terça-feira, 4 de dezembro de 2012

CPI » Audiência revela nomes de suspeitos de raptarem crianças do Planalto

DN Online
 (Paulo de Sousa/DN/D.A. Press)

A audiência pública promovida na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, na manhã desta segunda-feira (3), com a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado voltada para o tráfico de pessoas, para tratar do desaparecimento das cinco crianças do bairro Planalto, ocorridos há 14 anos, teve revelações surpreendentes. A mais importante foi a dos nomes do casal de supostos missionários que agora são os principais suspeitos de terem raptado os pequenos. Tratam-se do norte-americano Jefrey Alan Preuus e a brasileira Arlete Cury Marhs, cujo endereço atual seria uma cidade no interior de São Paulo.

Ainda na audiência, o delegado de Polícia Civil Márcio Delgado Varandas, que atualmente é responsável por apurar os casos de desaparecimento das crianças do Planalto, admitiu ter relaxado nas investigações. A declaração foi duramente criticada pela presidente da CPI, a senadora Vanessa Grazziotin, e o vice-presidente, o senador Paulo Davim. Esse último, por sua vez, disse que a polícia do RN não tem condições de solucionar esses desaparecimentos. O senador irá nesta terça-feira ao Ministério da Justiça pedir que seja acelerado o processo de transferência das investigações para a Polícia Federal.

 (Paulo de Sousa/DN/D.A. Press)
O promotor de Justiça criminal Juvino Pereira, que acompanha o caso desde 2008 revelou que os dois supostos missionários já tinham sido citados no inquérito que apura os desaparecimentos desde o ano de 2001. Contudo, segundo o promotor, a Polícia Civil jamais levou essa linha de investigação à frente.

Familiares e parentes das crianças desaparecidas do Planalto estiveram presentes na audiência e confessaram ter medo de que essa seja uma iniciativa sem sucesso de se solucionar o caso.

Supostos missionários foram vistos com cinco crianças

Outra revelação importante na audiência pública promovida na Assembleia Legislativa na manhã desta segunda-feira (3) para tratar do desaparecimento das crianças do Planalto foi a de que o casal de supostos missionários Jefrey Preuus e Arlete Marhs foram vistos com cinco crianças em uma casa no bairro de Ponta Negra à época dos sumiços dos pequenos. Contudo, segundo o delegado Elói Xavier, que investigava naquele tempo os crimes, não foram checadas as identidades dessas crianças.

Elói Xavier conta que, em maio de 2001, a partir de um informante soube da existência dessas crianças na residência alugada em Ponta Negra pelo casal de supostos missionários, o norte-americano Jefrey Alan Preuus e a brasileira Arlete Cury Marhs. “O problema é que esse informante não repassou esse dado diretamente para mim, mas sim à equipe da 10ª delegacia (Elói era da 14ª DP naquele tempo). Ele também descobriu que o casal estava para viajar para São Paulo com seus dois filhos, essas cinco crianças e um outro casal de moradores de rua”.

Segundo Elói Xavier, munido dessa informação, o então titular da 10ª DP, o delegado Heleno Luís, decidiu cercar o bairro de Ponta Negra para flagrar os supostos missionários com as crianças indo para o aeroporto, para pegar o voo de 2h da madrugada. “E também me proibiram de participar desse cerco. Então decidi ir com minha equipe para o aeroporto sozinho”.

O delegado contou ainda que, apesar desse esforço da polícia, o casal de supostos missionários acabou percebendo a movimentação policial e acabou, de última hora, trocando o horário do voo para 15h daquele mesmo dia, não saindo mais de casa. “Mas ainda conseguiram um mandado de busca para residência do casal. Ali, Heleno Luís viu as cinco crianças e pediu a documentação delas. Os suspeitos apresentaram papéis e Heleno afirmou ter reconhecido a assinatura da tabeliã do 5º cartório. Sem conferir se tais documentos eram verídicos, ele liberou o casal”.

Elói Xavier afirma que foi, desde então, afastado das investigações sobre os desaparecimentos das crianças do Planalto. Ele destacou ainda que os supostos missionários faziam trabalhos sociais e de pregação no bairro onde sumiram as crianças exatamente à época em que começaram os casos. “Todas as vezes que eles apareciam no Planalto, sumia uma criança. E desde que eles foram embora, nenhuma outra mais desapareceu”. O delegado ressaltou também que o casal de moradores de rua que partiu com os suspeitos para São Paulo teria sido contratado para trabalhar como canavieiro. “Mas eles jamais cortaram sequer uma cebola, quem dirá uma cana”, comentou Elói.

O promotor de Justiça criminal Juvino Pereira, que acompanha o caso desde 2008, disse que desde o início das investigações estava clara a caracterização de um crime de tráfico de pessoas, mas questionou o fato de essa linha jamais ter sido aprofundada pela Polícia. “Desde 2001 esses fatos constavam nos autos, mas nunca foram levados a fundo pela Polícia”.

O senador Paulo Davim, vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado voltada para o tráfico de pessoas, afirmou que a deverá convocar os supostos missionários para serem interrogados no Senado. A comissão pediu ao promotor o endereço do casal para que eles sejam localizados.

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