segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Revista denuncia contrato de deputado Henrique Alves com empresa de laranja

O deputado federal potiguar, líder do PMDB na Câmara Federal, Henrique Eduardo Alves, parece que já começa a sentir as consequências de ser o principal candidato a presidência da Casa Legislativa federal, com a investigação de atos negativos de sua história e denúncias de irregularidades citando seu nome. Um exemplo disso é a edição desta semana da revista Veja, uma das principais de circulação nacional, em que Henrique é acusado de contratar, com a cota de apoio a atividade parlamentar, uma empresa registrada em nome de uma laranja – que seria ligada a um conhecido ex-assessor do PMDB.
Como a revista lembra, além do salário, um deputado federal recebe também uma ajuda de custo para bancar as despesas do mandato. No caso de Henrique, exatos R$ 8,3 mil são gastos mensalmente com o aluguel de veículos, segundo sua prestação de contas. Ocorre que, segundo a Veja, as notas fiscais que Alves apresenta para comprovar essas despesas são emitidas por uma empresa de uma laranja.
A revista informa que a Global Transportes tem como endereço uma casa na periferia de Brasília. No papel, pertence à ex-vendedora de tapetes Viviane dos Santos. Localizada por VEJA, “Viviane disse nem saber da existência de contrato com o deputado. Ela afirma que, na verdade, emprestou seu nome a uma tia – e admite que a empresa da qual é ‘dona’, e que supostamente aluga veículos, não possui um carro sequer”.
A revista acrescenta que a tia de Viviane, Kelen Gomes, que fornece as notas ao gabinete do deputado Alves, foi procurada e tentou explicar que “arrumamos carros com terceiros e os alugamos”. “Procurado, Henrique Alves primeiro disse que, quando está em Brasília, utiliza carro próprio. Depois, corrigiu-se afirmando que o carro que usa na capital é alugado, sim, mas ele não se lembra nem mesmo do modelo. Por fim, mandou que um funcionário de seu gabinete, Wellington Costa, desse explicações. ‘Você acha que eu cuido disso?’, reagiu Alves. O funcionário, porém, foi de uma sinceridade rara: ‘Talvez o deputado não se lembre, mas foi ele quem mandou contratar essa empresa’”, foi relatado na matéria.
Na matéria, assinada pelo jornalista da Veja Adriano Ceolin, é afirmado que “por trás da mamata está César Cunha, ex-assessor do PMDB. Ele foi sócio da Executiva, outra empresa que não existe no endereço declarado. A Executiva forneceu notas a Henrique Alves até se enrolar com a Justiça e ser substituída pela Global. Desde 2009, Alves destinou às duas empresas, sob a batuta de César Cunha, 357 000 reais. Daria para comprar cinco carros executivos. Na campanha pela presidência da Câmara, Alves tem dito que trabalhará para limpar a imagem da Casa, manchada por escândalos. Pelo visto, terá de começar pelo próprio gabinete”.
JORNAL DE HOJE
É importante lembrar que essa não chega a ser um fato novo. Em janeiro de 2012, O Jornal de Hoje publicou matéria sobre os gastos da bancada potiguar na Câmara Federal e citou o caso de Henrique Eduardo Alves, que apesar de ser um dos “mais econômicos” na utilização da cota parlamentar, gastava mensalmente R$ 8,3 mil com aluguel de veículos. Como o JH mostrou, Somando todos os meses, o valor chega ao R$ 91.300, tudo isso, tendo como único destino a empresa Executiva Transporte e Veículos LTDA, de Brasília. Vale esclarecer, ainda, que esses valores não incluem os gastos com combustíveis, nem passagens aéreas, que são contabilizadas em outra modalidade de valores usados na verba indenizatória. (CM)

Principal nome para presidência da Câmara tem ano polêmico
A denúncia de contrato da empresa de um laranja feita pela revista Veja não foi a primeira situação polêmica que Henrique Eduardo Alves se envolveu neste último ano. Desde janeiro de 2012, o deputado federal potiguar é citado em denúncias. A primeira foi quando o seu indicado para a direção do Departamento de Obras contra a Seca (Dnocs), Elias Fernandes, foi citado pela Controladoria-Geral da União em relatório que aponta irregularidades em obras do órgão.
Na ocasião, Henrique assumiu até uma postura mais crítica com relação ao Governo Federal, mas acabou voltando atrás e silenciando – alguns colunistas de política nacionais até disseram que o parlamentar estava sendo responsável por uma crise entre PMDB e PT. Naquele período, em entrevista aO Jornal de Hoje, Elias Fernandes já afirmava que as denúncias eram consequências de interesses políticos de parlamentares que queriam diminuir o poder e a influência de Henrique na Câmara Federal, já em vistas a disputa pela presidência da Casa.
E não foi só. Henrique também foi citado em matéria publicada pelo JH quando foi divulgado a denúncia do Ministério Público a membros da Associação Marca, que foi considerada pelo MP como principal responsável por um esquema de corrupção instalado na Prefeitura de Natal. Em conversa captada pelo Ministério Público, o nome de Henrique é citado por pessoas ligadas a Marca como forma da entidade conseguir chegar ao Governo Estadual. Afinal, apesar de ser ligado ao PT em nível nacional, no Estado o parlamentar é apoiador da gestão DEM de Rosalba Ciarlini.
Na revista Istoé, outra de grande circulação nacional, Henrique Eduardo Alves foi apontado como o símbolo do fisiologismo na Câmara Federal, que troca cargos por apoios políticos. Em agosto, o jornal paulista Estado de São Paulo – Estadão – publicou matéria em que Henrique é acusado de fazer lobby no Tribunal de Contas da União (TCU) para que um de seus sócios obtenha o contrato de concessão da BR-101, entre o Espírito Santo e a Bahia. O negócio envolve cerca de R$ 7 bilhões.
Segundo o Estadão (a notícia foi repercutida também nos sites da revistas Exame, Istoé e Veja), o parlamentar potiguar teria acompanhado representantes do Consórcio Rodovia Capixaba em reuniões para apresentar argumentos em favor do grupo de empresas aos ministros da Corte que decidem, justamente nesta quarta-feira, sobre processo que pode beneficiá-las na disputa pelo contrato bilionário.
A última polêmica – antes dessa denúncia de contratação da empresa de laranja – tinha sido a declaração de Henrique Alves a respeito do cumprimento ou não da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) a respeito da perda do mandato dos parlamentares condenados no Mensalão.
“Não [abro mão de decidir]. Nem o Judiciário vai querer que isso aconteça. Na hora em que um Poder se fragiliza ou se diminui, não é bom para a democracia”, afirmou Henrique Alves, do plenário da Câmara, acrescentando que “algum mais desavisado pode ter esquecido”, mas a Constituição de 1988 foi elaborada pelos congressistas.
“Cada palavra, vírgula e ponto ali foram colocados por nós. Então, temos absoluta consciência de nossos direitos, deveres, limites e prerrogativas. A questão da declaração da perda do mandato é inequívoca que é do Parlamento”, afirma o peemedebista, em uma declaração que alguns jornais de publicação nacional, como a Folha de São Paulo, classificaram como uma demonstração de que o parlamentar está “em plena campanha pela presidência da Casa”.
Por sinal, a repercussão acabou por gerar uma declaração irônica do ministro do STF, Marco Aurélio Mello. Classificando-a como um “arroubo de retórica” de alguém que é candidato a presidência da Câmara Federal e, por isso, neste momento, precisa atender a sua “clientela interna”.
Segundo Marco Aurélio, o Tribunal deve dar um “desconto” a Henrique Alves, por ele ser candidato à presidência da Câmara. “Temos que dar um desconto, pois ele está numa caminhada política e diz isso para agradar a Casa. Uma coisa é a voz política de um candidato, a outra é a voz ponderada de um presidente da Câmara”, afirmou o ministro. “Só espero que prevaleça a voz ponderada. Mas neste momento, ele tem que atender sua clientela interna”, ironizou o magistrado.
APOIOS
Apesar do ano conturbado, Henrique Eduardo Alves confirmou também que é um grande articulador. Foi considerado o terceiro parlamentar mais influente do Congresso Federal – atrás apenas dos presidentes da Câmara e do Senado. Não era para menos. PSD, PT, DEM, PR, PC do B, PPS, PDT e PSDB já anunciaram o apoio a ele na eleição da Câmara Federal. Dessa forma, o deputado federal já conta com o apoio de quase 400, dos 513 parlamentares da Casa. (CM)

Do portal JH

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