Na
imagem, jumentos confinados para o abate no Rio Grande do Norte.
Promotor de Justiça Silvio Brito inicou, em novembro, trabalho com as
polícias rodoviárias federal e estadual para recolher os jumentos que
circulavam soltos pelas rodovias do Estado
Em Apodi, a fazenda APA (Associação de Proteção aos Animais) abriga cerca de 900 animais. À espera de adoção, os bichos são mantidos pelo poder judiciário no local e custam R$ 1,50 por dia - R$ 40.500,00 por mês. O abrigo foi fundado em outubro de 2013, após um levantamento do MPE (Ministério Público Estadual), que verificou que a PRF (Polícia Rodoviária Federal) estava com problemas para destinar os animais apreendidos nas estradas por causa da alta demanda de apreensões.
A proposta de Brito gerou polêmica entre moradores da região, defensores de animais e também de vegetarianos. O assunto virou pauta no programa de Fernando Gabeira, na Globo News, que abordou questões a respeito da industrialização e exportação desses animais. Em depoimento, Brito, que chegou a oferecer um almoço experimental para trezentas pessoas, declarou que quem experimentou a carne ficou deslumbrado com o fato de conviver há tantos anos com esses animais e não saber que seu gosto é tão bom.
"A nossa ideia é difundir às pessoas que a carne de jumento é própria para consumo, no intuito de retirar esses animais das rodovias", explica o promotor. Segundo a sugestão de Brito, a carne seja servida inicialmente ao sistema prisional. Depois seria incluída em cardápios de escolas e hospitais.
O abate de jumentos para consumo é previsto por lei desde que realizado em um estabelecimento credenciado pelos institutos de inspeção sanitária. Mas muitos ambientalistas e veterinários acham que os animais podem ter outra destinação
O médico veterinário Genecleiton Almeida, mestre em segurança alimentar e saúde pública pela Universidade de Lisboa, em Portugal, também defende que a carne de jumento faça parte do cardápio dos brasileiros.
"Não vejo problema técnico no consumo da carne de jumento, desde que esse animal esteja dentro das condições sanitárias e dentro de uma linha de abate específica. O problema é a questão cultural, que as pessoas ainda têm resistência em consumir carne de jumento", disse Almeida.
Assim como entidades de proteção aos animais, a Sociedade Vegetariana Brasileira questionou a proposta e, até o início de julho deste ano, reuniu 50.000 assinaturas de pessoas contra o consumo da carne de jumento.
"É inadmissível que se adicione ainda mais um tipo de carne ao cardápio do brasileiro, condenando animais de mais uma espécie a sofrer e morrer para atender a interesses dos seres humanos", informou o documento entregue em maio ao procurador-geral de Justiça do RN, Rinaldo Reis.
A ONG DNA (Defesa da Natureza e dos Animais) destacou o risco de extinção caso os jumentos sejam colocados para o abate. Segundo a ONG, os jumentos precisam de 24 meses para procriar e a gestação dura 12 meses.
OAB é contra abate de jumentos em Apodi e Felipe Guerra
A Ordem dos Advogados do Brasil
– Seccional do Rio Grande do Norte vem informar que sua atuação,
através da Comissão de Meio Ambiente da Seccional RN e da Subseccional
Mossoró, no contexto da polêmica envolvendo a prática de abate de jumentos (asininos) em Apodi e Felipe Guerra motivada a partir de iniciativa de promotor de justiça em atuação naquele município.
No entendimento institucional de que a prática de abate não encontra amparo suficiente para sua manutenção.
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