Repórter
O racha político entre a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) e o vice-governador Robinson Faria (PSD) terá implicações diretas no pleito 2012. Analistas, pré-candidatos a prefeito de Natal e líderes partidários são unanimes ao afirmarem que a geografia do pleito sofreu uma mudança com o novo cenário surgido a partir da divisão política da governadora e do seu vice.
emanuel amaralDisputa pelo Palácio Felipe Camarão levará a novas composições
Se antes Robinson Faria, presidente estadual do PSD, afirmava que Rosalba Ciarlini era a líder do seu grupo político e coordenaria a sucessão da Prefeitura de Natal, hoje o vice-governador se coloca frontalmente contrário ao palanque da chefe do Executivo estadual. Para o cientista político e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Antonio Spinelli, o pleito de 2012 será fundamental para o projeto político de Robinson Faria, que pretende disputar o Senado Federal. "Robinson Faria não tem uma penetração tão grande no eleitorado de Natal e buscará isso com a eleição do próximo ano", analisa o professor.
Já o pré-candidato a prefeito de Natal Carlos Eduardo (PDT) alerta que a chegada de Robinson Faria na oposição não traz um fortalecimento maior, como poderia ocorrer, porque hoje os oposicionistas estão divididos. "Cada partido de oposição quer lançar seu candidato. A oposição hoje está dividida e fragilizada", destaca.
Pré-candidato pelo PMDB, o deputado estadual Hermano Morais avalia que não haverá impedimento para os peemedebistas buscarem o apoio de Rosalba Ciarlini e Robinson Faria para a eleição na capital potiguar. "Não foi o PMDB que provocou esse racha. Lamento o que ocorreu, mas agora iremos conversar tanto com o DEM quanto com o PSD para discutir o apoio", comenta.
Já o deputado estadual Agnelo Alves (PDT) é cauteloso ao avaliar as implicações políticas para 2012. "É preciso deixar a poeira baixar, vamos esperar a poeira sentar", comenta.
Ponderação também é adotada pelo pré-candidato a prefeito de Natal pelo PT, deputado estadual Fernando Mineiro. Para ele, o mais evidente é que o PSD exclui das suas alianças o DEM e PMDB no pleito da capital potiguar.
Independente de serem mandatários, aspirantes a cargos públicos ou analistas políticos, eles acreditam numa maior concentração de esforço do vice-governador Robinson Faria na eleição de Natal, já que está na capital o maior colégio eleitoral do Estado, fundamental para qualquer político que planeja disputar uma eleição estadual, como é o caso do vice-governador.
Deputados preferem adotar a cautela
Os deputados são cautelosos ao avaliar os efeitos do racha entre o vice-governador Robinson Faria e a governadora Rosalba Ciarlini. O deputado estadual Agnelo Alves (PDT) observa que é preciso esperar um pouco para os efeitos começarem a ser observados.
"O pó ainda não sentou. Mas as implicações deverão ser grandes. A partir da eleição de 2012 saberemos quem são o que dominarão. A situação hoje é que Robinson rompeu, mas ainda não chegou na oposição", destaca.
O deputado federal Felipe Maia (DEM) considera precipitado fazer análise sobre o que muda no pleito de 2012 a partir da divisão política no Governo. "Não tenho como dizer o que vai acontecer. Não sei qual postura o vice-governador vai adotar. Até o momento ele não se manifestou sobre quais projetos ou caminhos irá adotar em 2012", comenta.
Partido não descarta composições
Embora o vice-governador Robinson Faria tenha rachado com o grupo da governadora Rosalba Ciarlini, os peessedistas se mostram ponderados para o pleito 2012 e preferem não descartar nenhuma aliança. O deputado federal Fábio Faria, único representante do PSD na bancada federal potiguar, observa que é precipitado tratar das coligações para o próximo ano.
"Condeno qualquer tipo de decisão antecipada. É precipitado falar sobre qualquer coisa, cada eleição é uma eleição. Tudo dependerá de como estarão os partidos nacionalmente e isso nós não sabemos ainda", comenta o parlamentar. Para ele, é preciso esperar inclusive a definição da presidente Dilma Rousseff.
Mas pelo fato de ter rachado com o grupo da governadora Rosalba necessariamente o PSD estará em palanque distinto do DEM no pleito de 2012? "Tudo pode acontecer na eleição de 2012. A conjuntura nacional pode influenciar bastante no pleito. A aliança em São Paulo (onde está o prefeito Gilberto Kassab) pode influenciar também numa aliança em Natal", responde Fábio Faria.
Especificamente com relação ao pleito 2012, Fábio Faria destaca que é preciso "montar uma chapa vencedora". "Vamos fazer uma chapa que reúna o maior arco de aliança possível, seja um aliança importante, com projetos para serem apresentados a Natal", observa. O deputado federal do PSD ressalta que o partido não irá impor, mas negociará diretamente na formação dessa aliança.
"Está tudo muito aberto. Não é descartado termos um candidato a prefeito de Natal", comenta, acrescentando que o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, deixou os líderes da legenda no Estado potiguar a vontade para fazer quaisquer coligações. Fábio Faria ressalta que nenhuma candidatura está descartada, como também nenhuma está posta. "O Rio Grande do Norte tem muitos partidos fortes, mas é sabido que na capital prevalece os desempenhos pessoais", completa.
Analista vê oposição desarticulada
O cientista político e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Antonio Spinelli avalia que a oposição está desarticulada, fato apontado pelas candidaturas próprias dos diversos partidos. Observando o perfil do vice-governador Robinso Faria, o professor observa que o líder do PSD não tem uma grande influência na capital potiguar, o que irá buscar reverter a partir do pleito de 2012.
"Ele vai tentar na região dele eleger o maior número de prefeitos, buscando se fortalecer no interior, e também tentará participar da eleição em Natal. Essa seria a forma de penetrar no colégio eleitoral que ele não tem tanta visibilidade", diz Spinelli, lembrando que essa estratégia de procurar maior penetração na capital foi adotada pela governadora Rosalba Ciarlini, quando ainda era senadora e teve uma grande participação no pleito de 2008, apoiando a então candidata Micarla de Sousa. "Foi a forma que ela encontrou para tirar a marca de ser prefeita de Mossoró", comenta.
Ao avaliar os candidatos ao pleito de 2012, o professor da UFRN observa que o ex-prefeito Carlos Eduardo aparece com grandes possibilidades devido ao fenômeno ocorrido no pleito de 2008, quando a população elegeu o "novo" com Micarla de Sousa e teve "grande decepção". "O natural é que na eleição seguinte (em 2012) o eleitor procure votar em quem já conhece, por isso que os dois nomes que aparecem em primeiro nas pesquisas são do ex-prefeito Carlos Eduardo e da ex-governadora Wilma de Faria", afirma.
E como Robinson Faria se portará na oposição ao lado de Wilma de Faria, de quem foi oposicionista no pleito de 2010? "As feridas políticas são as mais fáceis de serem curadas. A questão são as ambições de cada um", responde, de pronto, o professor, fazendo referência ao projeto político do vice-governador que deseja ser candidato ao Senado em 2014.
Ao avaliar a situação do vice-governador Robinson Faria, que se coloca na oposição ao próprio Governo, Antonio Spinelli observa que a tendência é ocorrer com Faria o mesmo que foi feito a Micarla de Sousa quando foi vice-prefeita de Carlos Eduardo. "Ele vai ser isolado no Governo. Se isso pode lhe prejudicar ou não dependerá do desempenho do próprio Governo", destaca.
Pré-candidatos reconhecem dispersão
Pré-candidato a prefeito de Natal pelo PDT, o ex-prefeito Carlos Eduardo acredita que o sistema governista lançará candidato único ao pleito da capital potiguar, enquanto que a oposição trará diversos postulantes ao Palácio Felipe Camarão. Para Carlos Eduardo, nesse cenário reside exatamente o principal problema da oposição.
"Nesse momento a oposição não tem projeto para 2014 e está dividida em 2012. Resta saber se o processo político vai unir a oposição que agora tem a presença do PSD. Se unir poderá ter vitórias importantes em 2012 e perspectivas boas para 2014", avalia o presidente estadual do PDT.
Ele se mostra preocupado com a fragilidade demonstrada pela oposição na capital potiguar. "A oposição está dividida e enfraquecida porque cada partido tem seu candidato a prefeito", destaca, enfatizando que o PSD está esvaziado no Rio Grande do Norte.
Carlos Eduardo confirmou que dirigentes da ala pedetista já conversaram sobre alianças para 2012 com representantes do PT, PC do B e PSD. "Vamos avançar com outros partidos para ver se tem condição de união", comenta. O ex-prefeito de Natal chama atenção que o maior desejo do governo agora é "a oposição dividida". "A oposição está enfraquecida e hoje vive mais dos erros do governo Rosalba do que do seu próprio trabalho", avalia.
Carlos Eduardo vai mais além na análise e acredita que o sistema governista já fechou a chapa para 2014, com a reeleição de Rosalba Ciarlini, abrindo espaço para um vice do PR, do PMN ou do DEM e o PMDB indicando o candidato ao Senado. "As especulações indicam o nome de Henrique Eduardo Alves para o Senado. O governo vai procurar apoiar, em 2012, candidato do próprio sistema", diz.
PMDB
O pré-candidato a prefeito pelo PMDB, o deputado estadual Hermano Morais, disse que lamenta o racha político entre Rosalba Ciarlini e Robinson Faria, mas afirma que o PMDB irá procurar o DEM e PSD. "O PMDB não tem divergência nem com um e nem com outro. O nosso partido não terá dificuldade de buscar o apoio dos dois", destaca, chamando atenção para o papel no cenário estadual e nacional exercido pelo PSD.
PT
Já o pré-candidato a prefeito pelo PT, deputado estadual Fernando Mineiro é ponderado ao avaliar o racha político entre o vice-governador e a governadora. "É precipitado prever qualquer tipo de mudança. Minha primeira leitura é que Robinson Faria possivelmente não somará forças com o DEM e PMDB. Agora qual será a posição que ele (o PSD) venha a tomar é preciso esperar", afirma.
Fernando Mineiro ressalta que o PT buscará todos os partidos que não tem pré-candidato a prefeito. "Podemos procurar o PSD. É precipitado avaliar o reflexo", completa.
PSB
A ex-governadora Wilma de Faria, pré-candidata a prefeita de Natal pelo PSB, avalia que o ideal da oposição seria lançar um candidato único a prefeito de Natal. No entanto, ela pondera que o enfraquecimento é menor já que o pleito de Natal é decidido em dois turnos.
"O ideal era que todos da oposição estivessem unidos. Mas como temos dois turnos, o enfraquecimento é menor", avalia. A ex-governadora é cautelosa ao afirmar que não sabe o que poderá mudar após o racha político entre Robinson Faria e Rosalba Ciarlini.
"Depende muito do vice-governador Robinson Faria. Ele tem uma liderança no Agreste e também em Natal. Ele (Robinson Faria) será muito importante para fortalecer a oposição", observa Wilma de Faria.
Questionada se buscará o apoio do PSD para o projeto político de 2012 do PSB, a ex-governador é enfática: "todo projeto político objetiva acima de tudo uma somação de esforços. Quero somar esforços e o apoio dele é muito importante".
A ex-governadora enfatiza que a presença do vice-governador Robinson Faria na oposição se torna importante pelo trabalho realizado por ele no Estado. "A presença de Robinson Faria na oposição é muito importante não só em Natal, mas em todo Estado. A oposição fica mais forte", completou.
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