A Procuradoria do Trabalho na Paraíba está colhendo depoimentos de
pessoas intimadas em processo que investiga denúncias de exploração
sexual de crianças e adolescentes em João Pessoa, supostamente
praticados com a “conivência do Arcebispo da Paraíba”, dom Aldo Pagotto.
O processo corre em segredo de Justiça. Durante todo o mês de novembro,
padres, religiosos e testemunhas estão sendo convocadas pelo procurador
Eduardo Varandas. Investigação do MPT aumenta clima de tensão nos
bastidores da Igreja na PB
A investigação tornou ainda mais tenso o clima nos bastidores da
Igreja Católica da Paraíba, que enfrenta crise interna após denúncias
envolvendo o arcebispo, entre as quais em apuração pelo Núncio do
Brasil. Dom Aldo Pagotto tem evitado falar publicamente sobre o tema.
Nos bastidores, diz ser vítima de uma orquestração para desestabilizar
sua liderança na Igreja paraibana. Do Maispb
A DENÚNCIA QUE DEU ORIGEM
Arcebispo da Paraíba está proibido de ordenar padres e diáconos e de receber novos seminaristas até que o Vaticano finalize investigações em curso. Do Jornal da Paraíba
A DENÚNCIA QUE DEU ORIGEM
Arcebispo da Paraíba está proibido de ordenar padres e diáconos e de receber novos seminaristas até que o Vaticano finalize investigações em curso. Do Jornal da Paraíba
VALÉRIA SINÉSIO
Pode celebrar missa e casamento, mas não pode ordenar padres e
diáconos. É com essa limitação que o arcebispo dom Aldo Pagotto continua
à frente da Arquidiocese da Paraíba, onde chegou no ano de 2004. Quem
revela essa restrição é um grupo de padres, que pediu o anonimato para
esmiuçar o que acontece nos bastidores da Igreja Católica na Paraíba.
Dom Aldo estaria proibido de ordenar presbíteros e diáconos, desde o
início deste ano, por determinação do Vaticano.
A crise no clero da Paraíba não se instalou da noite para o dia.
Segundo um padre que não quis se identificar, a insatisfação com o
arcebispo foi crescendo ao longo dos anos. O ápice se deu em 2013,
quando ocorreu uma visita canônica, ocasião na qual um representante do
Vaticano veio a João Pessoa com a missão de ouvir os religiosos sobre a
realidade vivida na Arquidiocese da Paraíba. Ao todo, 26 padres
prestaram depoimentos contrários à conduta de Pagotto.
A visita canônica ou visita apostólica é uma iniciativa da Santa Sé,
que prevê o envio de um representante – visitador apostólico – para
avaliar um instituto eclesiástico, como uma diocese. No caso da Paraíba,
o visitador apostólico foi o então arcebispo de Garanhuns (PE), dom
Fernando Guimarães, hoje arcebispo da Diocese Militar em Brasília.
Um relatório foi feito e se transformou em um processo que tramita na
alta cúpula da Igreja. No início deste ano, segundo o grupo de padres,
dom Aldo foi a Roma prestar esclarecimentos sobre as investigações
envolvendo seu nome. A expectativa, de acordo com o grupo que conversou
com o JORNAL DA PARAÍBA, é de que o Vaticano emita um parecer sobre a
situação até novembro próximo, que pode ser, inclusive, a saída de dom
Aldo.
A reportagem procurou a Nunciatura Apostólica, em Brasília, onde foi
dito que o órgão não presta informações sobre nenhum processo,
independentemente de sua natureza. A Nunciatura, que representa o
Vaticano no Brasil, recomendou procurar a Confederação Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB), que, por sua vez, não enviou resposta ao que
foi solicitado.
As reclamações são muitas, mas o pedido dos religiosos é claro: eles
querem a saída do arcebispo. A principal queixa contra Pagotto é a falta
de diálogo e a tomada de decisões de forma unilateral. “Ele não ouve
ninguém, não consulta quem deve ser consultado. É um bispo que se
considera dono da Igreja”, reclama um dos padres. Nem mesmo o Conselho
Presbiteral participaria das decisões do arcebispo, segundo o grupo.
Suspenso de ordenar, dom Aldo tenta se defender do que classifica de
‘denúncias infundadas’. A Arquidiocese da Paraíba rebate a informação e
diz que isso não existe. Contudo, revela que não há previsão de nova
ordenação. A decisão de ordenar presbíteros e diáconos é exclusiva do
bispo, segundo os regulamentos da Igreja Católica. Em outras palavras: é
o bispo quem decide quando deve ordenar novos padres e diáconos, quando
achar que eles estão prontos para isso, sem ter que se alongar nas
explicações. A arquidiocese pede provas em relação às denúncias.
Procurado pela reportagem para dar sua versão, o arcebispo limitou-se
a dizer a seguinte frase:”Isso de novo? É tudo calúnia”. Depois disso,
todas as respostas foram dadas pela assessoria de imprensa da
Arquidiocese da Paraíba.
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