A
reportagem de Clarisse Montiagudo, o Jornal Extra, contou a história de
Christiano Pereira Tavares, o menino que foi símbolo do PAC (Programa
de Aceleração do Crescimento) na comunidade de Manguinhos na zona norte
do Rio de Janeiro que morreu em decorrência de uma suspeita de overdose
por drogas.
A criança de apenas nove anos foi registrada pelo fotógrafo Rafael
Andrade, do Extra, em 2008, nadando em uma poça de esgoto, imagem que
sensibilizou o presidente Lula, que construiu uma piscina e inaugurou a
obra com Christiano no palanque. A família também ganhou uma casa com a
repercussão da foto.
Bianca Pereira de apenas 35 anos, mãe do garoto, que deu rosto ao
PAC, disse a repórter do diário carioca: “Tratavam a gente igual a
cachorro. Tentei trabalhar nas obras e não consegui. Usaram o Cristiano
como imagem, depois todo mundo sumiu. Isso aqui está abandonado”.
As obras de Manguinhos não foram concretizadas, segundo o relato da
jornalista “Hoje, Manguinhos é o mesmo abandono. Coberto com o cimento
do PAC. Faltam médicos na UPA, os quiosques que seriam vendidos a
comerciantes foram depredados, cavalos pastam no meio do lixo. Falta
água nas casas. Ano passado, pegou fogo num andar de apartamentos. Estão
até hoje fechados. As famílias perderam tudo”.
Christiano não tinha plano para o futuro, adorava “selfies”, a sua
rede social preferida era o Facebook, onde estão postadas inúmeras fotos
com o seu sorriso e o cotidiano que vivia. Sua irmã Sthephanie Leah, de
apenas 14 anos, está grávida, de seis meses e abandonou a escola em
2014, se alimental mal pois não tem comida em casa.
Em 2008, quando Christiano foi abraçado por Lula, o então presidente
fez a pergunta – O que ele sonhava no futuro?; sem perspectivas, com
apenas nove anos, disse que queria ser pedreiro, pois era a única
profissão que conhecia.
Os sonhos da face do “PAC”, como de suas duas irmãs e mãe, além de
outras pessoas da comunidade de Manguinhos estão sepultados em uma cova
rasa no Cemitério de Inhauma, no Rio, símbolo da desesperança.
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