O histórico político da ex-governadora Wilma de Faria é recheado de golpes de mestre e da sorte
O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves, manteve uma
conversa com o presidente do PSB, pré-candidato a presidente da
República, Eduardo Campos. Na pauta, o apoio do PSB no Rio Grande do
Norte a sua candidatura a governador do Estado. Teria ficado combinado
que Wilma escreveria uma carta a Campos, solicitando a liberação do PSB
para a aliança com o PMDB no Estado. A carta é mais um capítulo na
novela em que já se transformou a possibilidade de aliança do PSB com o
PMDB no Rio Grande do Norte. Bem semelhante, de resto, no caso da carta,
ao episódio que culminou, em 2002, com a desistência de Wilma de compor
com o PMDB e lançar-se candidata ao governo do Estado, se elegendo a
primeira governadora do Estado.
Na oportunidade, uma carta de Miguel Arraes, então presidente
nacional do PSB, deu discurso para que Wilma deixasse de apoiar o
projeto do PMDB, para justificar a candidatura de Wilma ao governo. A
carta foi encomendada por Wilma aos então pessebistas Rogério Marinho e
Renato Dantas, que foram a Arraes em busca da dita missiva. Diz-se que
até três versões da carta foram redigidas, até sair a de teor ideal. Com
a carta de Arraes em punho, Wilma alegou “mudança de cenário”,
renunciou à Prefeitura de Natal e se tornou a primeira mulher a governar
o Rio Grande do Norte.
O histórico político da ex-governadora Wilma de Faria é recheado de
golpes de mestre e da sorte. Certa feita, prefeita de Natal pelo PDT,
deixou de apoiar a candidatura de Leonel Brizola (PDT) a presidente da
República para votar no metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A
postura rendeu a ela a saída do PDT, significando, de resto, a ida dela
para o PSB, onde permanece até hoje.
Bem colocada nas pesquisas de opinião tanto para o Governo quanto
para o Senado, Wilma tem o processo eleitoral nas mãos. Por mais que
queira ser senadora, o projeto mais fácil, para ela, demonstra ser o
governo. Mas, e como ficaria o “acerto” com o PMDB, que deseja apoiar
Wilma para o Senado, desde que ela apoie o candidato do PMDB ao governo,
no caso, o deputado Henrique Eduardo Alves?
Bom, ninguém melhor que Wilma para responder. Mas, até agora, ela não
respondeu. Encena (?) conversas com a direção nacional do PSB. Há quem
pense que ela apenas ganha tempo para dar as costas ao PMDB. Depois de
aguardar a desistência do ministro da Previdência, Garibaldi Filho
(PMDB), que seria um forte adversário dela para o governo, e do prefeito
de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT), Wilma estaria esperando apenas
passar a eleição suplementar de Mossoró para anunciar sua candidatura ao
governo.
Argumentos para Wilma se candidatar ao governo ela tem de sobra: Não
tem adversários à altura, enquanto que para o Senado ela poderá
enfrentar uma parada duríssima contra Fátima Bezerra (PT); o PSB
nacional poderá ter o próximo presidente da República, Eduardo Campos, o
que favoreceria sobremaneira um eventual terceiro governo Wilma de
Faria, com verbas e investimentos no RN; e, além do mais, a pessebista
está em primeiro lugar em todas as pesquisas. A carta-resposta do PSB
poderá ser, na verdade, duas cartas: uma sendo pró-aliança com o PMDB,
outra, contrária a essa aliança. Qual a que Wilma utilizará?
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