sexta-feira, 5 de julho de 2013

Produtores terão R$ 7 bi em crédito

Brasília (ABr) – A presidenta Dilma Rousseff lançou ontem em Salvador (BA) o Plano Safra Semiárido, que promete disponibilizar R$ 7 bilhões em crédito para a agricultura na região, com taxas de juros reduzidas. Do total de recursos, R$ 4 bilhões serão destinados à agricultura familiar, que está presente em 95% dos estabelecimentos agropecuários dos municípios do Semiárido. Os demais R$ 3 bilhões vão para os médios e grandes produtores.

Hudson HelderUm dos objetivos do plano é recuperar a produção de leite 
Um dos objetivos do plano é recuperar a produção de leite

Os juros do plano para as operações de custeio variam de 1% a 3% ao ano. Para investimento, os juros são de 1% a 1,5% ao ano. As taxas são menores que as praticadas em outras regiões, segundo o governo.

A grande novidade da proposta governamental para a safra 2013/14 na região é a redução dos juros. No caso do médio produtor, as taxas anuais para os financiamentos de custeio serão de 4% e os de investimento, 2%. Já para o grande produtor, esses índices serão de 5% e de 3,5%, respectivamente. Pelo Plano Agrícola e Pecuário (PAP) lançado em junho deste ano, as taxas de juros variam entre 5,5% a 3,5%.

Em relação aos empréstimos de investimento, essas taxas reduzidas referem-se ao financiamento de infraestruturas produtivas adequadas à realidade da região. Por exemplo, para financiar barragens, sisternas e poços; recomposição de rebanhos (caprinos, ovinos e pecuária de leite); investimentos em culturas relevantes para a região (mandioca, feijão, fruticultura, etc) e sistemas produtivos que contemplem reserva de alimentos para animais.

O plano está estruturado em ações de recuperação e fortalecimento de cultivos alimentares regionais, da pecuária leiteira e de pequenas criações. Outro eixo é o de estímulo à industrialização para diversificar e agregar valor na produção e estímulo à agricultura irrigada no Semiárido. O plano busca, ainda, desenvolver sistemas produtivos com reserva de água e reserva de alimentos para animais.

Dívidas

A presidenta anunciou, também, medidas adicionais para renegociação de dívidas dos agricultores como a suspensão de prazos de cobrança de dívidas de agricultores inadimplentes e desconto para liquidar operações de crédito rural.

Dilma destacou que é preciso aprender a conviver com a seca sem transformá-la em uma “catástrofe”. Para isso, a presidenta disse que é necessário implantar ações estruturantes que garantam reservas e abastecimento de água, alimentos e agreguem valor aos produtos da região.

“Não tem nenhum obstáculo intransponível no Semiárido. Sabemos que tem culturas que podem ser desenvolvidas aqui e podemos fazer daqui uma importante região leiteira”, disse a presidenta. Ela acrescentou que, “assim como países desenvolvidos do norte do mundo vivem invernos extremos e não convivem com eles como catástrofes, não podemos aqui, no nosso país, deixar de ver que a seca pode ser perfeitamente controlada e podemos com ela conviver. Para isso, é preciso a determinação, a vontade política e a ação conjunta”.

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas lembrou que, pela primeira vez, é lançado um plano safra voltado apenas para o Semiárido. “Estamos atentos às políticas de crédito, de seguro rural, e queremos o desenvolvimento rural sustentável e pleno”, disse Vargas.

A coordenadora-geral da Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetraf), Elisângela Araújo, expôs a necessidade de políticas efetivas para melhorar a situação dos produtores que sofrem com as secas que assolam a região.

A região do Semiárido passa pela pior seca dos últimos 50 anos, o que levou à decretação de estado de emergência em 1.046 de seus 1.133 municípios.

BNDES investirá R$ 210 milhões em cisternas

 O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) investirá R$ 210 milhões na implantação de 20 mil cisternas para captação, armazenamento e manejo de água, destinadas à produção de alimentos no Semiárido brasileiro (Nordeste do País e norte de Minas Gerais). O anúncio foi feito durante o lançamento do Plano Safra para o Semiárido.

A primeira parte desse apoio, contratada ontem, será realizada em parceria com a Fundação Banco do Brasil e totaliza R$ 126 milhões, para a implantação de 12 mil cisternas de uso agropecuário na região. O apoio está inserido em acordo de cooperação com Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e Petrobras para a implantação de 64 mil cisternas produtivas até meados de 2014, nos Estados do Semiárido.

O projeto beneficiará famílias com até meio salário mínimo per capita, inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais. Elas serão selecionadas entre as que já têm acesso à água para consumo próprio. A “segunda água” será destinada à criação de animais e à irrigação de frutas e hortaliças.

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