isso com cuidado”, disse Rosalba Ciarlini.

Guarita ameaça cinco municípios

Se o clima em Jucurutu é de revolta com o alagamento de mais de cem casas, nas cidades de Boa Saúde, Lagoa Salgada, Monte Alegre, São José de Mipibu e Nísia Floresta, o clima é de ansiedade. O motivo não está em nenhum desses municípios. O problema é o açude Guarita, localizado em Tangará. Quem faz o alerta é o prefeito de Tangará, Jorge Eduardo Bezerra. A parede do açude está comprometida e, caso caia uma chuva forte ou outro açude próximo, o Gaspar, arrebente, o açude Guarita pode não aguentar a pressão e acabar rompendo. A água seguirá o curso do rio Trairi.

júnior santosO açude Guarita já apresenta rachaduras na base do muro, provocando apreensão nos moradoresO açude Guarita já apresenta rachaduras na base do muro, provocando apreensão nos moradores
Construído em 1948 e com capacidade para 5 milhões de metros cúbicos de água, o açude, na última segunda-feira, recebeu água de dois açudes menores que arrebentaram. Com o acúmulo da água, o açude Guarita sangrou. A lâmina d’água atingiu os trinta centímetros. “A sangria acabou gerando uma erosão na parede externa do açude. Nunca tinha acontecido isso antes”, disse o prefeito Jorge Eduardo Bezerra, que é proprietário do reservatório.

A erosão foi muito forte e a pressão no açude é grande. O resultado é que já existem algumas rachaduras na base do muro do açude, o que os técnicos chamam de revensa. Na tarde de ontem, o engenheiro do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), Flávio Maranhão, visitou o açude e demonstrou preocupação. “A situação é preocupante, requer cuidados e esperamos que não chova mais”, disse. No momento em que a reportagem da TRIBUNA DO NORTE esteve no local, o engenheiro aguardava a chegada de máquinas para começar o trabalho de alargamento do açude. “Vamos fazer isso para diminuir a pressão na parede”, colocou.

As preocupações do prefeito de Tangará e do engenheiro do Dnocs, não se limitam ao açude Guarita. Preocupa o fato de o açude Gaspar também estar bastante cheio. De estrutura menor, o açude Gaspar está localizado a cinco quilômetros do açude Guarita. Se o Gaspar arrebentar, o efeito cascata será inevitável. “O resultado:  cidades debaixo d’água. Estamos trabalhando o mais rápido possível, mas tem a burocracia e impede que trabalhemos mais rápido”, reclama o prefeito Jorge.

O prefeito disse ainda, que já havia alertado o Governo do Estado, em 2001, sobre os riscos dos açudes menores que arrebentaram na segunda passada. “Esses açudes, inclusive, foram construídos de forma irregular, sem autorização de nenhum órgão”, revela. Segundo o prefeito, as autoridades de Boa Saúde - cidade que seria mais atingida no caso do rompimento da parede do Guarita - já foram avisadas do risco.

Chuvas causam rompimento de adutora

As fortes chuvas registradas no interior do Estado provocaram o rompimento da adutora que abastece a cidade de Japi, provocando a suspensão no fornecimento de água à população. O problema aconteceu em local com aproximadamente 10 quilômetros de distância da cidade, proximidades da RN 092, comprometendo um trecho de 60 metros da adutora com 150 milímetros, em ferro fundido. A Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) está providenciando o conserto, com blocos de ancoragem feitos em concreto, mas ainda não tem previsão de quando vai religar o sistema em função das chuvas. Uma alternativa avaliada pelos técnicos é o desvio da adutora, mas foram observados outros obstáculos.

O chefe da Unidade de Serviço de Operação e Manutenção da Regional Litoral Sul, Dídimo Oliveira Dantas, informou que se não chover, em cinco dias o serviço de ancoragem (escoramento) pode ser feito e o sistema volte a funcionar. A tubulação que abastece Japi é uma derivação da adutora Monsenhor Expedito e no trecho onde aconteceu o rompimento, os tubos eram enterrados e a chuva arrastou toda a proteção (barro) que apoiava o cano. Como essa tubulação de ferro não pode ficar sem apoio, a Caern está trabalhando para confeccionar blocos de ancoragem a fim de suportar o peso. 

Ministro inspeciona BR-101 hoje

Valdir Julião - repórter

Os estragos causados pelas chuvas nas estradas federais do Rio Grande do Norte trazem hoje a Natal o ministro  dos Transportes, Alfredo Nascimento, que às 15 horas inspeciona as obras de recuperação no km 100 da BR-101 e no km 92 da BR-226, em Tangará, na região do Trairi, onde caiu uma cabeceira de pontilhão.

Alfredo Nascimento vistoria as obras de desobstrução de bueiro no rio Pitimbu e recomposição do aterro que desmoronou em cerca de 30 metros da pista à altura do conjunto Cidade Satélite, na chamada “Ponte Velha”, no trecho da BR-101 que liga Natal a Parnamirim.

De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), as obras no km 92 e também no km 103 da BR-226, onde ocorreu desmoronamento de aterro da pista e se realiza a limpeza da área e recomposição do corpo estradal, têm prazo de conclusão em 25 de fevereiro.

Depois de vistoriar as obras de restauração das rodovias federais, o ministro dos Transportes vai a uma audiência com a governadora Rosalba Ciarlini (DEM), às 17 horas, na Governadoria, no Centro Administrativo de Lagoa Nova. Às 21 horas, Nascimento volta para Brasília.

O Rio Grande do Norte também foi incluso no Programa de Reabilitação de Obras de Artes Especiais (Proarte) do Dnit, que deverá abrir, no dia 25 do próximo mês, licitação pública das obras avaliadas em mais de R$ 150 milhões .No Estado estão previstos investimentos da ordem de R$ 28,8 milhões em 27 obras de artes especiais (OAEs).

Audiência pública nesse sentido já foi realizada em Brasília, anteontem, com detalhação do  programa feito pelo coordenador geral da Unidade de Programas Especiais (UPEsp) do Dnit, Francisco Thormann. “O objetivo é atender de imediato as obras de restauração da malha rodoviária federal. Nossa expectativa é que os serviços sejam iniciados até o final de maio deste ano.”

O próximo passo é a publicação do edital de licitação que deverá ocorrer no prazo de um mês. A meta é restaurar 2.500 pontes em todo o País.  Para tanto, o Dnit vai investir R$ 5,8 bilhões, do Orçamento Geral da União. O Programa conta, ainda com o aval do Banco Mundial, e por isso, no futuro, poderá haver ressarcimento de recursos aplicados pelo Governo Federal. Esse valor que poderá ser investido pelo Banco ainda será definido.

Na primeira fase serão recuperadas 500 pontes. Até 2014, todas as unidades da federação serão beneficiadas pelas intervenções. Hoje, o DNIT tem sob sua responsabilidade mais de 4.300 pontes, viadutos e pontilhões que, colocadas lado a lado, somariam uma extensão total de 264 quilômetros

Para liberar o trânsito na região metropolitana de Natal, o Dnit fez um acesso pelo canteiro central da rodovia, direcionando o fluxo no sentido Sul/Norte (Parnamirim/Natal) a uma das faixas do sentido contrário da pista duplicada. Com isto, cerca de 200 metros da rodovia está operando em mão dupla.

 Os trabalhos de recomposição da pista já foram iniciados pelo Exército, que é o responsável pela duplicação daquele trecho da BR-101. A previsão é de que estejam concluídos até o dia 15 de fevereiro, quando o tráfego no local será normalizado.

Nas obras de recuperação do trecho da BR-101, no sentido de quem entra em Natal, estão sendo utilizadas pelo Exército duas máquinas compactadoras, três caçambas, um caminhão tanque, uma retroescavadeira e uma recuperadora de rodovias.  Até à conclusão dos serviços, os usuários devem utilizar desvios.

Idema vai divulgar perícia

Dentro de duas semanas o  Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (Idema-RN) deverá divulgar o resultado da perícia que o órgão decidiu executar na área do rio Pitimbu, no trecho onde foi aberta uma cratera de pelo menos 30 metros no leito da rodovia federal BR-101, na chamada “Ponte Velha”, na divisa entre os municípios de Natal e Parnamirim.

Uma equipe do Idema esteve no local na segunda-feira, dia 24, quando realizou uma vistoria técnica e registrou o ocorrido. Em face disso, o órgão estadual constituiu equipe multidisciplinar para realizar perícia ambiental na área do desmoronamento de parte da BR-101, no município de Parnamirim.

 A TRIBUNA DO NORTE tentou detalhar essa tomada de decisão com o assessor técnico do Idema, Leonardo Tinoco, mas não conseguiu localizá-lo pelo telefone celular. A assessoria de imprensa do Idema informou que a vai delimitar a área de influência dos danos e indicar as ações de planejamento, monitoramento e fiscalização, das  ameaças ao rio Pitimbu, que é de vital importância para o abastecimento de Natal.

Segundo a assessoria do Idema, a medida foi necessária por envolver uma área ambientalmente frágil, protegida por Lei e com sua gestão de extrema complexidade por envolver os três níveis: federal, estadual e municipal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário