segunda-feira, 22 de junho de 2015

Robinson é a favor de nova idade penal, em caso hediondo



Jalmir Oliveira/Novo Jornal: O governador Robinson Faria (Foto arquivo) é favorável à redução da maioridade penal, mas somente nos casos em que adolescentes cometerem crimes hediondos (como estupro, latrocínio e homicídio qualificado). “Hoje, o Brasil está vivenciado o aumento de crimes bárbaros nesta faixa etária de 16 a 18 anos. Então, eu sou favorável à redução da maioridade penal, mesmo que alguns governadores tenham pensamento contrário”, diz. 

Ele acredita, inclusive, que – apesar das dificuldades vividas pelo sistema penitenciário potiguar – a mudança na legislação não trará problemas para o Rio Grande do Norte.  “A questão estrutural será modificada. Há 20 anos o Rio Grande do Norte não constrói um presídio e temos um déficit de quatro mil vagas”, justifica o governador Robinson Faria. Mostra disso é que o poder Executivo reiniciou há dez dias construção de um novo presídio na cidade de Ceará-Mirim. As obras, que estavam previstas para iniciar em abril, passaram por embargos judiciais impetrados pela prefeitura do município que vai receber o empreendimento. Em 14 de abril passado, o Conselho de Desenvolvimento do Estado aprovou a construção da cadeia pública, com R$ 3.143.378,50 de contrapartida do Governo do Estado e outros R$ 14.745.048,09 de convênios.

A opinião da secretária de Segurança Pública do Estado, Kalina Leite, é semelhante à do governador. Ela acredita que o assunto da redução da maioridade penal necessita de uma discussão mais ampla. “É um problema nacional, a partir da União, mas é uma questão que demanda mudanças para tornar mais eficaz o sistema educacional, bem como o prisional”, analisa. Kalina Leite diz ser favorável para casos de crimes hediondos. 

As opiniões do Governador e da secretária concordam – em parte – com o relatório do deputado Laerte Bessa (PR-DF) apresentado e aprovado na comissão especial que analisa a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 171/93, cuja proposta é a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. A diferença é que Bessa alterou o texto para prever que a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos deve ocorrer nos casos de crimes hediondos (como estupro, latrocínio e homicídio qualificado) e também para homicídios dolosos, lesões corporais graves, lesões corporais seguidas de morte e roubos agravados (quando há sequestro ou participação de dois ou mais criminosos, entre outras circunstâncias). Ainda de acordo com a proposta aprovada, a pena dos adolescentes será cumprida em estabelecimento separado dos maiores de 18 anos e dos menores inimputáveis. Orientaram favoravelmente à redução da maioridade penal partidos como PMDB, PSDB, DEM, PR, PP e PTB, e foram contra PT, PSB, PPS, PDT e PCdoB.

TOFFOLI

Na visão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, que esteve em Natal esta semana para um encontro com representantes da justiça eleitoral, falou da importância do projeto ter sido analisado pela Câmara dos Deputados. “É uma medida importante que será decidida em plenário”, avalia. 

Dias Toffoli está envolvido com a discussão tema desde abril. Ele negou uma liminar que tinha como objetivo impedir a tramitação e a deliberação da emenda que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos. A medida foi impetrada pelo deputado federal Rubens Pereira Júnior (PCdoB/MA) que avaliava que a maioridade penal de 18 anos é uma garantia individual, portanto, cláusula pétrea.

Na avaliação do ministro, o projeto está em fase de análise e, por isso, não há razão de interromper a tramitação do processo legislativo. Contudo, a decisão de Dias Toffoli tem caráter liminar e, portanto, o mérito sobre a constitucionalidade da redução da maioridade penal não foi analisado.

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