Sem movimento dos braços e das pernas, Laís Souza "perdeu" o seguro a que teria direito por questão de 11 dias, já que a apólice cobre apenas lesões em competições
Lorrane Melo - Correio BrazilienseThaís Cunha - Correio Braziliense
Até
junho do ano passado, a então ginasta Laís Souza, de 24 anos, nunca
tinha calçado um par de esquis. Ela queria descansar dos ginásios depois
de 13 cirurgias em 20 anos de ginástica artística. Por isso, aceitou o
convite da Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN) para
competir nas Olimpíadas de Inverno de Sochi, na Rússia. “É tudo estranho
e intenso. Perdi muito morando longe da minha família, e estou dando
mais atenção a isso agora”, contou ao Correio, antes do treinamento que a
colocou na Seleção Brasileira de esqui aéreo. A 11 dias da abertura dos
Jogos, porém, a atleta se chocou contra uma árvore nos Estados Unidos,
enquanto se preparava, e ficou tetraplégica. Em tratamento em território
americano, não tem previsão de volta ao Brasil.
A limitação física de Laís lançou o futuro dela em incertezas. A ex-ginasta não conta com nenhum respaldo financeiro, como um seguro em caso de invalidez. Ela também não encontrará apoio na CBDN nem no Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Juridicamente, os órgãos não são obrigados a arcar com as despesas que ela terá pelo resto da vida sobre uma cadeira de rodas (veja quadro).
Na semana passada, o COB se pronunciou por nota argumentando que, na data do acidente, a atleta “não participava de nenhuma delegação do COB ou de qualquer prova eliminatória ou classificatória para os Jogos Olímpicos” e que “o seguro de vida ou invalidez contratado pelo COB cobre apenas os atletas em missões, como os Jogos Olímpicos de Verão e de Inverno”. Assim, a entidade disse não ter a obrigação de bancar as despesas. O Correio entrou em contato com o órgão. A informação foi de que apenas o diretor executivo de Esportes, Marcus Vinícius Freire, pode falar sobre o caso da atleta, mas ele está na China.
Internada no Hospital Jackson Memorial, em Miami, Laís tem sido acompanhada por médico brasileiro e por uma fisioterapeuta, além de ser voluntária numa pesquisa de células-tronco. Tudo é bancado, até agora, por seguros de saúde contratados pelo COB e pela CBDN. A assistência, no entanto, termina por aí.
Os pais da atleta, o metalúrgico Antônio Souza e a mulher, Odete, vendedora de sapatos em uma loja em Ribeirão Preto (SP), estão aflitos. A família recolhe doações em uma campanha na internet, organizada, por incrível que pareça, pelo COB, uma entidade que teve receita de nada menos de R$ 132 milhões em 2012.
A campanha “Eu apoio a Laís” foi lançada nas redes sociais com o objetivo de conseguir dinheiro para itens não cobertos pelos seguros, como uma cadeira de rodas elétrica e um tablet movido pelo olhar, já doados por um anônimo.
Apesar de as entidades comemorarem o dinheiro arrecadado, esportistas profissionais criticam a ação. Eles gostariam que o apoio em casos de invalidez não dependesse apenas da compaixão de doadores. “Os atletas deveriam ter um seguro de invalidez e morte. Todos nós sabemos que, nos esportes de alto rendimento, os acidentes podem acontecer”, argumentou o medalhista olímpico Arthur Zanetti, inconformado com o caso.
A limitação física de Laís lançou o futuro dela em incertezas. A ex-ginasta não conta com nenhum respaldo financeiro, como um seguro em caso de invalidez. Ela também não encontrará apoio na CBDN nem no Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Juridicamente, os órgãos não são obrigados a arcar com as despesas que ela terá pelo resto da vida sobre uma cadeira de rodas (veja quadro).
Na semana passada, o COB se pronunciou por nota argumentando que, na data do acidente, a atleta “não participava de nenhuma delegação do COB ou de qualquer prova eliminatória ou classificatória para os Jogos Olímpicos” e que “o seguro de vida ou invalidez contratado pelo COB cobre apenas os atletas em missões, como os Jogos Olímpicos de Verão e de Inverno”. Assim, a entidade disse não ter a obrigação de bancar as despesas. O Correio entrou em contato com o órgão. A informação foi de que apenas o diretor executivo de Esportes, Marcus Vinícius Freire, pode falar sobre o caso da atleta, mas ele está na China.
Internada no Hospital Jackson Memorial, em Miami, Laís tem sido acompanhada por médico brasileiro e por uma fisioterapeuta, além de ser voluntária numa pesquisa de células-tronco. Tudo é bancado, até agora, por seguros de saúde contratados pelo COB e pela CBDN. A assistência, no entanto, termina por aí.
Os pais da atleta, o metalúrgico Antônio Souza e a mulher, Odete, vendedora de sapatos em uma loja em Ribeirão Preto (SP), estão aflitos. A família recolhe doações em uma campanha na internet, organizada, por incrível que pareça, pelo COB, uma entidade que teve receita de nada menos de R$ 132 milhões em 2012.
A campanha “Eu apoio a Laís” foi lançada nas redes sociais com o objetivo de conseguir dinheiro para itens não cobertos pelos seguros, como uma cadeira de rodas elétrica e um tablet movido pelo olhar, já doados por um anônimo.
Apesar de as entidades comemorarem o dinheiro arrecadado, esportistas profissionais criticam a ação. Eles gostariam que o apoio em casos de invalidez não dependesse apenas da compaixão de doadores. “Os atletas deveriam ter um seguro de invalidez e morte. Todos nós sabemos que, nos esportes de alto rendimento, os acidentes podem acontecer”, argumentou o medalhista olímpico Arthur Zanetti, inconformado com o caso.
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