terça-feira, 6 de outubro de 2015

Acusada de matar filho com sorvete envenenado no CE vai a júri popular

Cristiane Coelho é acusada também de tentar matar ex-marido com veneno.
Na semana passada, decisão da Justiça negou habeas corpus da acusada.

Do G1 CE
Cristiane foi indiciada por homicído triplamente qualificado (Foto: TV Verdes Mares/Reprodução)Cristiane foi indiciada por homicído triplamente q
ualificado (Foto: TV Verdes Mares/Reprodução)

Cristiana Renata Coelho, acusada de matar o filho com sorvete envenenado e tentar matar o ex-marido também com veneno, vai a júri popular, segundo determinação da juíza Daniela Lima da Rocha pronunciada nesta segunda-feira (5).
“O conjunto de informações prestadas pelas testemunhas e pela vítima sobrevivente, portanto, afigura-se apto a diluir e fragilizar a versão apresentada pela acusada. Também encontrados na prova pericial, afiguram-se suficientes para enviar a ré ao julgamento pelo Tribunal Popular do Júri”, explicou a magistrada.
Na semana passada, a 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Ceará negou pedido de liberdade para Cristiane Renata Coelho Severino Coelho, acusada de matar o filho com sorvete envenenado e de tentar assassinar o ex-marido, o subtenente do Exército Francileudo Bezerra. Cristiane Coelho foi denunciada por homicídio triplamente qualificado (motivo fútil, meio cruel e recurso que dificulte a defesa da vítima).
De acordo com decisão do relator, desembargador Haroldo Correia de Oliveira Máximo, a prisão da acusada deve ser mantida pela periculosidade do crime cometido. O magistrado destacou que há necessidade de prisão “para o fim de resguardar a ordem pública, pois a acusada [Cristiane], teria, em tese, planejado, com meses de antecedência, a morte de seu companheiro, e mais grave, de seu filho".
A defesa de Cristiane pediu a revogação da prisão preventiva pela aplicação e medida cautelar alegando constrangimento ilegal pela falta de fundamentação no decreto prisional. Quanto a aplicação de medidas cautelares, o relator entendeu que é inadequado a substituição. "Justifica-se em razão da gravidade concreta da conduta, não se mostrando, pois, suficiente para atender às exigências do caso".
De acordo com denúncia do Ministério Público do Estado (MPCE), a ré teria administrado veneno (chumbinho) para o esposo e filho, e logo após simulado uma suposta agressão física para incriminar o marido. No entanto, Francileudo sobreviveu, após ficar vários dias em coma, e negou a acusação da mulher. Depois de acareação entre o casal, ficou revelada a inconsistência da versão de Renata.
Cristiane Coelho teve a prisão preventiva decretada em 5 de maio, pela juíza Daniela Lima da Rocha. A juíza também determinou a quebra de sigilo do perfil social em rede social (Facebook) e de e-mails da acusada e da vítima Francileudo Bezerra, relativos ao período de julho de 2013 a janeiro de 2015. A juíza entendeu que o "interesse público deve se sobrepor à proteção constitucional do sigilo individual, para aferição de possível coautoria do delito".
Na decisão, a juíza ressaltou que os laudos periciais somados aos depoimentos e acareações "demonstram, sem margem de dúvida, a materialidade delitiva, prova de onde também exsurgem mais do que indícios de que Cristiane Renata Coelho Severino utilizou-se de veneno para rato, conhecido popularmente por chumbinho, para ceifar a vida do filho e tentar contra a vida do marido”.
Cristiane Coelho foi indiciada no dia 27 de abril por tentativa de homicídio triplamente qualificado contra o então marido, e por homicído triplamente qualificado do filho. Com a decisão, Cristiane passou à condição de ré em ação penal e tem prazo de 10 dias para apresentar a defesa das acusações.
Entre os agravantes dos crimes estão motivo torpe, com emprego de veneno, com recurso que torna impossível a defesa, além da vítima ser criança e filho de Cristiane. Se condenada, Cristiane Coelho pode pegar até 30 anos de prisão.
O crime
Na madrugada de 11 de novembro de 2014, o subtenente do Exército Francileudo Bezerra e seu filho Lewdo Bezerra ingeriram veneno para rato conhecido como "chumbinho". A substância foi encontrada no sifão da pia da cozinha da casa do casal.  O pai ficou internado durante 32 dias no Hospital Geral do Exército, em Fortaleza, dos quais em coma por uma semana, e se recuperou.
O militar chegou a ser apontado como suspeito de homicídio, porque no primeiro depoimento a mulher, Cristiane, contou à polícia que ele tinha matado o filho com tranquilizantes e tentado se matar, além de agredi-la. "A Cristiane, que dizia ter sido espancada pelo marido, matou o filho envenenado fazendo uso de sorvete de morango. Não há mais dúvida", afirmou o delegado Wilder Brito, presidente do inquérito.

Cristiane Coelho é presa em Fortaleza; ela é suspeita de matar o filho com sorvete envenenado (Foto: TV Verdes Mares/Reprodução)Cristiane Coelho é presa em Fortaleza; ela é suspeita de matar o filho com sorvete envenenado (Foto: TV Verdes Mares/Reprodução)
 
A motivação do crime, de acordo com as investigações, seria um seguro do Exército de cerca de R$ 150 mil, os soldos do militar e um outro seguro que o subtenente havia feito em nome do filho mais velho. “Ela era a principal beneficiária. O pessoal do Exército, os militares, têm um seguro e ela seria a principal beneficiária. Além disso, além do seguro, ela seria  pensionista do Exército, ela não precisaria trabalhar, todo mês o dinheiro ia cair na conta dela”, disse Francileudo Bezerra, em entrevista.

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