A Bioenergy e a GE Energy inauguraram ontem, em Guamaré, os parques eólicos Aratuá 1 e Miassaba 2 - os primeiros a contar com turbinas da GE na América Latina. O Miassaba 2 é o primeiro parque privado (com energia vendida no mercado livre, sem subsídio nem interferência governamental) a operar no país. O contrato foi assinado ainda em 2009 com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). Ao todo, a empresa, considerada uma das pioneiras em energia eólica no Brasil, investiu R$ 120 milhões nos dois parques, que são capazes de gerar 28,8 MW de energia - quantidade suficiente para abastecer uma cidade com 70 mil habitantes. Juntas, as duas usinas geram 125 empregos, entre diretos e indiretos.
Júnior SantosO parque potiguar Miassaba 2 vai vender energia para a Companhia Energética de Minas Gerais
Os planos da Bioenergy, entretanto, não param por aí. Até o final de 2013, a empresa vai implantar mais quatro novos parques no estado, investindo um total de R$ 500 milhões. Há planos também para investir em energia solar. Tudo vai depender do mercado. Criada em 2002, a empresa conta com com uma capacidade total de 2,2 mil megawatts (MW) em projetos eólicos e 300 MW em energia solar. A Bioenergy está entre as cinco que emplacaram maior número de projetos nos leilões envolvendo energia eólica no Brasil. Também já realizou vários leilões por iniciativa própria. O próximo será em abril.
A empresa, que atua no Rio Grande do Norte e no Maranhão, continuará participando ativamente dos leilões, sejam eles realizados pelo governo federal ou por iniciativa própria, segundo Sérgio Marques, presidente da companhia. O executivo relembra o tempo em que comercializar energia eólica era considerado 'heresia'. A realidade mudou. "Hoje, a energia eólica é mais barata que a hidrelétrica".
Em menos de duas décadas, os estados ganharam dezenas de parques. Só no Rio Grande do Norte, há sete instalados. Outros 84 devem sair do papel até 2014, rendendo ao estado um investimento aproximado de R$ 11,2 bilhões. Sozinho, o RN detém 35% da capacidade instalada no país, o que equivale a 2,5 gigawatts (GW), segundo dados da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do estado. Embora tenha perdido posições nos últimos leilões, o RN continua líder em projetos emplacados e em oferta de energia.
Para Benito Gama, secretário de Desenvolvimento Econômico, o desafio ainda é atrair fábricas de equipamentos eólicos e desenvolver a cadeia produtiva. "Ceará, Bahia e Pernambuco conseguiram, mas o Rio Grande do Norte ainda não", reconhece. Para Benito, a falta de um porto competitivo a exemplo de Pecém, no Ceará, e Suape, em Pernambuco, atrapalha os planos. Jean-Claude Robert, líder de Negócios da GE para América Latina, concorda. Antes de decidir instalar uma unidade num determinado estado, a companhia, segundo ele, avalia mercado, incentivos fiscais, disponibilidade de mão de obra, infraestrutura e logística. A existência de um porto competitivo também pesa na escolha.
A GE, que hoje detém 20% do mercado nacional, não descarta a possibilidade de instalar indústrias no Rio Grande do Norte. "Construímos uma fábrica em São Paulo e estamos muito contentes com os resultados, mas não descartamos nenhuma possibilidade", afirma. Um 'time' da GE analisa os mercados mais promissores, dentro e fora do país. No momento flerta com a Argentina. Mas há um problema: "a Argentina não conta com um BNDES", banco que financia boa parte dos projetos estruturantes em implantação no Brasil, afirma Jean-Claude.
A governadora Rosalba Ciarlini, que participou da solenidade de inauguração, se mostrou disposta a dar incentivos fiscais para atrair possíveis investimentos. "Não faltará apoio, nem clientes", assegurou. O governo tem mantido diálogo com pelo menos dez empresas do ramo. A intenção é atrair fabricantes e não apenas parques.
LIDERANÇA NA AL
Números apresentados no Comitê Latino-Americano do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC) durante encontro que foi realizado no México neste mês ressaltam a liderança do Brasil no mercado eólico latino-americano. O País foi responsável por 50% das instalações efetuadas na América Latina em 2011, com 582,6 GW, e também se destaca quanto à capacidade total investida em energia eólica. Em seguida vem no ranking vem o México, com 31%, Honduras, respondendo por 9%, Argentina em 7% e Chile com 3%. O Brasil também se sobressai quanto à potência instalada acumulada por país, de 2008 a 2012, alcançando 1.509 MW. As perspectivas de crescimento até 2020 são positivas para o país. "Nossa previsão é que o Brasil atinja o potencial de 20.000 MW instalados até 2020. Para sustentar essa indústria, basta vender, pelo menos, 2 GW por ano, somando-se o mercado regulado e mercado livre", destaca Pedro Perrelli, Diretor Executivo da Associação de Energia Eólica (ABEEólica). A previsão é de que América Latina e Caribe atinjam 30.000 MW de capacidade cumulativa até 2020.
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