Magnus Nascimento
Preocupação cresce diante da possibilidade de mais estiagem
A instalação de barragens subterrâneas não é a única ação da Secretaria Estadual de Agricultura para o combate à seca. Hoje, as ações se dividem em duas linhas de ação: projetos para combate imediato e projetos para a convivência a longo prazo com a estiagem. Dentro dos projetos de convivência a longo prazo, o principal é a construção de barragens subterrâneas. "Existia a possibilidade de construir as barragens ou cisternas para essas questões de longo prazo. O Governo do Estado fez o convênio com o Governo Federal para construir as barragens, por entender que é uma saída mais adequada à situação do RN. Esse é o principal projeto em curso hoje", diz Simplício Holanda.
Das 3,4 mil barragens subterrâneas planejadas, cerca de 700, ainda de acordo com a secretaria de Agricultura, foram construídas até o momento. "Existe também um projeto para reativar poços artesianos, mas esse é mais demorado porque precisa ver várias questões, como a salinidade da água, a vazão do poço", aponta. Até agora foram ativados 70 poços dos 800 anunciados pelo Governo no ano passado, segundo o secretário adjunto de Agricultura.
Esses projetos se somam às iniciativas de combate imediato à seca. Foram distribuídas até o momento quatro mil toneladas de forragem para pequenos produtores. E mais 3,8 mil serão distribuídas. O projeto, em parceria com o Governo Federal, beneficia cerca de 3,2 mil produtores. "Além disso, temos o cadastro do Plano Safra que tem 37 mil cadastrados", aponta o secretário.
A preocupação com a seca no Rio Grande do Norte cresce com a possibilidade mais estiagem nos próximos meses. "Estamos tendo algumas chuvas no Oeste, mas o que realmente vai contar são as chuvas a partir de março", diz o secretário de Agricultura.
O professor Luiz Carlos Molion, no entanto, não vê o assunto com otimismo. Para ele, como relatou a TRIBUNA DO NORTE no último domingo, o Rio Grande do Norte deve sofrer com mais nove anos de chuvas escassas. Para sustentar esse dado, Molion estudou os ciclos históricos das estiagens no semiárido nordestino. A projeção dele tem como base os estudos sobre comportamento das temperaturas nos oceanos, relacionados com os levantamentos de dados das séries históricas de chuvas no Nordeste. A avaliação não é consenso. Alguns meteorologistas afirmam não ser possível determinar com tanta antecedência o comportamento do clima.
Deputados defendem governo e dizem que "ações levam tempo"
Embora a performance do Governo do Estado tenha recebido críticas do arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira, deputados estaduais defendem a atuação do poder público. Para Gustavo Fernandes (PMDB) e Raimundo Fernandes (PMN), o Governo do Estado tem demonstrado preocupação com o estado do interior do RN com o flagelo da seca. Eles dizem que as ações são "lentas", mas que isso se dá porque é preciso esperar o tempo necessário para se concluir os projetos. "Não é verdade que o Governo do Estado está desinteressado do assunto. Essas ações realmente levam tempo", acredita Raimundo Fernandes.
Segundo os parlamentares, é possível que nos próximos dias, após o recesso, o assunto volte a ser abordado na Assembléia Legislativa. Iniciativas como a realizada na Paraíba, onde os deputados lançaram o programa SOS Seca, não estão descartadas. "Podemos iniciar algo semelhante aqui no Rio Grande do Norte. Precisamos verificar o que foi feito de fato na Paraíba", diz Gustavo Fernandes.
O SOS Seca é um movimento suprapartidário e regional para chamar a atenção dos governos federal e estadual para ações emergenciais e duradoras que resultem em melhorias das condições na convivência com a estiagem. A campanha é fruto da "Caravana da Seca", realizada pelos deputados estaduais em dezembro de 2012 e que teve como objetivo verificar in loco a situação de calamidade enfrentada pela população em diversas regiões da Paraíba. No RN, os deputados fizeram uma audiência pública sobre a estiagem, em novembro do ano passado, por iniciativa do deputado Leonardo Nogueira (DEM).
Desde novembro, secretaria atua sem titular
A Secretaria Estadual de Agricultura trabalha hoje sem titular. O interino é o secretário-adjunto Simplício Holanda, que assina como "secretário em exercício". O adjunto afirma que "até março" mudanças devem acontecer na Agricultura. "Esse período após o fim do ano é complicado. Mas até março deve haver alguma mudança. É normal que o Governo indique novos nomes, até dentro do diálogo político que envolve esse tipo de situação", diz Simplício.
O cargo está vago desde novembro do ano passado, quando o então secretário Betinho Rosado reassumiu sua vaga de deputado na Câmara Federal. Betinho Rosado ocupou a Secretaria Estadual de Agricultura durante a maior parte do Governo Rosalba, saindo pontualmente para reassumir a cadeira de deputado federal.
Para o interino, a falta de um secretário titular não tem afetado de forma negativa o cotidiano da pasta. "A Secretaria fica mais coordenação das políticas. Os braços operacionais, como a Emater e o Idiarn, ficam concentrados nas execuções dos projetos. Por isso podemos dizer que não houve grandes modificações", disse.
Tem sido especulado que o ex-prefeito de Pau dos Ferros, Leonardo Rêgo, do DEM, pode ser o novo secretário da Agricultura do Estado em substituição ao deputado federal Betinho Rosado (DEM). Nada oficial foi divulgado até o momento. Leonardo Rêgo é filho do deputado Getúlio Rêgo, atual líder do governo Rosalba Ciarlini na Assembleia Legislativa.
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