Por: Carolina Souza
Monumento natural com mais de 125 anos de existência, o maior
cajueiro do mundo vem apresentando uma quantidade de fungos fora do
comum, podendo vir a prejudicar suas folhas, flores e frutos e,
consequentemente, seu tempo de vida. De acordo com o presidente da
Associação dos Moradores de Pirangi do Norte (Amopin), Francisco
Cardoso, o ocorrido foi observado durante um levantamento da equipe de
biólogos e agrônomos responsáveis pelos cuidados à plantação.
Segundo avaliação dos profissionais, a presença do fungo em cajueiros
é comum, mas a disseminação do patógeno causador da doença, antracnose,
é de se preocupar. “Mesmo que esse fungo seja comum em plantações desse
tipo, notamos a disseminação do problema entre as folhas do cajueiro em
um tempo muito pequeno. Se não tomarmos medidas paliativas, poderemos
colocar esse monumento em risco futuramente”, disse Cardoso, explicando
que a doença pode ter se espalhado rapidamente na área do cajueiro por
causa da poda realizada no final do ano passado para a construção do
caramanchão.
“A estrutura construída foi uma medida emergencial para impedir que
os galhos do cajueiro continuassem ocupando a avenida Márcio Marinho. No
plano de ações que prevê o melhoramento do fluxo de carro no entorno do
cajueiro está previsto a construção de outro caramanchão, para
suspender os galhos que também invadiram a avenida São Sebastião.
Entretanto, estamos avaliando que isso não poderá acontecer, pois irá
matar o nosso cajueiro”, afirmou Francisco Cardoso.
A disseminação do fungo ocorre no início da época chuvosa e os
cajueiros emitem folhas de crescimento vegetativo. A temperatura e
umidade relativa do ar facilitam a penetração do fungo nas folhas,
atingindo posteriormente flores e frutos. Porém, com o adensamento
folhear gerado pelo caramanchão, houve uma diminuição na circulação de
ar, aumento na temperatura, aumento na umidade, condicionando assim um
ambiente super favorável para o alastramento do fungo.
“Os riscos são vários. Dependendo dos níveis que forem atacados, os
fungos poderão gerar um enorme dano para o cajueiro. No momento a
quantidade da antracnose está sendo controlada, mas, do ano passado para
cá, a presença do fungo aumentou de 20% a 30%. Se chegar a 50%
estaremos em risco”, avaliou o presidente da Amopin, que administra o
espaço do cajueiro e dos lojistas.
Complexo Turístico do Cajueiro
A suspensão dos galhos do cajueiro faz parte do Plano de Ações de
Proteção do Cajueiro de Pirangi, desenvolvido entre a Secretaria de
Estado do Turismo (Setur), o Instituto de Desenvolvimento Econômico e
Meio Ambiente do RN (Idema), Associação dos Moradores de Pirangi do
Norte (Amopin), o Departamento de Estradas e Rodagem (DER), Instituto de
Assistência Técnica e Extensão Rural do RN (Emater), Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e Empresa de Pesquisa Agropecuária
do RN (Emparn).
A próxima etapa, que estava prevista para este ano, é o projeto para o
Complexo Turístico do Cajueiro de Pirangi, proposta arquitetônica
complementar ao projeto de proteção para requalificação da
infraestrutura turística existente. O projeto do complexo apresenta
conceitos de arquitetura ecológica e sustentável, como por exemplo, a
utilização de fontes de energia natural. Em função da proximidade da
Copa do Mundo, a nova estrutura só deverá ser construída em 2014, para
que os comerciantes não sejam prejudicados com a vinda de turistas ao
mundial de futebol.
O Complexo será dotado de salas para as lojinhas, memorial do
cajueiro, unidades de contemplação e passarelas suspensas, permitindo um
passeio completo por dentro do cajueiro. O cajueiro atualmente possui
uma área de 8.500 m². Em época de safra, de novembro a janeiro, o
cajueiro chega a produzir de 70 a 80 mil cajus, o equivalente a 2,5
toneladas.
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