Rio - O prefeito Eduardo Paes confirmou nesta quinta-feira que
19 pessoas estão oficialmente desaparecidas nos desabamentos que
atingiram três prédios no Centro, na noite desta quarta. As informações
foram repassadas aos bombeiros por familiares que se concentram no
centro de resgate, localizado na Câmara dos Vereadores, na Cinelândia,
em frente ao local do desabamento de dois dos três prédios.
Um prédio de 20 andares desabou na noite desta quarta na Avenida
Treze de Maio, número 44. Com a queda, os imóveis ao lado, um de oito e
outro de quatro andares também ruíram. Cinco pessoas ficaram feridas. "O
número que temos é de 19 desaparecidos. Os bombeiros trabalham
intensamente para encontrar essas pessoas", afirmou Paes, ao “Bom dia
Rio”.
O prefeito disse ainda que a possibilidade de explosão por conta de
vazamento de gás nos desabamentos está descartada. De acordo com ele, a
tragédia deve ter sido causada por um problema estrutural.
"Recebi informações que descartam possibilidade de explosão de gás.
Mas temos que apurar o que aconteceu. Parece que existia uma obra de
reforma num andar no prédio, que é um coisa autorizada pelo próprio
condomínio. A maior probabilidade é de um problema estrutural. A Defesa
Civil não havia recebido denúncia de abalo. A prioridade é ajudar os
bombeiros no trabalho de resgate", disse o prefeito.
Bombeiros, policiais militares e equipes da Prefeitura trabalham no
local para encontrar vítimas. Até o momento, cinco pessoas - quatro
homens e uma mulher - foram encaminhadas feridas para o Hospital Souza
Aguiar.
Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia
Por conta do incidente, a Rua Evaristo da Veiga; a Avenida Almirante
Barroso, entre Rio Branco e Senador Dantas, acesso à Avenida Rio Branco
pela Avenida Presidente Vargas e Avenida Chile, encontram-se
interditadas ao tráfego de veículos em ambos os sentidos. O desvio da
Almirante Barroso para quem vem da Avenida Rio Branco está sendo feito
pela Rua da Carioca. Quem vem da Avenida Henrique Valadares está sendo
feito pela Rua Gomes Freire, acessando a Rua Mem de Sá e a Rua do
Passeio.
De acordo com testemunhas, um tremor foi sentido pro volta de
20h30 junto de forte estrondo na hora do desabamento e uma grande nuvem
branca tomou conta da região. Nos arredores do prédio foram ouvidos
diversos gritos de socorro. Diversos veículos foram atingidos e há
relatos de cheiro de gás no local. Cinco vítimas foram socorridas com
vida logo após o desabamento e encaminhadas para o Hospital Souza
Aguiar.
Os feridos foram identificados como Marcelo Antonio Moreira, 50 anos,
Francisco Rodrigues da Costa, 37, Cristiane do Carmos, 28, André Luiz
da Silva, 37, e Alexandre da Silva dos Santos, 31. Marcelo é zelador do
prédio de oito andares e teve um corte na perna. Francisco, operário de
uma obra no edifício maior teve ferimentos leves e já foi liberado.
André também teve ferimentos leves, além de dor abdominal
Alessandro trabalhava como decorador em uma obra no 9º andar e foi resgatado dentro do elevador sem hematomas. Ele ficará em observação até o meio-dia desta quinta-feira. Já o estado de Cristiane inspira cuidados. Ela foi atingida por um bloco de concreto e sofreu uma lesão na cabeça. Cristiane trabalhava no prédio como decoradora.
Alessandro trabalhava como decorador em uma obra no 9º andar e foi resgatado dentro do elevador sem hematomas. Ele ficará em observação até o meio-dia desta quinta-feira. Já o estado de Cristiane inspira cuidados. Ela foi atingida por um bloco de concreto e sofreu uma lesão na cabeça. Cristiane trabalhava no prédio como decoradora.
Um cordão de isolamento foi formado e um prédio ao lado de 21 andares
foi isolado e também correria risco de desabamento. Pessoas chegaram a
ficar isoladas nos andares mais altos, já que escombros atingiram as
escadas e a portaria do prédio.
O trabalho dos Bombeiros foi dificultado por conta da quantidade de
carros no entorno do prédio que desabou. Desde o momento do desastre,
diversas pessoas saíram dos escombros, sujos de terra, muitos chorando e
alguns ensanguentados.
Em virtude do desabamento a Secretaria de Estado de Saúde colocou em
alerta todos os hospitais da rede pública estadual e as Unidades de
Pronto Atendimento (UPA) da Tijuca e Botafogo, que são as mais próximas.
O secretário de Saúde Sérgio Côrtes também esteve no local.
Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia
Às 21h13, a Light foi acionada para cortar a luz em toda a região e
equipes já se dirigiram ao local para realizar o serviço. Ainda não há
informações sobre as causas do desabamento. A CEG também foi acionada e
desligou toda a rede da região. A empresa não sabe o que pode ter
causado o desastre.
Dois fiscais do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-RJ)
estão acompanhando os trabalhos da Defesa Civil e do Corpo de
Bombeiros. O objetivo é buscar as primeiras informações para detectar as
causas do desabamento do edifício. Nesta quinta-feira, a partir das 9
horas, o presidente da Comissão de Análise e Prevenção de Acidentes
(CAPA), Luiz Antonio Cosenza, estará no local para dar prosseguimento
aos trabalhos.
O comandante do Corpo de Bombeiros, o coronel Sérgio Simões afirmou
que não há risco de desabamento no prédio de 20 andares ao lado, que
fica de frente para a Avenida Chile, e no prédio anexo ao Theatro
Municipal. Simões disse ainda ser pequena a possibilidade de encontrarem
sobreviventes debaixo dos escombros.
Um posto de referência, que estava na agência da Caixa Econômica
Federal, foi transferido para o prédio da Câmara dos Vereadores. Lá,
familiares podem buscar informações sobre pessoas desaparecidas.
Quatro estações do metrô fechadas
Visando a segurança dos passageiros, a direção do Metrô Rio fechou às
21h55 as estações Cinelândia, Carioca, Presidente Vargas e Uruguaiana,
que ficam no entorno do desabamento. Nesta quinta-feira o funcionamento
será nomal, informou o prefeito Eduardo Paes.
A linha 1 funciona de Saens Pena até a Central e da Glória até
General Osório, sendo interrompida no trecho do Centro. A linha 2
funciona da Pavuna até Estácio. Para ir à Central, é preciso fazer a
transferência para a linha 1. A baldeação será no Estácio para desafogar
a estação Central.
Poeira branca tomou conta de ruas do Centro | Foto: Leitor @rodriggomiranda
Os técnicos da concessionária, junto à Defesa Civil e Corpo de
Bombeiros, começaram a avaliar na noite desta quarta-feira se a tragédia
afetou alguma estrutura do metrô ou se há vazamento de gás na região.
Testemunhas relatam pânico
Um homem que estava em frente ao prédio afirmou que ajudou a retirar
três pessoas feridas dos escombros após o acidente. Orlando Silvino, de
52 anos, estava em um churrasquinho na frente da construção e afirmou
que as pessoas foram levadas para o Hospital Souza Aguiar, também no
Centro.
O analista de sistemas Fernando Amaro, de 29 anos, também estava na
frente do prédio e contou que fugiu das primeiras pedras que cairam
antes do desabamento total. De acordo com Fernando, ele aguardava um
grupo de 10 amigos que faziam um treinamento no 6º andar. Os bombeiros
aumentaram o isolamento no local para impedir a aproximação de curiosos.
Reportagem de Bruno
Menezes, Christina Nascimento, Clarissa Mello, Diogo Dias, Francisco
Edson Alves, Guilherme Santos, Maria Luisa Barros, Pamela Oliveira,
e Ricardo Albuquerque
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