Na solenidade de posse de dois secretários de Estado, um da cota pessoal da governadora Rosalba Ciarlini e outro indicado pelo PR do deputado João Maia o sorriso do último parecia mesmo um sorriso de oportunista.
A adesão do PR ao governo é fato normal para muitos, em nossa política da falta de vergonha e da falta de respeito ao eleitor.
Mudar de posição não é proibido; principalmente na esfera política. A
questão é ter motivo para mudar de posição, para evitar o adesismo puro
e simples que campeia em nossa atmosfera política.
O PR é um partido independente e seu presidente regional, deputado
João Maia, idem. Teve tudo para apoiar a candidatura de Rosalba em 2010.
Não o fez. Preferiu manter os cargos que indicara no governo do PSB de
Wilma e Iberê e foi aos palanques pedir votos para a reeleição de Iberê.
Um ano depois de ter tentado derrotar Rosalba Ciarlini para o Governo
do Estado, João Maia desce de paraquedas na governadoria para
participar, como estrela, da posse do presidente de seu partido em
Natal, no cargo de secretário de Justiça, substituindo o advogado Thiago
Cortez, que lutou nos tribunais para Rosalba não ser prejudicada pelo
candidato de João Maia.
O sorriso farto tanto quanto falso de João Maia, revela que a classe
política já não tem a menor preocupação com o que pensa o eleitorado. O
partido sequer ouviu seus vereadores em Natal ou Mossoró para comunicar a
adesão e sua consequente mudança de discurso.
O vereador Assis Oliveira não gostou da ‘surpresa’; o vereador
Genivan Vale, de Mossoró, reagiu: ‘Não sou moleque para mudar de
discurso’.
Ora, se o PR não teve respeito sequer com seus representantes, o que esperar do partido em relação ao povo, ao eleitorado?
O pior é que não há qualquer preocupação em justificar a
desavergonhada mudança de discurso. Em entrevista a O JORNAL DE HOJE,
João Maia foi ao cúmulo do cinismo, pleonasmo quando se trata de
político.
Veja o que disse o nobre parlamentar: “Para mim, continuar com uma disputa política após as eleições era algo mesquinho”.
Nesse caso, quem não é adesista, é considerado mesquinho pelo deputado João Maia. Não seria o contrário?
Portanto, no caso local, Wilma de Faria, Iberê Ferreira, Fátima
Bezerra e João Maia até dezembro do ano passado, eram ‘mesquinhos’.
No plano nacional, o senador José Agripino, que não tem se curvado ao
Governo Federal desde a eleição de Lula, também é ‘mesquinho’.
Mesquinharia é mudar o discurso sem qualquer justificativa
convincente em troca de cargos no Governo, sem consulta aos eleitores ou
filiados ao partido e sem respeito ao que disse em passado recente.
Rosalba não tem culpa de termos políticos como João Maia, que não
conseguem viver longe das tetas oficiais, das benesses do poder. Para
ela, é um partido a mais que entra na contabilidade política; um
deputado a mais na Assembleia, dois vereadores a mais em Natal; alguns
prefeitos e lideranças a mais no interior que terão que engolir o que
disseram para evitar que ela fosse eleita.
A adesão de João Maia é mais um soco no estômago do eleitorado, que é
ludibriado pelos políticos na briga de faz de conta dos falsos
palanques e depois se reúnem para fatiar o Governo e dividir as
conveniências e interesses.
Sorria João Maia. Seu sorriso é o retrato da falsidade política de quem não respeita a própria palavra.
Sorria também falsamente Rosalba. Sua retribuição ao falso sorriso é a
fotografia de quem sabe que o Governo conhece o preço de cada um e
executa a tabela com maestria, desmoralizando quem bradou contra você,
desmerecendo sua capacidade de vencer a eleição.
E todos sorriem satisfeitos com a enganação que promoveram contra o eleitorado.
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