Por: Ciro Marques
O ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho,
não pode mais falar de política e da eleição de 2014. Foi proibido pelo
primo e presidente da Câmara Federal, Henrique Eduardo Alves. Contudo, o
poder de crítica dos peemedebistas, nem por isso, foi reduzido. Nesta
terça-feira, por exemplo, dois deputados estaduais, Hermano Morais, que é
presidente do PMDB em Natal, e Walter Alves, filho do ministro
Garibaldi, reafirmaram essas posturas de rompimento e reclamação com
relação ao Governo do Estado.
No caso de Hermano Morais, que reassumiu no último domingo a
presidência do Diretório Municipal do partido e é um notório defensor da
candidatura própria do partido as eleições de 2014, o rompimento do
PMDB da partido da base aliada da administração Rosalba Ciarlini é uma
realidade cada vez mais próxima. “Isso (candidatura própria)
naturalmente leva ao raciocínio que devemos nos afastar do Governo
Rosalba para que possamos ficar mais à vontade para apresentar este
projeto e conversar com todos os partidos”, afirmou.
Segundo Hermano, por sinal, esse rompimento ocorreria de forma mais
“natural”, com o PMDB deixando a disposição de Rosalba Ciarlini os
cargos que ocupa atualmente na administração estadual. “Eu defendo a
tese de que o PMDB pode oferecer seus espaços (que tem no Governo), para
que a governadora possa ocupá-los da melhor forma”, afirmou ele,
acrescentando que essa medida, no entanto, não significaria que o
partido deixaria de ajudar o Estado, aproveitando a boa relação que tem
nacionalmente, uma vez que Garibaldi e Henrique ocupam posições de
destaque no cenário nacional.
“O PMDB está colaborando para o desenvolvimento do estado, está bem
situado ao governo federal, seja por Henrique Alves ou por Garibaldi,
angariando recursos e projetos para o RN. Mas nós temos uma participação
pequena, mas temos, no Governo do Estado, que não é tão importante. O
compromisso maior é de ajudar o Estado. Eu defendo a tese há muito
tempo, que nos devemos trabalhar para o Estado, não trabalhando para o
Governo”, analisou.
De qualquer forma, para Hermano Morais, o rompimento tem que ocorrer,
até porque atualmente o partido vive uma situação “incomoda” e de
atraso com relação à discussão sobre o pleito de 2014. “A situação
híbrida é incômoda para nós, peemedebistas. Os outros partidos já estão
conversando entre si. É o momento de o PMDB discutir essa questão,
conversar com outros partidos, e definir o seu projeto”, analisou.
Hermano Morais lembrou ainda que os seguidos adiamentos de reuniões
políticas do PMDB no Estado, que podem representar também a confirmação
do rompimento do partido à base aliada de Rosalba Ciarlini, não
significam, necessariamente, que o partido está repensando seu
posicionamento e ainda exista chance do partido não romper com o
Governo. “Até o final do ano, o mais tardar, vamos discutir essa
questão, até para discutir mais a vontade as propostas do partido”,
garantiu Hermano.
WALTER ALVES
É importante lembrar que Hermano Morais não é o único deputado
estadual que sinaliza para o rompimento do PMDB da base aliada do DEM.
Walter Alves, filho de Garibaldi, tem se destacado como um dos
parlamentares mais independentes com relação ao Governo na Assembleia
Legislativa. Tanto é que rotineiramente faz críticas à gestão Rosalba
Ciarlini.
Neste terça-feira, por exemplo, Walter Alves usou o plenário da casa
para cobrar mais profissionalismo da administração pública. “A gente
precisa otimizar a gestão pública. Hoje, mais do que nunca, é necessário
agilizar e profissionalizar a máquina. Isso é possível, mas para que
gestor faça é necessário coragem. Quando se quer, se faz”, analisou
Walter Alves.
O deputado estadual, que é líder do PMDB na Assembleia, também disse
não entender os constantes lamentos do Governo do Estado com relação as
finanças públicas. “Temos uma arrecadação que sobe a cada ano. No geral,
a arrecadação é positiva e, contraditoriamente, os investimentos vêm
caindo, o custeio crescendo e a dívida aumentando. Hoje a segurança esta
numa situação difícil, a saúde também. O Estado tinha boa capacidade de
endividamento e não tem mais”, analisou.
Henrique e Garibaldi podem mudar e assumir candidatura ao Governo
A avaliação de Hermano Morais vai além do rompimento da base aliada. O
deputado estadual, que foi o último candidato do partido a Prefeitura
de Natal, em 2012, acredita que 2014 é a hora do PMDB voltar a disputar o
Governo do Estado. E acredita que mesmo Garibaldi Alves Filho, Henrique
Alves e o próprio Walter Alves já terem negado a possibilidade de se
candidatar ao Governo, qualquer um dos três poderá repensar na
possibilidade se forem convocados para isso pelo partido.
“Quem é militante do partido, quem tem responsabilidade política e
partidária, quando for votado, tenho certeza, se disporá a representar o
partido nessa luta, que não é apenas do PMDB, mas que tem ser
trabalhado com outras siglas, numa formulação bem fundamentada, com o
projeto de desenvolvimento para o Rio Grande do Norte”, afirmou ele ao
Jornal Verdade, da SimTV!, nesta terça-feira, acrescentando, no entanto,
que no caso específico dele, a candidatura ao Governo do Estado não é
uma opção. “Meu projeto está bem definido. Sou candidato a reeleição
para deputado estadual”.
Para Hermano Morais, inclusive, antes de se discutir quem será o
candidato do partido, será preciso discutir o projeto partidário e quem
serão os aliados políticos. “Precisamos definir um projeto partidário,
vamos discutir, e quem é representante do partido e tem responsabilidade
política, será convocado. Consideramos que o PMDB hoje, entre os
partidos com militância no estado, está muito bem situado no ponto de
vista eleitoral e de representação política”, analisou.
PRESSÃO
Segundo Hermano Morais, que defende a candidatura própria desde o
início do ano, tanto o Diretório Nacional do partido, quando prefeitos e
vereadores peemedebistas, querem que o partido tenha candidato próprio.
“Há uma orientação do diretório nacional, do que eu faço parte também,
de que se promova, se estimule, as candidaturas próprias aos governos de
todos os estados, e há um sentimento na capital e no interior, para que
o PMDB volte a disputar uma eleição majoritária para o Governo”,
afirmou ele.
“A situação híbrida é incômoda para nós, peemedebistas. Os outros
partidos já estão conversando entre si. É o momento de o PMDB discutir
essa questão, conversar com outros partidos, e definir o seu projeto”,
analisou Hermano Morais, acrescentando que no plano local, “nós
percebemos um desejo enorme, eu diria que unânime, de todo o partido, em
torno de uma candidatura própria”.
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