quarta-feira, 24 de abril de 2013

Estudantes denunciam “descaso e péssimas condições” das residências universitárias

Por: Carolina Souza
Durante protesto, universitários criticaram falta de diálogo com Pró-reitoria e “abandono administrativo”. Foto: Wellington Rocha
Durante protesto, universitários criticaram falta de diálogo com Pró-reitoria e “abandono administrativo”. Foto: Wellington RochaDescasos, omissões, insegurança e ingerência administrativa. Esses são os principais problemas que levaram diversos membros do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (DCE/UFRN) a reivindicarem a exoneração da atual Pró-reitora de Assuntos Estudantis, Janeusa Trindade Souto. Durante movimentação nas dependências do prédio da reitoria, na manhã desta terça-feira (23), os estudantes cobraram uma posição da reitora Ângela Paiva diante dos problemas enfrentados pelos alunos que moram nas residências universitárias.
De acordo com os estudantes, o cargo ocupado pela professora Janeusa Trindade é o mais importante da Universidade, uma vez que deve dialogar diretamente com a comunidade acadêmica. “Entretanto, desde que ela assumiu esse cargo, há um descaso. Um abandono administrativo principalmente relacionado aos residentes. São eles que sofrem na pele todos os problemas por falta de assistência da Pró-reitora de Assuntos Estudantis”, afirmou a coordenadora geral do DCE, Danyelle Guedes.
Segundo Danyelle, a Pró-reitora trata os estudantes de forma “truculenta”. “Abuso de poder e autoritarismo. Qualquer estudante que procure conversar com ela, não consegue manter um diálogo. Fomos pedir apoio para uma residência afastada do campus, em relação à segurança dos alunos, e ela simplesmente nos informou que fora da residência, a segurança é de responsabilidade nossa”, disse.
Com faixas, cartazes e um número considerável de estudantes, a movimentação chamou atenção dos servidores e curiosos que estavam no local. O Jornal de Hoje procurou por Janeusa Trindade Souto, mas, segundo o Pró-reitor adjunto da pasta, Paulo Campos, a professora estava em sala de aula. A equipe de reportagem também tentou contato por telefone, mas não foi atendida.
“Não posso falar em nome da titular da pasta. O fato dela não estar aqui não é por causa da movimentação, mas porque nas terças e quintas-feiras ela dá aula durante a manhã inteira. Nesse momento, só posso pedir compreensão dos estudantes. É comum ter insatisfação de alguns alunos. Se está acontecendo problemas, é porque nós estamos perdendo o foco”, refletiu. “Nós estamos em um espaço democrático, tanto é que eles estão fazendo essa movimentação sem nenhum impedimento. Eles estão com uma pauta de reivindicações muito extensa, mas com certeza iremos conversar para atendê-las”.
Alimentos vencidos
Para a coordenação do DCE/UFRN, o estopim de toda a movimentação e pedido de exoneração de Janeusa foi um caso que ocorreu durante dois anos com os residentes de Caicó, localizada a 320 km de Natal. “Eles reclamavam da péssima alimentação, mas ela não fazia nada. Um fiscal concursado da UFRN, responsável por fiscalizar as empresas de alimentação, descobriu que a empresa licitada estava fornecendo alimentos vencidos. Ele fez todo um relatório comprovando o caso, e a reitora chegou a assinar, confirmando a irregularidade da situação”, explicou Danyelle Guedes.
A empresa citada pela estudante, segundo o Pró-reitor de Planejamento, João Emanuel, era a mesma que prestava serviço para Currais Novos. Nessa, houve problemas pontuais, mas em Caicó as denúncias se fortaleceram por problemas em relação à quantidade de alimento fornecido. “Nosso fiscal foi verificar isso e identificou o fornecimento de alimentos vencidos. Ele entrou em contato conosco e foi orientado no sentido de reunir provas”, afirmou.
Segundo Paulo Campos, o fiscal reuniu os estudantes e foi à sede da empresa para fazer um protesto junto aos estudantes. “Criou-se todo esse problema e a empresa resolveu rescindir o contrato unilateralmente porque não aguentou a pressão. A reitora pediu providências, acreditando que o fiscal estava correto”, explicou Paulo. Para sanar o problema, cada estudante de Caicó e Currais Novos está recebendo uma quantia em dinheiro para realizar suas refeições. Em Natal, das três mil refeições oferecidas diariamente, 2,2 mil são gratuitas para residentes e bolsistas.
Ao todo são 716 estudantes residentes da UFRN, locados no próprio Campus Central, nas proximidades do Centro Médico e Praça Cívica, além dos campus no interior. Em Natal, os Campus I e II comportam 64 estudantes cada, enquanto que os Campus III e IV são ocupados por 128 estudantes. Em Macaíba há espaço para 128 estudantes, em Santa Cruz 64, Currais Novos 60 e Caicó 80.

Perícia em caixa eletrônico é realizada após 48h do assalto
Paralelo à manifestação estudantil, acontecia no prédio da reitoria a perícia no caixa eletrônico do Banco do Brasil que foi arrombado na noite do último domingo. A equipe do Itep que estava no local portava um caderno com informações referentes ao assalto, deixado pelos bandidos no momento da fuga, mas nenhuma informação pôde ser repassada à reportagem.  O caixa que era usado pela comunidade acadêmica foi objeto da ação realizada por quatro homens armados.
Durante o arrombamento, que durou cerca de uma hora, a quadrilha rendeu o único agente de segurança que estava de plantão e ainda roubou a arma de fogo e o radiocomunicador usados pelo funcionário. “Estávamos esperando a perícia para poder liberar o local. Tivemos que fazer muitos contatos para conseguir essa equipe hoje, 48h depois, pois estavam alegando que tinham outras urgências a serem priorizadas”, afirmou o vice-diretor da Divisão de Segurança da UFRN, Luiz Antônio.
Segundo Luiz, o próprio banco ainda não informou a quantia levada pelos bandidos. “Infelizmente a reitoria só possui um segurança armado, situação que chama a atenção dos bandidos. O custo de um homem é de cerca de R$ 2 mil reais, mas a administração alega que não tem recursos financeiros para colocar mais segurança”, disse.

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