sábado, 12 de janeiro de 2013

Esportes >> "Foi uma triste fatalidade"

O médico Haroldo Duarte, que assinou o contrato do jogador Neto Maranhão, do Potiguar de Mossoró, considera a morte do atleta, uma fatalidade. Na opinião do profissional, que clinica desde 1995, e tem por especialização a urologia, mesmo que Maranhão tivesse feito os exames, ele teria sofrido a morte súbita, à qual, segundo dados do próprio médico, cerca de 2 a 3% dos atletas estão sujeitos. A Tribuna do Norte enviou as perguntas ao médico e recebeu as respostas via e-mail. Segue e entrevista:
Reprodução/FacebookDr. Haroldo Duarte, colaborador médico do Potiguar/Mossoró 
Dr. Haroldo Duarte, colaborador médico do Potiguar/Mossoró

O senhor assinou o atestado liberando o atleta Neto Maranhão para as atividades físicas inerentes a de um jogador profissional?

Assino os contratos juntamente com o presidente do clube dos atletas que são confirmados como contratados. A seguir, encaminhamos ao cardiologista para avaliação preliminar cardiopulmonar. Se necessário, exames mais detalhados serão então agendados. Do ponto de vista clínico geral e mental ele tinha condição de treinar como já vinha fazendo. Todos os atletas estavam agendados para realizar os exames hoje e amanhã.

Ele falou sobre o histórico anterior de desmaios?

Não tinha nenhuma informação de história pregressa dele até ontem.

Foram realizados exames clínicos, cardiológicos ou outros?

Já respondido no 1.

O senhor é o médico do Potiguar de Mossoró?

Eu e mais outros médicos aqui somos colaboradores do clube Potiguar, pois a maioria dos colegas não se interessam de participar de futebol.

Como o senhor analisa a situação ocorrida? Foi fatalidade? Negligência do clube?

O ocorrido foi uma triste FATALIDADE (grifo dado pelo médico) e acredito que mesmo com qualquer exame realizado ele iria ter a morte súbita, pois afeta um percentual 2-3% dos atletas. Ou seja todos os atletas estão sujeitos a esse fatídico.

O desfibrilador no treino poderia salvar a vida do jogador?

Nem todos os casos se resolvem com desfibrilador. Infelizmente o profissional que opera o desfibrilador tem que ter muito conhecimento de arritmias cardíacas que nem todo médico sabe.

Como é o trabalho médico no Potiguar/M?

O trabalho médico no potiguar existe com muita ajuda de colaboradores.

O senhor se considera apto para emitir esses atestados?

Do ponto de vista clínica e mental sim. Todos os médicos têm formação geral. Eu não sou cardiologista, por isso encaminhamos para quem é habilitado.

Qual a sua experiência como médico e suas especialidades?

Sou médico desde 1995. Tenho formação de Cirurgia Geral e especialização em Urologia. Sou plantonista do segundo maior hospital de urgência e emergência do Estado desde o ano 2000.

O senhor ainda continua atendendo para o clube?

Continuo colaborando com o clube e com o futebol até quando me solicitarem. Tenho contato quase que diariamente com àqueles que dirigem o Potiguar apesar da minha vida repleta de outros compromisso extras-futebol. Espero ter contribuído com mais esclarecimentos no fatídico ocorrido.

Presidente do Sindicato critica rito contratual

A forma como o contrato dos atletas é assinada e chega até a Federação foi alvo de críticas pelo Sindicato dos Atletas de Futebol do RN. Segundo o advogado Felipe Augusto, presidente da entidade, os exames feitos para que o jogador assine o contrato para poder jogar são básicos e insuficientes para comprovar a condição médica de um atleta. "A verdade é que há o costume do médico olhar, fazer exames básicos como joelho, tornozelo e assinar o documento", comentou o presidente da associação. Para ele, o fato de um médico assinar o documento e só depois o jogador realizar os exames distorce a função da assinatura médica no contrato. "É óbvio que deveria ser o contrário. Na audiência com o Ministério Público do Trabalho - MPT/RN vamos tentar que no Termo de Ajustamento de Conduta os clubes sejam obrigados a fazer os exames e encaminha-los à Federação, que deverá ser a portadora desses arquivos", revelou Felipe Augusto.

A audiência, que ocorrerá no próximo dia 22 às 15h, na sede do MPT, em Natal deverá, segundo o presidente da associação, ter um clima "quente". Felipe Augusto quer que a FNF tenha uma participação mais efetiva no controle da documentação dos atletas.

Da TN

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