quinta-feira, 26 de maio de 2011

Entrevista >> Fafá de Belém

Sérgio Vilar
 
"Espero 'falar' com as pessoas"
Fafá de Belém é personagem da história política, religiosa e musical brasileira. Talvez até da estética e do movimento feminista, por que não? Desbocada em entrevistas e firme nas posições ideológicas que defende, a intéprete que sobe ao palco hoje no Teatro Riachuelo (às 21h) concedeu entrevista rápida ao Diário de Natal, respondida de seu 'blackberry'. Respostas curtas e repletas de onomatopeias típicas do linguagem virtual e do humor comumente alegre de Fafá de Belém, preservadas na entrevista. Para abrir o show de Fafá de Belém, subirá ao palco a caicoese Dodora Cardoso e banda, com pegada mais complexa de arranjos. É que o show da cantora paraense é intimista até no nome: Piano e Voz. Foi montado para comemorar seus 35 anos de carreira. No álbum homônino, Fafá mostra mais uma vez toda a diversidade de seu trabalho, interpretando alguns dos grandes sucessos da sua carreira. Escancarada só mesmo sua célebre risada de puxadas agudas. O conceituado pianista João Rebouças dividiu com Fafá o palco em todas asfaixas. E participações do trompetista Marcio Montarroyos, dos saxofonistas Mauro Senize e Léo Gandelmann, e de Mariana Mascarenhas, filha da cantora.


Foto: Vera Donato/Divulgação.
Como se renovar após 35 anos de carreira?
Não se acomodando nem "se achando". Todos os dias há coisas acontecendo, não só na música. A internet nos traz um mundo de informações e interconexões. Minha filha se encarrega também de me sacudir e me mostrar outros movimentos, músicos, músicas, enfim. É não ficar parada. É olhar para os lados e não pro umbigo. Reconhecer o novo. Neste show, por exemplo, trago como convidado o Maestro Forro.

Como você, considerada uma estrela da MPB, lida também com a pecha de intérprete de canções bregas? O brega hoje virou cult?

Não sei, meu querido. A caricatura é sempre um risco. Gosto da música. Os rótulos eu deixo para quem está preocupado com isto!

Qual sua história com Natal? O que esperar do show no Teatro Riachuelo?

Minha história com Natal é minha história com o Brasil. Minha expectativa em relação ao Teatro Riachuelo é a de cantar como se estivéssemos numa serenata, num quintal ou sala de nossa casa, numa praia... Enfim, é voltar a essência da canção - um banquinho, um piano e a participação luxuosa de um instrumento de sopro!

E muita carga dramática na interpretação?

Isto SEMPRE! Hahahahaha. Será um repertório de sucessos com algumas belas surpresas. Espero "falar" com as pessoas e que cantemos juntos.

Você foi figura importante como representante da classe artística na campanha das Diretas Já. Como você vê o resultado de toda aquela luta hoje?

O resultado de nosso movimento, o fundamental, é o estado democrático e a consciência do cidadão de sua importância no processo.

E a respeito da ditadura da estética, você que sempre trouxe um lado feminista?

Hahahahahahah... Nesta questão também há a possibilidade da escolha de cada um. Seguir as "tendências" e virar mais um ou buscar seu estilo, o que é compatível com seu biotipo e mais confortavel para si.

Um momento marcante de sua carreira foi sua interpretação junto ao papa João Paulo II. A voz tremeu?

A escolha passou pela minha coerência entre "discurso" e "ação". O que muito me honra! Quanto a tremer... Acho que tremer é pouco para descrever o tsunami que lavou minha alma!

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