O segundo dia do julgamento de Lindemberg Alvez, 25, acusado de matar a
ex-namorada Eloá Pimentel, em outubro de 2008, Em São Paulo, foi
marcado pelo clima de tensão entre a defesa e a juíza que está à frente
do caso, Milena Dias, e pelo depoimento dos irmãos da vítima. O júri
ocorre no fórum de Santo André (Grande SP) e continuará hoje.
diogo moreira/futura press/aeAna Lúcia Assad (em pé na foto): ameaça de ser processada, após ter desacatado a juíza, ontem
A advogada Ana Lúcia Assad, que faz a defesa de Lindemberg, disse ontem para a juíza Milena Dias "voltar a estudar". Assad questionava um ponto técnico no inquérito durante o depoimento de uma testemunha - a perita Dairse Aparececida Pereira Lopes que falava a respeito de um laudo sobre a arma apreendida com Lindemberg.
Assad quis fazer mais uma pergunta à testemunha, mas o pedido foi inicialmente negado pela juíza, já que a defesa já havia tido seu momento para perguntar. "Pelo principio da verdade real, quero inquirir a testemunha novamente", disse a advogada, segundo reportagem publicada na Folha Online. A juíza retrucou: "Esse princípio não existe, ou pelo menos não o conheço com esse nome". Assad, então, respondeu: " "Então a senhora devia ler mais. Voltar a estudar".
Nesse momento, a promotora Daniela Hashimoto alertou a advogada de defesa. "O que a senhora disse é desacato, a senhora pode responder por isso", afirmou Hashimoto.
Pela manhã, a mãe de Eloá, Ana Cristina Pimentel, foi dispensada do julgamento. Arrolada pela defesa no primeiro dia de júri, foi, no entanto, dispensada ontem. Ao ser chamada. A defesa afirmou que não faria perguntas. A advogada de Lindemberg, Ana Lúcia Assad, ameaçou abandonar o julgamento caso a mãe de Eloá fosse ouvida.
Ana Cristina, no entanto, desejava falar. Ela disse, em entrevista coletiva, que gostaria de dizer que Lindemberg é um 'assassino' e 'quem ama não mata'. Ana Cristina disse não ter visto arrependimento nos olhos do réu.
Douglas, irmão da menina morta, assim como seu irmão mais velho, Ronikson, caracterizou Lindemberg como "monstro". A mãe de Eloá ouviu o depoimento do garoto, menor de idade, do plenário - ele tem 17 anos hoje e disse que vai acompanhar o resto do julgamento da plateia.
Ao sair para almoçar, a advogada de defesa de Lindemberg foi hostilizada e pediu escolta.
Eloá Pimentel, 15, e Lindemberg namoraram durante três anos e estavam separados havia um mês quando ocorreu o crime. A adolescente foi rendida pelo ex-namorado em 13 de outubro de 2008 e mantida por mais de cem horas dentro do apartamento em que morava, em um conjunto habitacional, em Santo André. Na ocasião, ela estava em companhia de três amigos, sendo que dois foram liberados no mesmo dia e outra, Nayara, que, apesar de ter sido libertada 33 horas depois, retornou ao apartamento no dia 16 de outubro.
O desfecho do caso ocorreu na noite do dia 17 de outubro quando a polícia invadiu o apartamento, alegando ter ouvido um tiro de dentro do imóvel. A acusação diz que Lindemberg atirou contra Eloá e Nayara, causando a morte da ex-namorada e ferindo a amiga dela na boca.
*Com informações da AE
Conclusões do júri e sentença de Lindemberg devem sair hoje
São Paulo (AE) - Hoje, a opinião dos jurados sobre as teses de defesa e acusação devem ser conhecidas, assim como o futuro de Lindemberg, que pela primeira vez deve apresentar sua versão. Seu interrogatório é esperado no terceiro e provável último dia do júri.
De um lado, o Ministério Público sustentará a tese de que o réu tem natureza agressiva e premeditou o assassinato da ex. De outro, a defesa tentará deslocar o foco do julgamento para a cobertura jornalística e a atuação policial e, em uma manobra arriscada, poderá afirmar que as balas que mataram Eloá não partiram da arma do acusado.
Já a promotora Daniela Hashimoto e seus assistentes já demonstraram a linha de trabalho que adotarão amanhã. Nos últimos dois dias, eles reforçaram a imagem violenta do réu, classificado em plenário pelos irmãos da vítima como "um monstro" que não merece perdão.
De acordo com informações da Folha Online, Lindemberg responde por 12 crime. Entre eles estão homicídio qualificado (motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima), tentativa de homicídio (contra Nayara e contra o sargento Atos Valeriano), cárcere privado e por disparos de arma de fogo.
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