quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

PEDOFILIA NA IGREJA PARAIBANA: Procurador Eduardo Varandas está apurando tudo e ouvindo todos

eduardo_varandas_mpt_pbA Procuradoria do Trabalho na Paraíba está colhendo depoimentos de pessoas intimadas em processo que investiga denúncias de exploração sexual de crianças e adolescentes em João Pessoa, supostamente praticados com a “conivência do Arcebispo da Paraíba”, dom Aldo Pagotto. O processo corre em segredo de Justiça. Durante todo o mês de novembro, padres, religiosos e testemunhas estão sendo convocadas pelo procurador Eduardo Varandas. Investigação do MPT aumenta clima de tensão nos bastidores da Igreja na PB
A investigação tornou ainda mais tenso o clima nos bastidores da Igreja Católica da Paraíba, que enfrenta crise interna após denúncias envolvendo o arcebispo, entre as quais em apuração pelo Núncio do Brasil. Dom Aldo Pagotto tem evitado falar publicamente sobre o tema. Nos bastidores, diz ser vítima de uma orquestração para desestabilizar sua liderança na Igreja paraibana. Do Maispb
A DENÚNCIA QUE DEU ORIGEM
Arcebispo da Paraíba está proibido de ordenar padres e diáconos e de receber novos seminaristas até que o Vaticano finalize investigações em curso. Do Jornal da Paraíba
VALÉRIA SINÉSIO
Pode celebrar missa e casamento, mas não pode ordenar padres e diáconos. É com essa limitação que o arcebispo dom Aldo Pagotto continua à frente da Arquidiocese da Paraíba, onde chegou no ano de 2004. Quem revela essa restrição é um grupo de padres, que pediu o anonimato para esmiuçar o que acontece nos bastidores da Igreja Católica na Paraíba. Dom Aldo estaria proibido de ordenar presbíteros e diáconos, desde o início deste ano, por determinação do Vaticano.
A crise no clero da Paraíba não se instalou da noite para o dia. Segundo um padre que não quis se identificar, a insatisfação com o arcebispo foi crescendo ao longo dos anos. O ápice se deu em 2013, quando ocorreu uma visita canônica, ocasião na qual um representante do Vaticano veio a João Pessoa com a missão de ouvir os religiosos sobre a realidade vivida na Arquidiocese da Paraíba. Ao todo, 26 padres prestaram depoimentos contrários à conduta de Pagotto.
A visita canônica ou visita apostólica é uma iniciativa da Santa Sé, que prevê o envio de um representante – visitador apostólico – para avaliar um instituto eclesiástico, como uma diocese. No caso da Paraíba, o visitador apostólico foi o então arcebispo de Garanhuns (PE), dom Fernando Guimarães, hoje arcebispo da Diocese Militar em Brasília.
Um relatório foi feito e se transformou em um processo que tramita na alta cúpula da Igreja. No início deste ano, segundo o grupo de padres, dom Aldo foi a Roma prestar esclarecimentos sobre as investigações envolvendo seu nome. A expectativa, de acordo com o grupo que conversou com o JORNAL DA PARAÍBA, é de que o Vaticano emita um parecer sobre a situação até novembro próximo, que pode ser, inclusive, a saída de dom Aldo.
A reportagem procurou a Nunciatura Apostólica, em Brasília, onde foi dito que o órgão não presta informações sobre nenhum processo, independentemente de sua natureza. A Nunciatura, que representa o Vaticano no Brasil, recomendou procurar a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que, por sua vez, não enviou resposta ao que foi solicitado.
As reclamações são muitas, mas o pedido dos religiosos é claro: eles querem a saída do arcebispo. A principal queixa contra Pagotto é a falta de diálogo e a tomada de decisões de forma unilateral. “Ele não ouve ninguém, não consulta quem deve ser consultado. É um bispo que se considera dono da Igreja”, reclama um dos padres. Nem mesmo o Conselho Presbiteral participaria das decisões do arcebispo, segundo o grupo.
Suspenso de ordenar, dom Aldo tenta se defender do que classifica de ‘denúncias infundadas’. A Arquidiocese da Paraíba rebate a informação e diz que isso não existe. Contudo, revela que não há previsão de nova ordenação. A decisão de ordenar presbíteros e diáconos é exclusiva do bispo, segundo os regulamentos da Igreja Católica. Em outras palavras: é o bispo quem decide quando deve ordenar novos padres e diáconos, quando achar que eles estão prontos para isso, sem ter que se alongar nas explicações. A arquidiocese pede provas em relação às denúncias.
Procurado pela reportagem para dar sua versão, o arcebispo limitou-se a dizer a seguinte frase:”Isso de novo? É tudo calúnia”. Depois disso, todas as respostas foram dadas pela assessoria de imprensa da Arquidiocese da Paraíba.

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