Talles Carvalho geria corretora de ações que não possuía autorização para operar na bolsa e pagava despesas pessoais com o dinheiro das vítimas
O Ministério Público Federal no Rio Grande do Norte (MPF/RN)
denunciou Talles Kleberton Carvalho do Nascimento por operar ilegalmente
na bolsa de valores, por gestão fraudulenta e por apropriar-se do
dinheiro investido pelos clientes, entre 2006 e 2010. As condutas estão
previstas como crimes contra o sistema financeiro nacional, na Lei nº
7.492/86.
A denúncia, assinada pelo procurador da República Kleber Martins,
aponta que Talles Carvalho abriu a TKC Nascimento – ME em julho de 2006,
com o nome de fantasia Cifra Investimentos. A empresa nunca foi
habilitada a atuar no mercado de ações. Na realidade, destaca o
procurador, a empresa sequer existia: “ela não passava de um contrato
social registrado na Junta Comercial; na prática, ela se resumia à
pessoa física do denunciado, manuseando um computador de sua casa,
através do qual, irresponsavelmente, comprava e vendia ações com os
recursos dos clientes.”
Apesar disso, ele captou clientes para investir na bolsa até meados
de 2010, com a intenção de obter lucro especulando com o dinheiro destes
no mercado de ações. De acordo com o MPF, Talles Carvalho prometia ao
cliente um retorno de 2,5% ao mês. Para documentar a negociação, ele
firmava um “instrumento particular de confissão de dívida” e uma nota
promissória. Aos novos interessados, apresentava uma relação de
aproximadamente cem supostos investidores para os quais a TKC
trabalharia.
Além de agir ilegalmente como corretor de valores mobiliários, Talles
Carvalho se valeu de grande parte do dinheiro investido pelas vítimas
para custear despesas pessoais. Ele pagou, por exemplo, o aluguel da
casa onde morava e de outro imóvel residencial; mensalidades de duas
escolas em que a filha estudou; parcelas de três apartamentos que estava
adquirindo; e comprou peças automotivas para seu veículo; sem contar
outras despesas pessoais e possíveis saques em espécie.
No segundo semestre de 2009, percebendo que faltava dinheiro para
atender às ordens de resgate dos investimentos feitos pelos clientes,
passou a apresentar relatórios de investimentos e rentabilidade com
informações falsas. Porém, em dezembro daquele ano, confessou o prejuízo
gerado às vítimas, mas mesmo assim não revelou a utilização dos
recursos destas para seus gastos particulares. Em vez disso, culpou a
“crise econômica mundial”.
Somente a um grupo de pessoas que pediu providências criminais ao
MPF, o prejuízo teria sido de R$ 1.042.242,28, apesar de Talles Carvalho
ter tentado, sem sucesso, quitar a dívida com essas vítimas. A denúncia
irá tramitar na Justiça Federal sob o número 0001245-65.2015.4.05.8400.
Nenhum comentário:
Postar um comentário