Hemofílicos assistidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) têm garantida a chamada “profilaxia primária” para o tratamento de hemofilia grave dos tipos A e B. O procedimento preventivo à doença é indicado para pacientes com até 3 anos de idade que tenham tido até uma ocorrência de sangramento ou hemorragia da articulação (hemartrose). O tratamento profilático, que consiste no uso de medicamento (hemoderivado) para a reposição do Fator de Coagulação VIII no organismo, previne lesões nas articulações (artropatias) como também diminui a possibilidade de sangramentos. “Esperamos que estas crianças ganhem uma melhor qualidade de vida. Prevenindo as conseqüências da hemofilia desde cedo, os pacientes têm de utilizar menos medicamentos e passam por menos interferências hospitalares”, destaca o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
A profilaxia primária passa a ser oferecida no SUS a partir deste mês,
respaldada por protocolo discutido desde 2006 pelo Comitê Nacional de
Coagulopatias, coordenado pelo Ministério da Saúde. Para ter acesso ao
tratamento e receber o hemoderivado (Fator VIII), os pacientes precisam
estar cadastrados em um dos 35 Centros de Tratamento de Hemofilia (CTH),
onde têm orientação e acompanhamento médico para a obtenção do
medicamento de uso domiciliar. A adesão ao tratamento está condicionada à
avaliação clínica, social e psicológica e também à assinatura de termo
de consentimento, pelo qual o paciente (ou responsável) atesta a
responsabilidade pelo tratamento em casa. Do total de CTHs implementados
no país, 32 são vinculados a hemocentros coordenadores de redes
estaduais e regionais e unidades de menor porte em hemocentros e
hemonúcleos nos estados.
O tratamento profilático da hemofilia é recomendado pela Organização
Mundial da Saúde (OMS). O coordenador de Sangue e Hemoderivados do
Ministério da Saúde, Guilherme Genovez, reforça que o tratamento
domiciliar deve ser iniciado anteriormente ao desenvolvimento de danos
nas articulações. “A prevenção, por meio da profilaxia primária, reduz o
risco da instalação de deficiências físicas permanentes, trazendo
também benefícios ao paciente e também à sociedade. As crianças passam a
ter melhor desempenho escolar, por exemplo, e os adultos, aumento da
produtividade, reduzindo-se substancialmente a possibilidade de
invalidez”, afirma.
Atualmente, 15 mil portadores da doença são assistidos pela rede
pública de saúde (recebem medicamentos pelo SUS, incluindo aqueles que
possuem convênios e planos de saúde ou que recorrem ao sistema privado
de saúde). Deste total de pacientes, 10.464 mil são cadastrados como
hemofílicos A e B.
INVESTIMENTO– Para garantir a profilaxia primária aos
hemofílicos assistidos pelo SUS, o Ministério da Saúde adquiriu 304
milhões de UI (Unidades Internacionais) de Fator VIII para utilização
neste ano e 850 milhões de UI para os próximos dois anos, sendo 640
milhões de unidades para 2012 e 210 milhões de UI para o primeiro
trimestre de 2013. O investimento financeiro total chega a R$ 522
milhões.
HEMOFILIA – A hemofilia é uma doença hemorrágica, de
herança genética, que leva à perda de mobilidade do paciente. Ela se
caracteriza pela deficiência quantitativa e/ou qualitativa de Fator VIII
(hemofilia A) ou de Fator IX (Hemofilia B). O tratamento profilático
corresponde à reposição destes fatores no organismo, de maneira
periódica e ininterrupta a longo prazo, iniciada antes ou após
ocorrência do primeiro sangramento ou hemorragia da articulação
(hemartrose) e antes dos 3 anos de idade, por período superior a 45
semanas por ano.
INDICAÇÃO – A profilaxia primária é indicada para pacientes:
- Com diagnóstico confirmado de hemofilia A ou B grave; isto é, com dosagem de Fator VIII ou IX menor que 1%;
- Que tenham idade até 3 anos e apresentado pelo menos um episódio de hemartrose em qualquer articulação ou hemorragia intracraniana;
- Que tenham tido até um sangramento articular.
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