Por: Alessandra Bernardo
Três imóveis foram totalmente destruídos após uma quadrilha ter
explodido o auto-atendimento do banco Bradesco do município de Vera
Cruz, na Região Metropolitana de Natal, durante a madrugada do sabado dia 20.
Durante a ação, um idoso de 64 anos foi feito refém pelos seis bandidos,
que o obrigaram a ajudar na ação e depois o abandonaram, próximo ao
local do crime. Moradores relataram que, para impedir que os policiais
tentassem uma reação, os criminosos efetuaram dezenas de disparos para o
alto e contra, pelo menos, duas casas próximas ao banco.
Segundo o aposentado Caetano da Silva, a quadrilha chegou à cidade
por volta das 2h15, usando um utilitário Fiat Strada e duas motocicletas
e apenas um deles, que dirigia o veículo, estava encapuzado. Ele disse
que estava caminhando em direção a sua residência, quando foi abordado
por um dos homens do grupo, que o obrigou a entrar no carro e seguir até
a frente do auto-atendimento do Bradesco, localizado na Rua Monsenhor
Paiva.
“Ele não me machucou nem disse palavrão, apenas me mostrou a arma,
pegou na minha camisa e disse que era para eu ir com eles cumprir uma
missão. Depois, pararam na frente do banco e me pediram para passar uma
peça. Depois disso, correram e só ouvi a explosão. Foi muito rápido,
muito ligeiro”, disse o aposentado, que ainda estava assustado com o que
tinha acontecido.
Na hora da explosão, apenas dois policiais militares estavam na
cidade, recolhidos no prédio do Pelotão Destacado de Vera Cruz, e, ao
ouvirem o barulho, correram para ver o que tinha acontecido. No entanto,
eles não puderam sair, porque dois bandidos estavam de campana na
frente do prédio, armados com uma espingarda calibre 12. Segundo o
soldado Antônio Ferreira, após a explosão, os bandidos foram embora.
“Quando corremos para a frente do banco, eles já tinham fugido
levando o dinheiro e as pessoas começavam a sair das casas para ver o
que tinha acontecido. Infelizmente, havia apenas dois militares na
cidade e os bandidos estavam fortemente armados, com espingardas 12.
Isolamos o local e chamamos a perícia. Nossa cidade é pacata, mas, nos
últimos dias, tem acontecido vários casos de violência, que nos
preocupa”, afirmou.
O gerente do Bradesco em Vera Cruz esteve no local do crime por volta
das 9h30, mas disse que não poderia conversar com a imprensa sobre o
fato.
Agência dos Correios e casa lotérica da cidade já foram assaltadas na semana passada
O ataque ao auto-atendimento do Bradesco foi a terceira ocorrência
policial de maior relevância na cidade neste mês. Conforme o soldado
Antônio Ferreira, há uma semana, uma casa lotérica e a agência dos
Correios, ambas localizadas na mesma rua do banco, também foram alvos de
criminosos há poucos dias. Isso fez com que o medo entre a população
aumentasse e as reclamações também.
“Vivemos aqui por sorte de Deus, porque não tem policiamento na
cidade. São só dois ou três policiais militares por dia, o que é muito
pouco para um município com mais de dez mil habitantes como é Vera Cruz.
Precisamos de mais policiais nas ruas, para que nossa cidade não vire
terra sem lei, como estamos vendo nos últimos dias”, desabafou o morador
Francisco Oliveira.
A dona de casa Maria Lira também relatou insegurança e disse que, a
partir das 20h, a maioria das pessoas corre para casa, por medo da
violência. Ela ainda culpa as drogas pelo crescimento dos casos de
assaltos, principalmente contra estabelecimentos comerciais. “Queremos
mais segurança, só isso”, afirmou.
‘Disseram que iriam atirar na cara de quem abrisse a janela’
O impacto causado pela explosão, possivelmente provocada por
dinamite, destruiu completamente o prédio onde funcionava o
auto-atendimento do Bradesco, uma residência situada atrás do prédio e
uma loja de confecções vizinha ao banco. Um veículo Gol que estava
estacionado na frente da residência também foi destruído pelos destroços
e ficou coberto por restos de tijolos e outros materiais.
Além destes três imóveis, as residências vizinhas ao local também
foram tiveram suas estruturas comprometidas e apresentaram várias
rachaduras. “Nunca vimos uma coisa dessas aqui na cidade, é a primeira
vez e espero que seja a última. Eu moro aqui há mais de 20 anos e a
nossa cidade já não é mais a mesma. Antes, podíamos dormir com as portas
abertas, mas hoje, isso é impossível por causa de coisas desse tipo”,
desabafou o morador Adailton da Costa.
Para intimidar os moradores próximos, os criminosos ainda efetuaram
vários disparos de arma de fogo para o alto e contra as paredes de
algumas residências, como a da dona de casa Maria Dalvanira, que acordou
com o barulho da explosão. Ela disse que chegou a ouvir quando os
bandidos gritaram e atiraram.
“Foi muito tiro, muito mesmo. E, quando eu corri para a sala, ouvi
eles gritando que iriam atirar na cara de quem abrisse a porta ou a
janela para ver o que estava acontecendo. Acho que eles perceberam a luz
acesa, porque atiraram contra a fachada da minha casa. Foi horrível,
porque, da outra vez que eles roubaram o mesmo banco, não tinham feito
isso”, disse Maria.
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