terça-feira, 31 de julho de 2012

Problema com transporte reduz oferta de milho no RN

Um problema com o transporte de milho subsidiado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), para a pecuária,  reduziu pela metade a cota do produto destinada aos criadores no Rio Grande do Norte. De acordo com a Companhia, o estoque nos armazéns devem atender somente a demanda dos primeiros 15 dias de agosto.
Alberto LeandroArmazém da Conab: segundo a Companhia, estoque só dura 15 diasArmazém da Conab: segundo a Companhia, estoque só dura 15 dias

A Federação da Agricultura e Pecuária do RN (Faern) teme que caso o embarque - cuja retomada é prevista para esta semana - não seja realizado, falte o alimento para o gado.

De acordo com informações colhidas pela reportagem, há cerca de um mês o envio de milho para o Rio Grande do Norte está interrompido. Com o início da colheita do produto nos estados de Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, explica o superintendente regional da Conab/RN, João Maria Lúcio da Silva, as transportadoras têm preferido "o frete mais curto para os estados daquela região, em vez de vir para cá". O transporte de mais carga em menor tempo aumenta a lucratividade das empresas. "A greve dos caminhoneiros na última semana prejudicou ainda mais a situação", observa João Lúcio.

O atraso nos embarques fez com que das 17 mil toneladas previstas para abastecer o gado nos seis primeiros meses do ano, somente 11,5 fossem entreguem. "Esperamos para estes dias o restante, bem como o envio de mais 33 mil toneladas a partir de agosto", disse o superintendente regional da Conab/RN.

Em meio à seca que reduz a oferta de alimentação para o gado, o impasse com as transportadoras coloca o setor agropecuário em situação "dramática", segundo José Vieira, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária no estado (Faern). "É preciso que a bancada, o governo federal e estadual se sensibilizem e resolvam a questão. E obriguem as transportadoras que venceram o leilão do frete a honrar os compromissos", afirma José Vieira.

Com o racionamento do milho adotado pela superintendência regional da Conab, criadores com direito a cota de 14 toneladas por mês estão recebendo somente 7 toneladas. Alguns pecuaristas, explica Vieira, chegaram a ser atendidos somente com 50 sacas, o que representa 3 toneladas. "É uma situação apavorante. Pois não dispomos de pasto no campo", afirma.

Os pecuaristas buscam a ampliação do volume de milho disponibilizado pela Conab no estado. Para 2012, a Companhia Nacional de Abastecimento teria disponibilizado cerca de 40 mil toneladas de milho - vendido a preços subsidiados pelo governo federal. O preço sofreu queda devido as dificuldades enfrentadas com a estiagem. Para os que adquirem até 3 toneladas, o quilo sai por R$ 18,00; entre 3 toneladas e 7 toneladas de milho, por R$ 21; e para as cotas de 14 toneladas, o quilo custa R$ 24,60.

Mesmo que a entrega das 40 mil toneladas estivesse regularizada, o montante disponibilizado seria, entretanto, considerado insuficiente pelo setor. Em reunião com o governo na última semana, o presidente da  Associação Norte-Rio-Grandense dos Criadores (Anorc), Júnior Texeira, apresentou a proposta de ampliar para 100 mil toneladas a cota anual do produto, de agosto até março do próximo ano.

Em paralelo, os pecuaristas buscam ainda que o governo do Estado adquira o estoque previsto de bagaço de cana ou a própria cana, em usinas como a São Francisco, em Ceará Mirim, que não terá moagem este ano. "A ideia é garantir o volumoso disponível e em troca o governo daria a estas usinas compensação tributária de ICMS", explica Vieira.

NEGOCIANDO

O secretário adjunto de Agricultura, Pecuária e Pesca, José Simplício de Holanda, disse ontem que o governo do estado está a par das dificuldades enfrentadas pelos criadores e que uma possível solução no caso do milho seria negociar com outras empresas o transporte do produto. "O milho está vindo de caminhão. A previsão era que o problema estivesse resolvido em 15 dias. Resta ao Estado esperar e tentar estimular outras empresas a fazer esse transporte. O governo pretende estimular isso para evitar que esse tipo de problema se repita", disse, sem mais detalhes sobre o assunto. Com relação ao bagaço da cana, ele informou que o governo está buscando um acordo com as usinas  produtoras no estado para que destinem aos pecuaristas parte do bagaço que usam para gerar energia.  "Esperamos ter uma definição sobre isso em 15 dias", acrescentou. A proposta dos pecuaristas é que o governo adquira o estoque previsto de bagaço de cana ou a própria cana disponível em troca de compensação tributária de ICMS das usinas. O secretário adjunto confirmou que estão sendo negociadas compensações, mas não detalhou o que está na mesa de negociação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário