Ricardo Araújo - repórter
Após
ter assumido a responsabilidade das obras da Barragem de Oiticica, em
Jucurutu, distante 262 quilômetros de Natal, o Departamento Nacional de
Obras Contras as Secas (Dnocs) - Regional Rio Grande do Norte - alterou o
projeto inicial e incluiu a construção de nove comportas para controle
do fluxo da vazão da água que ficará reservada na estrutura. Com isto, a
futura barragem que terá capacidade para reservar até 600 milhões de
metros cúbicos de água, custará R$ 320 milhões. Em relação ao primeiro
projeto, o empreendimento sofreu um aporte orçamentário de R$ 60
milhões. A construção do reservatório será viabilizada com recursos
federais através do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC).
O
diretor-geral do Dnocs/RN, Elias Fernandes, foi a Brasília no início
desta semana para apresentar um estudo técnico detalhando a necessidade
da inserção das comportas no projeto executivo do empreendimento. Ele
apresentou, ao ministro da Integração, Fernando Bezerra, além de
representantes da coordenação do PAC, fotografias dos municípios
atingidos pelas enchentes ocorridas em 2008 e 2009. Somente em 2009, os
prejuízos com a inundação de fazendas de camarão, salineiras e
plantações de frutas na região do Vale do Açu, chegou a R$ 100 milhões.
"Além das fotografias das cidades atingidas pelas enchentes, eu
argumentei que os prejuízos de apenas um dos anos das inundações
correspondem a um terço do valor da barragem", destacou Elias Fernandes.
Em relação ao atraso do início das obras do reservatório - as
discussões acerca da necessidade deste empreendimento se estendem há
aproximadamente 20 anos - ele comentou que a morosidade acabou sendo
benéfica para a população dos municípios que serão beneficiados com o
complexo. "A grande vantagem do atraso foi que o projeto voltou para o
Dnocs. Foi possível incluir o sistema de comportas que irão regular a
vazão de água e impedir que ocorram inundações em pelo menos seis
municípios da região do Vale do Açu", afirmou Elias Fernandes.
Inicialmente,
a construção da Barragem de Oiticica seria viabilizada através de uma
parceria do Dnocs/RN com o Governo do Estado, através da Secretaria
Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh). Entretanto, em
agosto do ano passado, de forma cautelar, o Tribunal de Contas da União
(TCU) determinou a suspensão de recursos financeiros para a primeira
etapa da construção do empreendimento. O TCU constatou um sobrepreço no
contrato com o consórcio EIT/Encalso de 13.75%, o que representava R$
33,2 milhões acima do preço de mercado.
A licitação para a
escolha da empresa de engenharia que irá construir o reservatório
ocorrerá entre março e abril deste ano, após a conclusão dos ajustes nos
projetos executivos da obra. De acordo com o diretor-geral do Dnocs/RN,
Elias Fernandes, deverão ser desapropriadas cerca de mil
residências/sítios na área rural que será inundada. "Além das
desapropriações, deveremos reassentar outras famílias, assim como
ocorreu em São Rafael no passado", disse. O processo de remoção destas
famílias, entre indenizações e construção de novas moradias, custará R$
40 milhões.
De acordo com Elias Fernandes, a aprovação do
projeto e o financiamento de mais R$ 60 milhões para a obra, é uma
grande vitória para o Estado. "Sobretudo para a economia potiguar. As
empresas localizadas na região do Vale do Açu terão a certeza de que
haverá um controle das cheias na região". Após a conclusão das obras de
Oiticica, a Barragem Armando Ribeiro Gonçalves passará por uma
intervenção que está orçada em R$ 120 milhões. O objetivo é integrar a
operacionalização das águas das bacias que cortam as regiões dos dois
reservatórios.
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