Por: Roberto Campello
Depois de um esforço conjunto entre a Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN), da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) e
da Secretaria Municipal de Saúde de Natal (SMS), foram reabertos, na
manhã desta terça-feira (30), sete leitos de Unidade de Terapia
Intensiva (UTI) Neonatal no Hospital Coronel Pedro Germano, conhecido
como Hospital da Polícia Militar. A equipe do Hospital ficou responsável
pela logística e a estrutura interna, as secretarias estadual e
municipal de Saúde pelos recursos humanos e a Maternidade Escola
Januário Cicco (MEJC) suprindo a necessidade de material hospitalar. Com
a abertura dos novos leitos, sete dos 11 recém-nascidos que estavam
internados além da capacidade máxima da maternidade e ocupavam as duas
salas do centro cirúrgico e o Centro de Recuperação de Operados (CRO)
serão transferidos, durante o dia de hoje, para o Hospital da Polícia.
O diretor do Hospital da Polícia Militar, coronel Kleber Cavalcanti,
explicou que a capacidade inicial do Hospital era de seis leitos de UTI
Neonatal, mas será aberto com um leito extra, viabilizado pela Sesap,
que encaminhou mais um respirador. A UTI Neonatal do Hospital da Polícia
funciona desde 2001, e nos últimos anos vinha sofrendo com a falta de
recursos humanos especializado, em especial, os neonatologistas, por
conta de aposentadorias. Até janeiro desde ano, a escala de médicos era
composta por três profissionais da Sesap e o restante por um convênio
com a Cooperativa Médica, que completava a escala com mais quatro
profissionais com carga horária de 40 horas. No entanto, desde janeiro
esse contrato não vinha sendo cumprido, por falta de pagamento, e a UTI
Neonatal tinha sido fechada.
“Há uma carência grande de UTI Neonatal no Estado e a Maternidade
Januário Cicco, que é o maior atendimento obstétrico do Estado, por ser
referência em gestação de alto risco, está superlotada, com bebês
ocupando os centros cirúrgicos. Por isso, nesse primeiro momento, vamos
abrir os leitos para receber exclusivamente sete crianças vindas da
Maternidade, para ver se desobstruirmos o Centro Cirúrgico”, destacou o
diretor.
Com a abertura, os sete neonatologistas, todos com carga horária de
40 horas, que cumprirão as escalas no Hospital da Polícia Militar serão
de responsabilidade da Sesap e da SMS. Além disso, o diretor do Hospital
disse que até o mês de julho pretende reabrir 13 leitos de enfermaria
obstétrica, com salas de parto, que estão fechados devido à reforma de
ampliação que passa o Hospital.
O secretário de Saúde do Estado, Luiz Roberto Fonseca, disse que a
medida faz parte das ações emergenciais em busca da melhoria do
atendimento na Rede Materno-Infantil do Rio Grande do Norte. “Essa é
mais uma das ações que pactuamos no dia 22 de abril com os municípios
para reorganizar a rede materno-infantil do RN”, disse o secretário de
Estado da Saúde Pública, Luiz Roberto Fonseca. Na pactuação, o
secretário destacou a relevância de uma correta contrarreferenciação, de
modo a garantir que o usuário seja atendido no local onde reside,
quando se tratar de um caso de baixo risco, cuja responsabilidade é dos
municípios, cabendo ao Estado atender o paciente em demandas de média e
alta complexidade.
A diretora médica da Maternidade Escola Januário Cicco, Maria da Guia
de Medeiros Garcia, conta que foi traçado um longo caminho, com várias
reuniões, que culminaram com a abertura dos leitos de UTI Neonatal no
Hospital da Polícia Militar, e com os recém-nascidos excedentes sendo
transferidos e desobstruindo as duas salas do centro cirúrgico e o CRO.
Até hoje, as cirurgias obstétricas estavam sendo realizadas no mesmo
local que as cirurgias ginecológicas, já que as duas salas do centro
cirúrgico obstétricos estavam ocupadas com recém-nascidos.
“Foram três semanas de intensas reuniões. Foi preciso estarmos no
fundo do poço e procurando uma corda para sair de lá para poder vermos
alguma luz no fim do túnel. E a luz começou a aparecer, graças ao
esforço do secretário estadual Luiz Roberto Fonseca, e dos secretários
municipais Cipriano Maia e Ion Andrade. O primeiro passo foi dado em uma
reunião que teve no último dia 22, em que o secretário estadual chamou
os municípios à realidade. Depois, a abertura de mais cinco leitos de
UTI Neonatal no Hospital Santa Catarina. O próximo passo seria abrir os
leitos no Hospital da Polícia. Estava tudo emperrado, mas precisávamos
que abrissem os leitos, pois a UTI estava pronta e precisava apenas de
recursos humanos”, destacou a diretora.
A diretora Maria da Guia de Medeiros disse que a saída dos sete
recém-nascidos vai possibilitar a abertura das duas salas do centro
cirúrgico, e os demais bebês vão ocupar apenas o CRO. “Na realidade, a
crise não passou. Essa mudança não refletiu nada ainda, os corredores
ainda estão lotados, pois é uma ação do Município que vai resolver.
Hoje, estamos pensando em transferir os bebês, depois vamos resolver o
caos na assistência materna. A nossa intenção é tentar tirar as
pacientes do corredor”, destacou a diretora. A luta agora é abertura dos
dez leitos de UTI Neonatal no Hospital Infantil Varela Santiago.
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