Garibaldi Filho defende também Ezequiel Ferreira e afirma que é importante não fazer pré-julgamentos
Jornal de hoje/Alex Viana
Repórter de Política
De antemão, Garibaldi critica o instituto da delação premiada, que 
tem sido responsável por frisson na política nacional, vide escândalo do
 Petrolão, e estadual, por meio da operação Sinal Fechado. Segundo ele, o
 instituto, criado na Constituição de 1988, pode levar a que se cometam 
distorções e julgamentos precipitados. “Porque, afinal de contas, uma 
deleção não significa uma sentença, e muitos estão entendendo que na 
hora que o sujeito faz uma delação é como se fosse uma sentença de um 
juiz que já tivesse inquérito concluído”, alertou.
Agripino poderá ser sendo alvo de investigação por parte do 
Ministério Público Federal. O procurador da República, Rodrigo Janot, 
requereu na última segunda-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) a 
abertura de inquérito contra o senador, dando caráter oficial à 
investigação. A medida teria sido adota após reportagem do Fantástico, 
que exibiu, no último domingo, matéria sobre a fraude na implantação da 
inspeção veicular no Estado. A solicitação de abertura de inquérito 
contra o democrata foi distribuída para a ministra do STF Carmem Lúcia, 
que deverá responder nos próximos dias.
A Procuradoria da República investigaria Agripino desde o ano 
passado, quando teria sido acertada a delação do empresário George 
Olímpio junto ao Ministério Público. Todos os depoimentos de George 
Olímpio, que teriam durado cerca de três dias, teriam sido acompanhados 
por um subprocurador da República. Toda vez que o depoente tocava nas 
acusações contra Agripino – de que o democrata teria cobrado e recebido 
propina para fazer lobby no governo Rosalba Ciarlini (DEM) para a 
implantação da inspeção veicular, objeto da investigação – era o 
subprocurador quem fazia as perguntas. Assim, Agripino já vinha sendo 
investigado pelo MPF desde o ano passado.
No caso de Wilma de Faria, ela e o filho dela, o advogado Lauro Maia,
 são réus no mesmo caso desde 2011, quando o Ministério Público Estadual
 ofereceu denúncia contra eles. Ontem, os promotores de Justiça 
ofereceram denúncia contra Delevam Melo, homem de confiança do sistema 
wilmista e apontado como operador de Wilma e Lauro no esquema da Inspar.
 Quanto a Ezequiel Ferreira de Souza, o atual presidente da Assembleia 
foi acusado formalmente pelo procurador-geral de Justiça, Rinaldo Reis 
Lima, na última sexta-feira, de ter recebido propina para articular a 
aprovação de projeto de lei que autorizava a concessão do serviço de 
inspeção para a iniciativa privada, ação legislativa que supostamente 
fazia parte das tratativas do esquema.
BOA-FÉ
Para Garibaldi, como são necessárias provas para comprovar o que é 
apontado pelo Ministério Público, até que essas provas sejam dadas como 
irrefutáveis, prevalecerá atitude de boa fé com relação a Agripino, 
Wilma e Ezequiel. “Eu acho que, como conterrâneo, tenho que ter atitude 
de boa-fé perante as pessoas que militam comigo hoje ou militaram ao meu
 lado, ou até mesmo militaram contra mim. Tenho eu que ter atitude de 
boa fé e acreditar que eles provarão que estão isentos de todas essas 
acusações”. Caso surjam as provas irrefutáveis, Garibaldi poderá mudar 
de opinião. “Se existirem provas, claro que eu não posso prevalecer com 
essa minha boa fé e opinião diante de provas irrefutáveis. Mas enquanto 
não tiverem esse caráter, acredito que meus conterrâneos possam 
comprovar idoneidade, inocência e credibilidade”, frisou.
CREDIBILIDADE
Ao falar especificamente sobre Agripino, que, como ele, é 
ex-governador do Rio Grande do Norte, e está no quarto mandato de 
senador da República, um a mais que o peemedebista, Garibaldi ressalta 
que o clima no Senado é de solidariedade, já que o potiguar desfruta de 
credibilidade e confiança entre seus pares.
“Agripino é o mesmo que digo da ex-governadora Wilma e de Ezequiel, 
não tenho porque diferenciar. Acredito em Agripino, como acredito nos 
demais”, declarou. “Aqui no Senado há uma credibilidade muito grande e 
confiança e solidariedade que vem recebendo dos colegas. Isso nós 
estamos vendo até no plenário, quando ele chega é cercado pelos pares”, 
disse Garibaldi, descartando que o Senado venha a abrir investigação 
contra Agripino. “Não acredito. Nada disso é cogitado”.
Wilma silencia sobre fatos novos da Sinal Fechado
Secretário adjunto de Infraestrutura, diretor do DER e da CAERN 
durante o seu governo, o engenheiro Delevam Melo recebeu o silêncio de 
sua líder política, a ex-governadora e atual vice-prefeita de Natal, 
Wilma de Faria (PSB). Procurada esta manhã pela reportagem de O Jornal 
de Hoje, para se manifestar sobre a denúncia do Ministério Público 
contra Delevam, apontado como integrante do sistema político de Wilma e 
de seu filho, advogado Lauro Maia, Wilma informou, por meio de sua 
assessoria, que não tinha mais o que falar sobre a operação Sinal 
Fechado, a não ser o que já havia dito ao programa jornalístico global 
dominical Fantástico.
Wilma e Lauro já são réus na Sinal Fechado. Ambos são acusados de 
participação no esquema da Inspar, que teria começado a funcionar na 
gestão da pessebista com a implantação do convênio entre o Instituto de 
Registradores de Títulos e Documentos de Pessoas Jurídicas do Rio Grande
 do Norte (IRTDPJ/RN) e o Departamento Estadual de Trânsito. Ontem, o MP
 denunciou à Justiça – o processo transcorre na 3ª Vara Criminal – que 
Delevam teria sido o intermediador entre o empresário George Olímpio e o
 governo Wilma de Faria. Ele ficaria responsável por receber a propina e
 dividir com Wilma e Lauro Maia, segundo o MP.
Procurados nesta manhã, Wilma e Lauro silenciaram sobre a nova 
denúncia, tida como desdobramento da Sinal Fechado. O engenheiro Delevam
 Melo também foi procurado, mas se encontrava com seus advogados e não 
pôde atender à reportagem. A denúncia contra Delevam é desdobramento da 
operação Sinal Fechado, que, além da denúncia contra Wilma e Lauro, 
feita anteriormente, em 2011, apresentou nesta semana uma nova peça, 
desta feita contra o presidente da Assembleia, Ezequiel Ferreira. Também
 desdobramento da mesma operação, segue, em Brasília, investigação 
contra o senador Agripino Maia.
Sobre a nova delação de George Olímpio, Wilma disse na nota ao 
Fantástico que repudia a citação ao nome dela em qualquer contexto 
ilegal na implantação da Inspeção Veicular no Estado. “No período em que
 governei o Rio Grande do Norte (janeiro de 2003 a março de 2010), a 
inspeção veicular ora investigada pelo Ministério Público sequer foi 
licitada e implantada, não tendo gerado, portanto, nenhuma receita a 
órgão público ou empresa”, afirmou. Ainda não tendo conhecimento oficial
 do teor da delação premiada de George Olímpio, Wilma se absteve de 
fazer qualquer avaliação prévia sobre e disse considerar citação ao seu 
nome como “ilação caluniosa, injusta, desrespeitosa e antidemocrática”.
Quanto a Lauro Maia, sua nota ao Fantástico é curta. Ele afirma, 
apenas, desconhecer o conteúdo da delação, não tendo sido notificado 
sobre os fatos nela narrados. “Mesmo assim, de antemão, repudio qualquer
 afirmação de que teria participado do esquema criminoso referente à 
implantação da inspeção veicular no Estado do Rio Grande do Norte e 
continuo à disposição da Justiça para qualquer esclarecimento”, frisou.
 
 
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