sábado, 30 de novembro de 2013

Orientada por Lula, Dilma usa peso do cargo para resolver conflitos nos Estados

Com pouco jogo de cintura no campo político, presidente tem participado ativamente da formação dos palanques regionais para as eleições de 2014

A presidente Dilma Rousseff pretende usar cada vez mais o peso do cargo para influenciar nas disputas regionais, principalmente nos Estados onde os interesses locais não estão de acordo com as alianças que estão sendo costuradas para a campanha à reeleição. A movimentação de Dilma tem a orientação direta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do presidente do PT, Rui Falcão, que têm comandado a interlocução entre a presidente, o partido e aliados.

A ordem no PT é que as conversas precisam continuar sendo feitas pelos dirigentes nacionais do partido, mas que a campanha é de Dilma. Por isso, a orientação é para não abrir mão do simbolismo de suas visitas.
De acordo com petistas próximos de Dilma, ela tem demonstrado ter consciência das tarefas que precisa realizar para chegar à reeleição e, aos poucos, demonstra gosto pela política.
Um exemplo desta estratégia foi a visita da presidente a Santa Catarina, na última semana. Dilma ignorou as intenções do PT local, agora nas mãos do ex-deputado Cláudio Vignatti, de ter candidatura própria ao governo do estado, contra o governador Raimundo Colombo (PSB), candidato à reeleição.
Nas agendas ao lado de Colombo em São Francisco do Sul, Itajaí e Florianópolis, a presidente se esmerou nos elogios ao governador e houve declarações mútuas de apoio.
Composição
O PT já decidiu que as alianças estaduais que não condizem com o plano nacional de reeleição de Dilma terão que ser sacrificadas. Para isso, o partido pretende contar com a presença política de Dilma no processo de construção dos palanques locais.
No caso de Santa Catarina, por exemplo, o cenário ideal para a campanha nacional da presidente seria o PT disputar somente a vaga ao Senado.

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Neste contexto, Ideli Salvatti, Décio Lima e Vignatti seriam os nomes mais cota
dos para a disputa. O PMDB, partido com bom diálogo com o PT no âmbito local, disputaria a vaga de vice de Colombo, com o senador Luiz Henrique, que mantém um bom canal de diálogo com a ministra Ideli Salvatti.
As próximas movimentações de Dilma também dependerão das conversas políticas com os aliados. Conflitos na aliança prioritária entre PT e PMDB deverão demandar ações da presidente.

Conflitos

No Maranhão, por exemplo, o senador José Sarney (PMDB-AP) espera o apoio do PT ao seu indicado para a disputa do governo, o atual secretário de Infraestrutura, Luis Fernando Silva. No entanto, o PT local quer se engajar na candidatura de outro aliado de primeira hora, o atual presidente da Embratur, Flávio Dino (PCdoB).
O PMDB também exige de Dilma, no Ceará, que ela esteja de forma exclusiva no palanque do senador Eunício Oliveira (PMDB), candidato ao governo. No entanto, a presidente também tem compromisso com os irmãos Cid e Ciro Gomes, hoje filiados ao PROS, que permaneceram fiéis à base aliada, mesmo após o rompimento do PSB de Eduardo Campos com o Planalto.
Os irmãos Gomes pretendem lançar a candidatura da atual secretária de Educação do estado, Maria Izolda Cela de Arruda Coelho, ao governo. Parte do PT local ainda considera a possibilidade de lançar a candidatura da ex-prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins.
A situação em Alagoas também terá que ser equacionada. Lá, o PT local, que tinha intenção em apoiar a candidatura do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), ao governo, se recusa a apoiar a candidatura do filho de Renan, o deputado Renan Filho. Nesse caso, a opção do partido da presidente Dilma Rousseff, seria a de se coligar com o PP e levar adiante a candidatura do senador Benedito de Lira (PP-AL).
No entanto, Renan teria conseguido o compromisso de Dilma em apoiar a candidatura de seu filho, após ameaças de colocar em votação, no Senado, um pedido de CPI da Copa do Mundo.
Em troca dos apoios nos três estados do Nordeste, o PMDB quer oferecer ao PT o apoio à candidatura do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, ao governo de Minas Gerais.
Já no Rio de Janeiro, o PT nacional e o próprio Lula já contam como certa a candidatura do senador Lindbergh Farias ao governo, apesar da insistência do governador Sérgio Cabral (PMDB) em cobrar o compromisso do PT com a candidatura de seu vice, Luiz Fernando Pezão (PMDB).
Há precaução por parte de Dilma sobre como agir no Rio, já que a presidente deverá ter pelo menos mais dois palanques aliados no estado, considerando as intenções do ministro da Pesca, Marcelo Crivella (PRB), e do líder do PR, o deputado Anthony Garotinho, de também disputarem o governo.

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