terça-feira, 16 de setembro de 2014

Promotor do RN gera polêmica ao propor abate de jumentos abandonados para consumo

Na imagem, jumentos confinados para o abate no Rio Grande do Norte. Promotor de Justiça Silvio Brito inicou, em novembro, trabalho com as polícias rodoviárias federal e estadual para recolher os jumentos que circulavam soltos pelas rodovias do Estado
Na imagem, jumentos confinados para o abate no Rio Grande do Norte. Promotor de Justiça Silvio Brito inicou, em novembro, trabalho com as polícias rodoviárias federal e estadual para recolher os jumentos que circulavam soltos pelas rodovias do EstadoO abandono de jumentos nas estradas do Rio Grande do Norte levou Silvio Brito, promotor da cidade de Apodi (337 km de Natal), a propor o abate dos animais pra consumo. Segundo reportagem exibida pelo "Jornal Nacional" em março deste ano, estima-se que na região existam cerca de 20 mil animais abandonados – que foram substituídos por motos.
Em Apodi, a fazenda APA (Associação de Proteção aos Animais) abriga cerca de 900 animais. À espera de adoção, os bichos são mantidos pelo poder judiciário no local e custam R$ 1,50 por dia - R$ 40.500,00 por mês. O abrigo foi fundado em outubro de 2013, após um levantamento do MPE (Ministério Público Estadual), que verificou que a PRF (Polícia Rodoviária Federal) estava com problemas para destinar os animais apreendidos nas estradas por causa da alta demanda de apreensões.
A proposta de Brito gerou polêmica entre moradores da região, defensores de animais e também de vegetarianos. O assunto virou pauta no programa de Fernando Gabeira, na Globo News, que abordou questões a respeito da industrialização e exportação desses animais.  Em depoimento, Brito, que chegou a oferecer um almoço experimental para trezentas pessoas, declarou que quem experimentou a carne ficou deslumbrado com o fato de conviver há tantos anos com esses animais e não saber que seu gosto é tão bom.
"A nossa ideia é difundir às pessoas que a carne de jumento é própria para consumo, no intuito de retirar esses animais das rodovias", explica o promotor. Segundo a sugestão de Brito, a carne seja servida inicialmente ao sistema prisional. Depois seria incluída em cardápios de escolas e hospitais.
O abate de jumentos para consumo é previsto por lei desde que realizado em um estabelecimento credenciado pelos institutos de inspeção sanitária. Mas muitos ambientalistas e veterinários acham que os animais podem ter outra destinação
O médico veterinário Genecleiton Almeida, mestre em segurança alimentar e saúde pública pela Universidade de Lisboa, em Portugal, também defende que a carne de jumento faça parte do cardápio dos brasileiros.
"Não vejo problema técnico no consumo da carne de jumento, desde que esse animal esteja dentro das condições sanitárias e dentro de uma linha de abate específica. O problema é a questão cultural, que as pessoas ainda têm resistência em consumir carne de jumento", disse Almeida.
Assim como entidades de proteção aos animais, a Sociedade Vegetariana Brasileira questionou a proposta e, até o início de julho deste ano, reuniu 50.000 assinaturas de pessoas contra o consumo da carne de jumento.
"É inadmissível que se adicione ainda mais um tipo de carne ao cardápio do brasileiro, condenando animais de mais uma espécie a sofrer e morrer para atender a interesses dos seres humanos", informou o documento entregue em maio ao procurador-geral de Justiça do RN, Rinaldo Reis.
A ONG DNA (Defesa da Natureza e dos Animais) destacou o risco de extinção caso os jumentos sejam colocados para o abate. Segundo a ONG, os jumentos precisam de 24 meses para procriar e a gestação dura 12 meses.

 OAB é contra abate de jumentos em Apodi e Felipe Guerra
 

A Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional do Rio Grande do Norte vem informar que sua atuação, através da Comissão de Meio Ambiente da Seccional RN e da Subseccional Mossoró, no contexto da polêmica envolvendo a prática de abate de jumentos (asininos) em Apodi e Felipe Guerra motivada a partir de iniciativa de promotor de justiça em atuação naquele município.

No entendimento institucional de que a prática de abate não encontra amparo suficiente para sua manutenção.

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