segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Vazão da Armando Ribeiro é reduzida

O Instituto Gestor de Águas do Rio Grande do Norte (Igarn) suspendeu o uso de águas do Canal do Pataxó – principal duto que transporta as águas da barragem Armando Ribeiro Gonçalves, em Itajá. O canal é utilizado por famílias do Vale do Açu para a fruticultura irrigada. Desde a última semana, o órgão resolveu limitar o fornecimento dos recursos baseado em denúncias sobre o desperdício e mau uso da água. Um cadastramento dos moradores foi iniciado no ultimo dia (4).
Barragem opera com apenas 30% das reservas e vazão de 8 mil litros de água por segundo. É utilizada para abastecimento de 38 cidades e a manutenção dos perímetros irrigados do Vale do Açu

A barragem Armando Ribeiro Gonçalves é o maior reservatório do Estado, com capacidade de armazenagem de até 2,4 milhões de metros cúbicos. Segundo último boletim da Secretaria Estadual de Recursos Hídricos (Semarh), a barragem opera com apenas 30% das reservas e vazão de 8 mil litros de água por segundo. O efluente é utilizado para abastecimento de 38 cidades e a manutenção dos perímetros irrigados do Vale do Açu.

De acordo com o técnico do setor de outorgas do Igarn, Nelson Césio, a restrição ao uso das águas do Canal do Pataxó permanece enquanto não for finalizado o cadastramento. “No momento estamos fazendo apenas o cadastramento dos usuários sobre o uso de cada um, para assim sabermos qual ação tomaremos. Nenhum morador da região tem outorga”, justifica. A outorga é o direito concedido pelo Estado para uso dos recursos hídricos.

O técnico acrescenta que a restrição surgiu com base de denúncias de moradores de outras regiões, como Ipanguaçu, de que a água do canal, que deveria perenizar o Rio Pataxó e seus efluentes, não estava chegando. “A função da água deste canal é perenizar o Rio Pataxó. O que acontece é que há muitos usuários estavam utilizando a água da calha e do canal, e assim nem todos tinham acesso. A água é de acesso livre por todos, mas precisávamos gerir, é preciso racionalizar”, acrescenta.

Reclamações
Entretanto, moradores do município de Itajá afirmam que o corte foi feito sem aviso prévio ou consenso. O Igarn, em conjunto com Semarh e Instituto de Desenvolvimento do Meio  Ambiente do Rio Grande do Norte (Idema), destruíram os “cifrões” — sistemas utilizados pelos moradores para retirar água do canal sem uso da bomba hidráulica.

 
De acordo com os moradores, 177 famílias utilizam o sistema para abastecimento de suas plantações. A aposentada Maria Lourdes da Silva, 65 anos, compareceu ontem cedo ao cadastramento. “Eu só tirava água de noite ou de manhã e mesmo assim não era muito tempo. Ligava de noite até de manha”, conta a morradora, que mantém uma plantação para o gado.

Secretário de obras e infraestrutura de Itajá,  Narciso Martins Xavier critica a ação. Para ele, antes da restrição seria necessário reavaliar a estrutura do canal, que não passou por manutenção desde que foi construído, na década de 1980. “Os agricultores tapam buracos do canal com saco, com bucha. Quando cai uma parte do canal é que eles (o Estado) vêm ajeitar, nunca teve manutenção”, acrescenta o secretário.

Apesar de o nível da barragem ser preocupante, o Igarn afirmou que a suspensão não foi causada pelo volume de recurso hídrico disponível. “Não foi por causa do nível da barragem, mas pela má gestão. Nem todo mundo estava usufruindo”, afiançou. Com o cadastramento, aqueles que tiverem interesse em utilizar o recurso precisarão comprovar o motivo. Ontem, foram recolhidas as identificações dos moradores e o tamanho dos canos utilizados para captação de água da barragem.

O Igarn ainda não têm previsão de quando ou como o abastecimento será retomado. Está prevista para a próxima semana uma reunião com os moradores para discutir o novo modelo da concessão.

TN

Nenhum comentário:

Postar um comentário