Foto - José
Carlos Nunes, 41, espera que a chuva chegue para dar o mínimo de
"condições" para os seus dois filhos, em Santa Brígida (BA). Mais de 750
municípios do Nordeste já decretaram situação de emergência e mais de 4
milhões de pessoas foram afetadas Beto Macário/UOL
A tranquilidade das estradas é quebrada pelo trânsito dos carros-de-boi
e caminhões-pipa, que circulam a todo instante transportando água para
as comunidades. Mas a fisionomia desiludida do nordestino –em meio a um
fenômeno comum na região– aponta que essa não é uma seca como outra
qualquer.
Apesar de acostumados com a falta de chuvas em boa parte do ano, os
sertanejos relatam, quase de forma unânime, que dessa vez o “castigo”
foi maior. Muitos falam que essa é “a pior seca da história”, similar à
vivida pelo Nordeste há 42 anos.
Ao todo, segundo dados das defesas civis estaduais, mais de 750
municípios já decretaram situação de emergência por conta da estiagem e
mais de 4 milhões de pessoas estariam em áreas diretamente afetadas.
No sertão alagoano, rios como o Traipu e o Ipanema, que sempre ajudam a
abastecer comunidades rurais nessa época do ano, estão secos. Na Bahia e
em Pernambuco, açudes que costumavam garantir a água para os animais
também secaram ou estão prestes a secar. Sem poços ou sistemas de
irrigação, a única solução é apelar para os carros-pipa.
“Aqui na região nunca vi uma seca como essa na vida. Já tivemos algumas
outras, mas ficar completamente sem água como agora, não ouvi dizer. Só
Deus para nos salvar”, afirma José Carlos Nunes, 41, morador de Santa
Brígida, no sertão baiano, onde não chove há mais de oito meses.
Dados oficiais
Somente na Bahia a seca já é considerada pelo governo estadual como a
pior dos últimos 47 anos –mais de 200 municípios estão em situação de
emergência no Estado.
Imagens captadas pelo satélite Meteosat-9 mostram que boa parte do
Nordeste enfrenta a maior seca dos últimos 30 anos. Em imagens
produzidas pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de
Satélites (Lapis) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) é possível
ver, por exemplo, que 80% do semiárido da região sofre com a estiagem
este ano, o que representa seis vezes o percentual registrado no ano
passado.Do Uol
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