Em visita ao canteiro da transposição do Rio
São Francisco, a presidente Dilma Rousseff disse nesta terça-feira, 13,
que a mudança no prazo de entrega dos canais ocorreu pelo
desconhecimento inicial da dimensão da obra e pela resistência de
opositores do projeto. “Houve atraso porque se subestimou a sua
complexidade”, afirmou. “Eu não acredito que uma obra em outro país se
faria em menos tempo, em dois ou três anos”, ressaltou. “Éramos bastante
inexperientes. O Brasil jamais fez uma obra dessa dimensão.” Dilma fez a
declaração numa entrevista dentro de um apertado contêiner de aço numa
área que será alagada em Jati, a 556 quilômetros de Fortaleza.
A obra de construção de cerca de 700 quilômetros de
canais para levar água do São Francisco a regiões secas de Pernambuco,
Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte começou em 2007, durante o governo
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com previsão de ser
concluída por completo em 2010. Agora, a estimativa do governo é
entregar os dois eixos de canais em dezembro do próximo ano. “Vocês
lembram bem a resistência que tivemos”, disse a presidente. Ela
ressaltou que a transposição trouxe para o Nordeste outras dezenas de
obras que totalizam um investimento de R$ 33 bilhões no sistema hídrico
da região. “Mil e cem quilômetros de rios do Nordeste não perenes se
transformaram em rios perenes”, afirmou.
Presidente visitou obras do rio São Francisco (Foto: Presidência da República)
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A
presidente afirmou que, no decorrer do cronograma, foi preciso
reavaliar o trabalho. “Uma obra como essa exige um tempo de maturação e
aprendizagem. Agora, os projetos estão bons, mudanças foram feitas,
empresas estão mais capacitadas”, disse. “Os projetos foram melhorando
de qualidade”, completou. Em outros eventos, a presidente já reclamara
das dificuldades impostas por órgãos de fiscalização ambiental e de
contas. Horas antes, num discurso para cerca de duas mil pessoas, no
canteiro de obras, a presidente aproveitou a visita para contra-atacar
com o “apagão da água”, segundo termo que circula e é amplificado nos
bastidores do Planalto, em São Paulo, Estado administrado pelo
governador Geraldo Alckmin, do PSDB.
Ela voltou a dizer que o problema de abastecimento
ocorre pela falta de planejamento dos tucanos. “No Sudeste, no Estado
mais rico da Federação, que é São Paulo, estamos enfrentando uma seca”,
afirmou. “Mas lá não tem uma obra dessa dimensão para garantir a
segurança hídrica.” Dilma afirmou que trabalhadores da transposição
devem ter o “queixo erguido” e “muito orgulho” por terem mudado as
condições no Nordeste. “Houve aqui (no Nordeste) planejamento, previsão e
um esforço da sociedade. Ninguém pode ser surpreendido pela seca”,
disse. Ela ainda fez uma defesa enfática do governo dela e o do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que começou as obras de
transposição. Ela ressaltou que Lula entregou 300 mil cisternas e ela
outras 580 mil.
A presidente disse que, nos últimos 12 anos, houve
mudanças não apenas sociais mas econômicas e hoje os trabalhadores não
sofrem mais “arrocho salarial” e o salário mínimo é sempre corrigido e
valorizado. O secretário de Saúde do Ceará, Ciro Gomes (PROS), que foi
ministro da Fazenda e da Integração Nacional, puxou um coro pela
reeleição da presidente. “Um-dois-três, Dilma outra vez”, gritava Ciro,
com braços erguidos, sendo acompanhado pelo irmão e governador Cid Gomes
e o público, que foi levado até o canteiro por carros fretados pela
prefeitura. O senador Eunício Oliveira (PMDB), que concorrerá ao governo
estadual contra o grupo dos Gomes, não apareceu.
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