Magnus Nascimento
Boa parte dos animais morreu de fome e sede nas terras secas do sertão, onde não chove há um ano
A porcentagem de 25% significa uma perda de 225 mil cabeças de gado. O rebanho potiguar foi estimado em 900 mil cabeças no ano passado pelo IBGE. Isso não significa que 225 mil reses morreram de fome e sede durante a seca. Como a TRIBUNA DO NORTE publicou em duas séries de matérias sobre a seca, muitos criadores acabam vendendo parte do rebanho. "Pode-se dizer que houve essa diminuição, mas não necessariamente por morte do rebanho. Maior parte dos criadores teve que se desfazer do gado por conta da seca", diz o Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Norte, José Vieira.
Os números da estimativa do Governo do Estado são considerados "otimistas" pela Faern. Os cálculos do presidente da Federação, que tem andado o interior do Estado e visto in loco o andamento dos efeitos da seca, apontam para perdas de mais de 30%. E esse número não é definitivo. "Nem teria como ser definitivo, até porque a seca não acabou", acrescenta. Os criadores esperam seca pelo menos até março, quando inicia o período chuvoso no semiárido. Em caso de mais um ano de seca, os efeitos podem ser mais devastadores. " Os prognósticos não são animadores", diz Vieira.
O presidente da Faern criticou também a atuação do Governo do Estado. Para José Vieira, o Governo tem sido "tímido" em encontrar formas de minimizar os efeitos da seca. "São poucos poços instalados e poucos dessalinizadores. Existe uma inércia na secretaria", aponta Vieira. As ações mais efetivas, para ele, são capitaneadas hoje pelo Governo Federal. "Estados como Paraíba e Pernambuco estão largamente na frente", diz.
Como a TRIBUNA DO NORTE mostrou ontem, o principal programa do Governo do Estado para a convivência dos agricultores com a seca a longo prazo atinge, segundo os dados da Secretaria Estadual de Agricultura, cerca de 1,25% da área atualmente usada para o plantio no Estado. O secretário-adjunto da Secretaria, Simplício Holanda, disse que cada barragem subterrânea irá atender entre 0,5 e 1,5 hectare. Como serão instaladas 3,4 mil barragens subterrâneas, a área total atendida será 5,1 mil hectares, o que significa 1,25% dos cerca de 405 mil hectares de área plantada no Estado. Além disso, até agora foram ativados 70 poços dos 800 anunciados pelo Governo no ano passado.
A instalação de barragens subterrâneas não é a única ação da Secretaria Estadual de Agricultura para o combate à seca. Hoje, as ações se dividem em duas linhas de ação: projetos para combate imediato e projetos para a convivência a longo prazo com a estiagem. Dentro dos projetos de convivência a longo prazo, o principal é a construção de barragens subterrâneas. Esses projetos se somam às iniciativas de combate imediato à seca. Foram distribuídas até o momento quatro mil toneladas de forragem para pequenos produtores. E mais 3,8 mil serão distribuídas.
Da TN
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