A estudante Jamilla Fernandes (foto e
matéria: CN Agitos), que é portadora de paralisia cerebral, tentava participar
das provas do Enem no sábado (03), em Currais Novos, mas foi vítima da
intransigência da coordenação do exame naquele município.
Inscrita regularmente no Enem 2012, Jamilla
praticamente foi impossibilitada de fazer a redação. Motivo: não foi permitido
que a candidata tivesse o auxílio de um computador, situação que consegue se
expressar com mais agilidade. “Ela vai balbuciar as palavras e uma pessoa vai
descrever”, taxou Aparecida Silva, coordenadora do Enem na escola Professor
Humberto Gama, local onde a estudante faz a prova.
O problema é que a coordenadora não foi
verificar na sala a real capacidade da estudante, que não consegue falar. Mesmo
insistindo com as monitoras, que confirmaram a impossibilidade de expressão
através da fala da estudante, a organização insistiu na decisão, segundo ela,
com o aval de José Gomes, coordenador do Enem no RN.
A mãe de Jamilla, Franssinete Fernandes,
ainda insistiu e procurou a coordenadora do Enem no município, Maria Gorete, e
ela foi conclusiva: “Não posso fazer nada. A orientação do MEC é receber e
aplicar as provas sem questionar, e não adianta entrar em contato com a coordenação
estadual, porque ele vai dizer a mesma coisa”.
“Não sei por que botam coordenadores na
organização se não sabem resolver nada. Ano passado Jamilla fez o vestibular da
Comperve, recebeu todo o apoio e todos os instrumentos que precisava para fazer
a prova, eu não quero que ela tenha nenhum tipo de regalia, só que lhe seja
respeitado o direito de fazer a prova, afinal ela estudou pra isso. Não sei o
que fazem nem a quem recorrer”, desabafa a mãe.
Franssinete disse ainda que quando fez a
inscrição da filha, não tinha especificando no formulário quais seriam os
instrumentos necessários, só as necessidades que Jamilla tinha. Ao entrar em
contato com o MEC, foi informada que a necessidade do aluno tem que ser
observada e atendida pelo fiscal da sala, e que não poderia dar autorização,
naquele momento, para a aquisição do computador. “Tentei falar com antecedência
com o pessoal do Enem, mas ninguém me escutou, fico muito triste que a minha
filha tenha que passar por isso”. Franssinete já analisa a possibilidade de uma
reparação judicial.
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